Antonio encarava-me, parado do outro lado do nosso quarto. Apesar de querer parecer controlado, os seus gestos e vez ou outra a sua feição deixavam à vista que estava abalado pelas coisas que eu lhe dissera e pela noticia que seria pai.
Eu havia tomado um comprimido para ansiedade e estava mais calma, deitada sobre a nossa cama. Ainda não me sentia pronta para a conversa que tarde ou cedo teríamos, mas sentia-me decidida e firme com o plano do aborto.
__Como se sente?__ Antonio inquiriu, acabando com o silêncio que se instalara a quase meia hora.
__Eu estou-me sentindo muito melhor. Obrigada.
A minha voz parece presa a garganta, tenho dificuldade em pronunciar as palavras.
__Não vai voltar ao trabalho?
Eu sou uma covarde, não estou pronta para enfrentá-lo agora e ouvir os seus insultos. Porque eu sei que virão, ele é ótimo em humilhar-me.
__Nós temos uma conversa pendente, de nada adiantará eu voltar ao trabalho quando tenho um assunto impor