O DIÁRIO EM BRANCO DA DUQUESA ALICE

Na manhã seguinte não se falava em outra coisa no castelo, a não ser sore a prisão de Dorothy, todos estavam sem entender.

― Coitada da moça, porque o duque fez isso, será que ele não está bem? ― disse um criado consternado.

Foi de cortar o coração ver a senhorita Denzel sendo arrastada para a torre! ―  disse Christine.

― Pobrezinha, dava para escutar ela chorando lá na torre, chorou até cansar! ― disse o senhor Culbert o cocheiro.

Não demorou para Violet se manifestar:

― Gostaria de ter visto ela sendo arrastada, penso que ela mereceu.

― Fala isso porque está com ciúmes do duque, acha que vai ter a mesma sorte da condessa Vog que mesmo sendo criada se casou com um nobre, o duque nunca vai te olhar! - disse o senhor Culbert.

Violet abriu a boca para retrucar, quando a Sra. Carter interrompeu:

― Ninguém tem mais nada para fazer? Vamos o tempo não espera.

― Christine, venha comigo. Vou levar algumas coisas até a senhorita Dorothy, me ajude a levar essa cesta. ― disse a senhora Carter.

As duas estavam indo em direção à torre quando Lily começou a gritar: - Me espere senhora Carter, vou junto visitar a senhorita Dorothy!

A senhora Carter a repreendeu:

― Seu pai não vai gostar nada disso.

― Meu pai está ficando doido, acho que bateu com a cabeça na guerra, como ele pode prendê-la se a ama! - respondeu Lily.

A senhora Carter concordou em tom de lamento.

― Também não sabemos o que aconteceu, querida!

Ao chegarem até a entrada da torre, os guardas não queriam deixar a senhora Carter, Christine e Lily passarem. Senhora Carter ficou discutindo por alguns minutos até que tirou o sapato e começou a dar sapatadas na cabeça dos guardas da torre.

― Quando eu digo que quero passar, é melhor me deixarem passar, e não vou pedir de novo!

Os guardas se entreolharam e disseram:

― Cinco minutos.

― Ficarei quantos minutos eu achar necessário!

Passaram as três de cabeça erguida e Lily mostrando a língua para os guardas.

No momento em que Dorothy viu a Sra. Carter desabou a chorar, ela representava uma figura materna com os cuidados e proteção que a governanta dispensava para com todos à sua volta. Por esse motivo os guardas agiram de uma maneira passiva com relação às sapatadas. A senhora Carter pegou em suas mãos pela grade.

― Se acalme querida, vai acabar tudo bem, estou procurando seu colar, mas não encontrei, coloquei todos os criados para procurar, assim que eles o encontrarem entrego em suas mãos, não se preocupe eu escondi a sua sacola de remédios, ninguém sabe.

― Mas como a senhora sabe do colar? ― perguntou Dorothy intrigada com a naturalidade que a senhora Carter mencionou tais itens.

― É uma longa história, agora coma antes que esses trogloditas apareçam e eu precise tirar meu sapato novamente.

 Lily e Christine sorriram ao lembrar das sapatadas.

Dorothy comeu, mas parecia que não sentia gosto, na verdade ela não sentia vontade alguma de comer, só comeu para não fazer desfeita para senhora Carter.

― Fico aliviada que vocês vieram, estou me sentindo tão assustada e sozinha.

― Minha filha, se eu bem conheço o duque, ele logo vai cair em si e a libertará dessa cela, ele tem aquele jeitão todo, mas tem um coração de ouro, às vezes tem uns rompantes, mas acredito que é isso que faz dele o homem de guerras que é, a senhorita não tem ideia de quantas vezes ele teve que empunhar uma arma contra seus inimigos, seus trinta e oito anos de vida a maioria foram no campo de batalha. E os rebeldes estão causando um estrago muito grande por onde eles passam, queimando vilas, destruindo plantações e estuprando mulheres, os dias têm sido terríveis.

― Mas eu não sou uma rebelde, juro!

― Eu sei minha querida, mas ele não tem ideia de quem é a senhorita, dê tempo ao tempo, tudo vai se resolver.

― Eu sei que papai te ama.

― Bela forma de demonstrar Lily, me jogando nessa cela.

― Perdoe-o, por favor, ele não está bem, eu quero muito que a senhorita seja minha nova mãe, vou rezar bastante até papai te tirar daí, eu te amo senhorita Dorothy.

Lily abraçou Dorothy pelas grades e chorou, pois não queria perder aquela que pensou que seria sua nova mãe.

― Perdoa ele, por favor. Eu trouxe uns livros para senhorita ler, ajudam a passar o tempo eram de minha mãezinha, ela não vai se importar de eu te emprestar, e trouxe um diário em branco para senhorita escrever era de minha mãe, mas não deu tempo dela começa-lo, ela dizia que quando escrevia ajudava quando estava triste, e quando acontecia algo bom, ela sempre relembrava lendo o diário, acho que vai te ajudar. Trouxe minha manta para te aquecer.

― Não tenho palavras para te agradecer, muito obrigada meu amor!

Christine, pegou na mão de Dorothy e disse:

― Vou rezar para a senhorita sair logo daqui. Fique bem.

― Obrigada.

― Mais tarde vou m****r seu almoço. Tchau querida, agora precisamos encontrar o seu colar.

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