AS COLETORAS
AS COLETORAS
Por: Renata Ávila
Lily e as almas

Lily despertou assim que anoiteceu, levantou, se espreguiçou e caminhou até a varanda de seu apartamento de um quarto. A cidade acendia as luzes, os postes ainda iluminavam fracos, em desleal concorrência com o pôr do sol. Era como se a noite quisesse protelar sua chegada, gostava dessa luminosidade obscura, quando o sol começa a desaparecer e a noite desponta lentamente. Olhou para o movimento nas ruas, todos apressados, correndo sem saber porquê. Sequer imaginavam que seres como ela estavam por perto, à espreita, esperando sua chance de roubar aquilo que os humanos tinham de mais precioso, e óbvio, aquilo de que menos cuidavam em suas vidas. Fumou um cigarro tranquilamente enquanto seu corpo acordava de verdade, mas precisava se apressar, essa não era uma noite como outra qualquer.

Deveria se alimentar antes do encontro com Mamom, ele não gostava de vê-las desatentas pela fome. As roupas que usava normalmente para trabalhar - jeans e camisetas - não serviriam para a “ocasião”, deveria se vestir à altura daquele Senhor dos pactos. Abriu o closet e caminhou até o fundo do corredor estreito de roupas penduradas em cabides velhos. Ao lado do espelho grande e oval, quase escondidas, ficavam suas roupas especiais, corpetes e calças de couro. Havia também vestidos de festa, justos e decotados, mas não eram para essa noite, essa noite deveria se vestir como uma coletora de almas, então seriam a calça e o corpete. 

Arrumou o cordão  - composto por um tridente, simbolizando sua servidão a Lúcifer, e uma estrela negra bem ao centro, o símbolo de Mamom - para que ficasse entre os seios, colocou as pulseiras de ouro branco incrustado de diamantes, que ele havia lhe dado, já há muito tempo, quando ela ainda acreditava ser especial para ele. Quando ainda era uma demoniazinha mestiça, ignorante e maltratada por todos os demônios, por não ter o sangue puro como o deles. Quando pensava que somente Mamom a compreendia e cuidaria dela. 

Sorriu irônica, se soubesse que aquilo seria o mais abusivo dos relacionamentos, não teria dito sim a proposta dele, para que vivessem juntos, com a promessa de que se tornaria a "maior coletora de todos os tempos”. Mas apesar de relacionamentos assim existirem desde o início dos tempos, a expressão “relacionamento abusivo”, assim como seu conceito, não existiam há 800 anos atrás. 

Fez questão de colocar também os brincos que sua mãe lhe deu, eram a única coisa que tinha dela, e sabia que ele a detestava. Soaria como uma ofensa na medida certa, apenas uma “herança de família”. 

Tinha os cabelos longos e negros, caindo em ondas por suas costas, normalmente eles ficavam presos firmemente em um coque, mas essa noite fez tudo para que brilhassem ainda mais e prendeu a lateral direita, deixando à mostra a marca do tridente e da estrela negra em seu pescoço, igual ao cordão que demonstrava sua servidao, (mas isso qualquer adorador tinha, a marca, por outro lado, a identificava como uma das coletoras de almas). Os cabelos soltos também serviam para esconder uma outra marca, a meia lua com uma cruz,  - escura como quando foi feita, há mais de 950 anos atrás - logo abaixo da nuca, ainda irritava o chefe, pois mostrava a todos quem ela era, ou neste caso, quem era sua mãe. 

Tudo isso não era atoa, caprichou para o impressionar, até mesmo a dose certa de desobediência com os brincos que, afinal, combinavam com seus olhos, como ele mesmo costumava dizer. Queria a missão mais importante de todas, precisava dela. E não estava exatamente nas graças de seu chefe ultimamente. 

Olhou as tatuagens no espelho e sentiu seu poder, era bom ter aquelas almas dentro dela, e eram muitas almas, representadas por tatuagens em todo o seu corpo, rostos, símbolos e desenhos, estranhos para quem não sabia do que se tratavam. Provavelmente ele pediria algumas - ou todas - para ela essa noite, e então os desenhos seriam substituídos por círculos pretos grandes, vazados como auréolas. Ela as tinha aos montes, era a melhor das coletoras, por seu próprio mérito, e não por promessas de Mamom. 

As outras demônias reconheciam isso, e ele também, apesar de não elogiar demais, dizia que era para que ela não se tornasse soberba com suas conquistas! 

Tirou os pensamentos da cabeça, deveria demonstrar respeito essa noite, ele conhecia suas expressões, se notasse a raiva ela perderia sua chance. Saiu de casa e subiu em sua moto, uma Harley vintage preta, sua bebê, como gostava de brincar com as meninas, dizendo que seria a única filha que teria em sua vida. Colocou o capacete apenas para não ter problemas com policiais, morava no centro da cidade, onde sempre tinham muitos homens de uniforme patrulhando as ruas. 

Encontrou sua vítima em pouco tempo, parou a moto em uma rua movimentada e desceu, indo até o beco. Sorriu para o pobre viciado que lhe daria seu coração. Preferia quando eram bandidos mesmo, mas essa noite tinha pressa, e viciados eram mais fáceis, por motivos óbvios. 

Se aproximou ainda sorrindo, respirou fundo, cheiro de urina por causa do local, mas até que o humano estava bem limpinho, roupas novas inclusive. Provavelmente um filhinho de papai que tomou o rumo errado na vida. Piscou um olho para ele, que apenas levantou e sorriu abrindo a camisa para facilitar seu acesso, normalmente não os hipnotizava, preferia o gosto do medo, assim como o da maldade, mas era mais simples quando não precisava usar a força. 

Apagou-o e enfiou a mão no peito magro e pálido, as unhas longas e finas nas pontas rasgaram a carne com facilidade, voltando com o coração quente. Devorou rapidamente, lambeu os dedos sorrindo, este não era um dependente químico qualquer, sentiu aquele saboroso tempero que apenas os agressores possuíam. Bom, muito bom…

Retirou um vidrinho pequeno do bolso interno da jaqueta e largou o líquido ritual sobre o corpo, apenas algumas gotas, fazendo um sinal com os dedos pouco antes de se virar e alcançar a rua ainda cheia de apressados humanos voltando para casa. O corpo incendiou em segundos, quando a polícia chegasse seria apenas mais um indigente viciado que se deu mal. 

Foi, finalmente, em direção a mansão isolada e com cara de castelo medieval. Os portões se abriram para ela, acenou com a cabeça para os seguranças, também demônios, e seguiu pelo caminho arborizado e tranquilo que terminava, graciosamente, em frente a residência de Mamom. 

Desceu e ajeitou os cabelos bagunçados pelo capacete, deixando a moto em frente a porta mesmo, chegou pouco antes do horário marcado para o encontro, as reuniões eram sempre meia noite. Entrou cumprimentando os demônios e demônias que faziam os serviços de casa e segurança para ele, e foi direto para o subsolo. A primeira a chegar, o que era muito bom. Ele era antiquado quanto aos horários. 

Sentou na cadeira confortável de encosto alto e aceitou a bebida que o jovem e lindo demônio lhe alcançava, sorriu piscando um olho para ele. O demônio baixou os olhos e mordeu o lábio, tinha olhos azuis e a pele branca translúcida, usava um colete de couro justo e uma calça ainda mais justa. Mamom também gostava de meninos bonitos perto dele, e não era ciumento com eles. 

-Qual seu nome garoto? - Ela segurou o copo mas não bebeu, o encarou por cima da borda, não fazia jogos, se um homem ou mulher de qualquer tipo a agradava ela simplesmente dizia o que queria.

-Damian, e o seu é Lily, acertei? - Ele se aproximou novamente andando devagar, como se desfilasse, seria uma honra ser escolhido pela melhor coletora de seu senhor. Seus movimentos eram pensados para agradar, ele era um especialista, por isso servia a Mamom.

-Damian… Gostei do seu nome, talvez você possa me falar sobre como veio parar aqui, mais tarde…

-Eu adoraria…

-Ele é uma coisa mesmo menina! - Zara, outra das coletoras, chegou fazendo barulho como sempre. Uma demônia forte e competente, que não fazia questão de ser discreta em nenhum momento de sua vida. Tinha os cabelos na altura das orelhas, pintados de laranja, olhos castanhos claros, era alta, assim como sua voz grossa que saia em rompantes, fosse para fazer uma confidência ou soltar uma de suas gargalhadas sonoras. Sentou ao lado de Lily e encarou o demônio. - O mesmo pra mim bonitinho! Só que mais forte… - Piscou um olho e deu um tapinha na bunda dele quando se virou, Lily soltou uma gargalhada, ela segurou o colar igual ao de Lily em um movimento de vai e vem, e encarou a tapeçaria atrás da cadeira ainda maior que ficava na cabeceira da grande mesa triangular. - Se eu não tivesse visto pessoalmente, diria que toda essa coisa de grandes casas, grandes cadeiras, e grandes tapeçarias com seus feitos milenares, eram pra compensar. - Lily soltou outra gargalhada, quase se afogando com a bebida, e ela riu também da própria piada. - Preparada pra pegar a alma do Papa docinho? 

-Eu não fui chamada para isso.

-Não foi ainda Lily! Claro que vai ser você, quem mais seria?

-Eu é claro! - Abby, com seus olhos cor de violeta, sua pele retinta e seu corpo esguio e bonito se aproximou e deu um selinho em Lily. - Também estou no páreo meu bem.

-Que ele escolha aquela que melhor fizer o trabalho irmã. - Lily sorriu levantando o copo, não tinha inimizades com suas colegas, e com Abby na verdade tinha um pouco mais do que uma amizade. 

-Arrumem um quarto meninas! - Empuza entrou com seu andar duro e seus ombros largos como uma parede, tinha os cabelos muito curtos, a pele branca e lisa, falava com a voz tranquila e aveludada, e o melhor, conseguia derrubar cem homens com uma mão nas costas. - E não briguem pela missão, ela será minha! - Riu debochada e sentou em frente a elas.

Nahema entrou em silêncio, como sempre. Era a mais bonita delas, e a mais sedutora também. Tinha os cabelos crespos, curtos e cheios, negra, a pele um pouco mais clara do que a de Abby, e olhos amarelos, era uma forte concorrente para a missão que seria definida essa noite. 

-Senhoras… - Sorriu piscando um olho depois de sentar ao lado de Empuza.

-Você tá ainda mais linda hoje, como é possível? - Lily sorriu a encarando por um tempo. Já havia tentado de tudo, mas Nahema nunca lhe dava uma chance, verdade seja dita, não dava chance a ninguém, e muitos tentavam.

-Você também Lily. Gostei dos brincos…

-Foram presentes da mãe dela, Lilith. São muito bonitos realmente - Mamom entrou lentamente e colocou as mãos nos ombros de Lily sorrindo ao se aproximar de seu pescoço e o beijar, exatamente sobre a marca das coletoras. 

Era involuntário o arrepio que isso provocava nela. Memórias de um tempo em que o simples fato dele estar na mesma sala que ela a fazia arrepiar. Todas levantaram e baixaram o corpo em uma reverência, ele sorriu e fez sinal para que sentassem, sentando também, logo em seguida.

-Boa noite senhoras, fico feliz por terem conseguido chegar cedo. - Sorriu e seus dentes brancos e grandes, lindos atrás dos lábios grossos, apareceram. Tinha olhos negros penetrantes, mãos grandes e braços fortes, era alto, pouco mais de dois metros de altura, e sua presença irradiava poder. O maxilar muito marcado e os cabelos negros e longos o faziam mais poderoso ainda, e um pouco assustador também. - E devo dizer, que seu trabalho tem me deixado muito satisfeito. Por isso irei diretamente ao que interessa, seu desempenho impecável me dá o prazer de não me alongar com sermões nesta reunião.

Ele estava de bom humor, isso era bom. Normalmente seus cumprimentos eram bem menos efusivos do que foram essa noite.

-A missão senhoras, é de suma importância, por isso quero que combinem esforços para auxiliar Nahema, minha escolhida para essa coleta, a desempenhar suas funções o melhor possível.

Nahema sorriu abaixando a cabeça, feliz e subordinada como ele gostava. Lily o encarou cerrando os dentes, sabia que era a melhor ali, e que ele não a havia escolhido apenas porque estava bravo com seu comportamento das últimas semanas. Tinha respondido para ele, o enfrentara, e isso era quase imperdoável, apesar de não ser a primeira vez que o fazia. Ele não a destruiu porque sabia que era uma boa coletora. E também porque se vingaria no momento propício, não a escolher era parte da vingança, mas ainda não o suficiente para ele.

-É uma honra senhor, muito obrigada. - Nahema se aproximou e segurou sua mão a levando aos lábios e sorrindo de forma sedutora. 

-Vocês receberão as instruções detalhadas muito em breve, mas adianto que não será um trabalho simples, entrar na casa “deles” e convencer um de seus líderes é difícil. É também arriscado, mas confio em vocês para o trabalho, todas com exceção de Lily devem participar da coleta, mas a liderança será sua Nahema.

-Senhor? - Lily o encarou chocada. - Eu não irei nessa missão?

-Tenho outros planos para você Lily, não se preocupe, não a estou punindo. Sou seu senhor, sei o que faço. - Havia apenas um leve tom de repreensão ali, ele não gostava de ser questionado em suas decisões.

-É claro senhor. - Baixou a cabeça, mas seus olhos pareciam pegar fogo, cravados aos dele.

Mamom sorriu satisfeito com a raiva dela, adorava irritá-la, e passou mais algumas instruções para as outras, deveriam focar integralmente no alvo, e esquecer as demais coletas até que tudo estivesse resolvido. Encerrou a reunião e pediu que Lily ficasse um pouco mais, ela aguardou que todas saíssem, sentada no mesmo lugar, bebendo tranquilamente. Quando a sala estava vazia, a não ser por Mamom e ela, acendeu um cigarro e o olhou sorrindo, mas apenas com os lábios.

-Acho que fui uma menina má, e estou de castigo, não é mesmo?

-Você é uma menina má, por isso trabalha para mim. - Riu e se levantou caminhando lentamente até ela, se escorou na mesa e segurou seu rosto com uma mão, aproximando os lábios dos dela. - Sabe Lily, de todas as coletoras, atuais e antigas, você é a única que me desafia. Somente você me provoca e me dá este olhar, me desobedece… 

A beijou e ela retribuiu, o fez porque não conseguiria dizer não para ele mesmo que quisesse, e não queria. Quando ele se afastou, depois do beijo demorado, sorriu e segurou sua mão a puxando.

-Você quer as almas? - Parou e ele se virou surpreso para a encarar. - O que? Você acha que vai me recompensar pela humilhação de me excluir dessa missão com uma noite?

-Não, eu acho que você me quer, e que seu ódio a deixa ainda mais quente, você sempre foi assim. - A beijou novamente encostando o corpo ao dela, segurando sua nuca e sua cintura ao mesmo tempo, com força, como sempre fazia. - Apenas diga que sim, depois eu prometo que conversamos, tenho algo ainda melhor do que essa missão para você.

Ela o olhou séria, deu de ombros e pulou na cintura dele, o odiava com todas as forças, mas admitia que ninguém era tão espetacular na cama quanto ele, e já fazia um tempo.

Saiu de cima dele, sorriu e segurou seu rosto com força, era agressiva na cama, e gostava da agressividade de seu parceiro também. Isso deixava Mamom maluco, porque ele poderia ser exatamente o que era com ela. Estavam no grande quarto dele, sobre a cama com dossel preto e lençóis da mesma cor. 

Lily acendeu um cigarro e levantou indo pegar a adaga ritual para que pegasse as almas. Ele arrancou a arma de sua mão, a atirou em cima da cama, segurando seus braços firmemente com uma das mãos sobre a cabeça, encostou a adaga em seu pescoço sorrindo maldoso. Ela ficou séria, passou as pernas em volta dele e levantou o quadril, quando ele foi lhe dar um beijo ela o mordeu, ele rosnou e fez tudo com ainda mais força do que antes. A adaga se perdeu sobre a cama, e apenas depois de algumas horas ela a pegou novamente o olhando debochada.

-Você vai querer ou não?

-Hoje não, amanhã você me entrega quando acordarmos.

-Acordarmos? Juntos? - Riu sem entender.

-E seria a primeira vez por acaso Lil? 

-Seria a primeira vez em algumas centenas de anos, e não sei se quero…

-Nossa conversa pode demorar, e talvez nós possamos encerrar a noite juntos. Você já se alimentou?

-É claro, antes de vir para cá. - Ele estava gentil demais, isso era perigoso, o olhou desconfiada. 

Mamom sentou na cama e a olhou sério, seus olhos negros penetrando nos dela, parecia surpreso, talvez desconfiado.

-Você não confia mais em mim Lil, por que?

-É claro que confio, mas prefiro quando você não finge bondade para mim. Eu não preciso da doçura Mamom, você sabe disso.

-Eu sei, por isso você é a minha escolhida para essa missão. - Sorriu, e fez uma pausa segurando a adaga com a ponta dos dedos. - Essas almas, eu gosto delas, me fazem forte e me trazem prazer. Mas eu posso ter mais do que o que vocês conseguem coletar, seria mais poderoso se as tivesse. Alcançaria um lugar de destaque entre os demônios, poderia comandar algumas legiões, mostrar para eles do que sou capaz, você sabe, eles não são muito cordiais comigo.

-Vai aumentar o número de coletoras? - Acendeu outro cigarro e o olhou atentamente.

-Não… Isso seria pouco para meus planos. Vou ao inferno muito em breve, e quero que você vá comigo Lily, que me acompanhe. E então, depois do que tenho para resolver com Ele, você e eu vamos roubar algumas almas dos Duques, seremos fortes, e respeitados como devemos.

-Você quer dizer, será forte e respeitado. Eu sou apenas a coletora.

-Não! Você será minha companheira para sempre, será a chefe das coletoras, e terá mais poder quando puder degustar essas almas, quando as tiver por inteiro. Imagine só, você já fica forte quando apenas as carrega, se as absorver de fato, será a mais forte das filhas de Lillith, será a mais forte de sua espécie.

Lily não respondeu, o encarou sem expressão, seria bom ter mais poder. Mas isso o faria mais forte também, era difícil imaginar que não se tornaria pior do que é se fosse mais forte. Também, não queria ser a ''companheira" dele, isso era certo como o pôr do sol. Era dominador, violento quando não devia. Gostava da violência na cama, porque também podia liberar seus instintos, mas passar a eternidade com ele era diferente. Não seria apenas sexo bom e selvagem, seria uma existência lidando com arroubos de um homem que exigia obediencia, e obedecer ao seu chefe é uma coisa, você está trabalhando, é a vida, mas ao seu marido é bem diferente.

-Você duvida que lhe darei o poder? Ou é em nossa capacidade para executar a missão que não acredita? - A encarou segurando seu rosto com as duas mãos e a beijando novamente.

-Não duvido que me dará algum poder, mais do que tenho agora ao menos. E também não desconfio que conseguiremos. Os Lordes e Duques são acomodados ao poder que tem, jamais esperariam um roubo como esse. - Se afastou dele e escorou as costas na cabeceira da cama cobrindo o corpo com os lençóis macios.

-Mas?

-Porque eu devo ser sua esposa? Podemos ser parceiros, eu comando suas legiões…

-Não! Você e eu devemos nos casar, e você deve conceber nosso filho. O herdeiro de duas linhagens importantes, e o devorador de almas predestinado a reinar na Terra!

-Não! - Ela levantou e andou pelo quarto. Então era por isso a doçura, era por isso que queria dividir as almas com ela. - Eu não serei parte dessa profecia nem em mil anos Mamom!

-E por que não Lily? Há algo mais importante que você queira fazer!? 

Ele estava perdendo a paciência, até que demorou bastante. Levantou e foi até ela segurando seu rosto com força.

-Exatamente por isso! - puxou a mão dele com um tranco e o empurrou. - Você não pode ter uma mulher, você me ameaçaria a qualquer movimento errado que desse. Eu diria sim, se você tivesse feito essa proposta quando nos conhecemos, antes de eu saber quem você realmente era. Mas agora, depois de tudo o que eu sei, e vi? Não Mamom, você não pode me obrigar, pode me matar, me prender e me torturar. Nada vai me convencer a aceitar isso.

-Eu jamais faria mal a você! Pensei que não se importava com meus arroubos, afinal você sempre gostou da forma como tudo terminava. - Sorriu por um momento. - Vamos Lil, apenas você poderá fazer isso dar certo. Você e eu podemos dominar toda a terra, e finalmente seremos respeitados como os seres poderosos que de fato somos!

-Eu preciso pensar. Vou embora depois que você pegar as almas. - Foi até a cama e segurou a adaga sobre o peito, impaciente. - Por favor, me deixa pensar.

Ele acenou e segurou a adaga, ela deitou o encarando. Mamom fez um corte circular no meio do peito, um buraco pequeno, era ágil, de forma que ela não sentia mais dor do que era necessário. Lhe deu um beijo rápido nos lábios e encostou a boca no ferimento, sugando com força as almas que estavam ali, ela gritou e segurou os cabelos dele, como se quisesse afastá-lo e ao mesmo tempo, puxá-lo ainda mais para perto. Sentia dor, e enfraquecia também, quando ele terminou ela sentiu a pele queimar e viu os círculos vazados aparecerem onde antes as tatuagens ficavam, estava com os cabelos brancos platinados, apesar de continuar com aparência jovem.

-Eu gosto do seu cabelo assim também. - Sorriu piscando um olho. - Descanse um pouco, pode dormir aqui, eu ficarei resolvendo alguns problemas com os empregados. 

Passou a mão em seu rosto e a cobriu, quanto mais almas ela carregava, mais forte ficava, mas também mais debilitada quando ele as tirava dela. 

Lily fechou os olhos e uma lágrima escorreu, mas apenas quando ele já não estava mais no quarto. Ele não descansaria até que a fizesse participar desse horror que planejava. Por mais que o poder fosse atrativo, ela não queria ter um filho, principalmente se este filho fosse o responsável por um futuro obscuro para aquele mundo. Lily não era boa, não se sentia mal matando ou coletando almas, mas sabia que deveria haver um equilíbrio, que os arroubos por poder de demônios poderiam destruir toda a humanidade. 

Sabia que isso causaria problemas com o pessoal do outro lado. Anjos atacariam, a Deusa faria algo com certeza, poderia até destruir os acordos entre o inferno e o céu, e toda a paz que tinham nos últimos séculos ruiria. Apenas porque Mamom precisava de poder… Não, isso não poderia acontecer. Mas como faria para negar? Ela era a primeira opção dele, provavelmente não seria a única. 

Poderia falar com Lúcifer, teria essa oportunidade, talvez ele entendesse. Não o conhecia mas sabia que ele não era um idiota como Mamom. Porém, também detestava insubordinados, exatamente o que ela seria se entregasse o chefe… Respirou fundo e sentou na cama, pegou um cigarro e acendeu fechando os olhos e sacudindo a cabeça. Machos e seus complexos de inferioridade! Todo o mundo se daria mal apenas por que um deles resolveu que queria ser mais poderoso! 

Quando estava um pouco mais forte, se vestiu e foi embora dali, pedindo aos infernos que ele desistisse, mesmo que isso fosse impossível. Quando metia uma ideia na cabeça, Mamom nunca voltava atrás.

Como uma demônia inferior, que não possuía uma posição de poder e não consumia almas, Lily precisava dormir, e fazia isso durante o dia, período em que estava mais fraca. Também precisava se alimentar com corações humanos, caso aceitasse a oferta de Mamom, isso não seria mais necessário. As almas a nutririam como nutriam a ele e tantos outros demônios. 

Naquele dia dormindo e recuperando as energias, ela sonhou com um mundo desolado por seu filho, raramente sonhava, mas desta vez sentia um medo real do futuro, de sua responsabilidade com ele, acordou e ficou deitada pensando sobre isso, até que a ideia lhe ocorreu como a mais simples das soluções, e também, a mais arriscada. Poderia encarar isso, não era dada a heroísmos, mas queria poupar o mundo de algo que o destruiria, porque seria a responsável por essa destruição é claro, e também porque gostava do mundo exatamente como era, não era bondosa ou misericordiosa, deixava isso com o pessoal da Deusa, mas também não era imbecil como Mamom. 

Se vestiu lentamente, um vestido justo até a cintura e pouco mais aberto na parte da saia, mas não era longo, caia muito bem em suas pernas fortes, era preto e a deixava ainda mais bonita, meia calça presa com cinta liga e sapato de salto, não era de seu gosto, mas não estava tentando ficar confortável, precisava agradar Mamom. Se enfeitou como de costume, ainda com os brincos da mãe, pegou seu carro e foi até a casa do chefe novamente. Estacionou e Damian abriu a porta do carro sorrindo, pegou sua mão e beijou como um perfeito cavalheiro. Ela revirou os olhos, era cada um…

-Ontem a procurei em seu quarto e você já havia saído. Uma pena realmente. 

-Eu não tenho um quarto aqui Damian, estava apenas visitando. - Não estava com paciência para ele, outro dia poderia perder tempo com um demônio gostosinho, agora precisava salvar o mundo como conhecia. - Onde está o Senhor?

-Está em reunião com uma das coletoras, na biblioteca.

-Ótimo, eu sei o caminho obrigada. 

Subiu os três degraus largos da porta de entrada e foi até a sala grande e repleta de livros no final do corredor amplo, depois das salas de estar da mansão. Bateu e entrou antes que lhe respondessem, Nahema estava sentada em um sofá grande sorrindo para Mamom, Lily entrou e se aproximou encarando ele com os olhos faiscando. 

- Estou interrompendo?

-Você nunca interrompe nada Lily. - Ele a olhou surpreso, entendeu que se vestiu para ele, e que talvez tivesse mudado de ideia, ou quisesse negociar, já esperava isso. - Bem Nahema, você já tem todas as instruções, façam logo, eu precisarei dessa alma antes de minha viagem. E tenho pressa para fazê-la.

-É claro senhor, posso perguntar para onde pretende ir? - Se sentia segura, ganhou uma missão importante e ele estava sendo extremamente gentil desde a noite anterior. 

Lily apertou os lábios, ela ainda era nova nisso. E tinha um ar superior, como se fosse mais importante ou poderosa do que ele, não era absolutamente arrogância de Nahema, mas algo natural, e isso irritava bastante Mamom.

-Pode perguntar, mas não acho que lhe deva satisfações Nahema, vou coletar suas almas e depois que se recuperar faça o que mandei, não faça com que me arrependa de minha decisão. 

Levantou e pegou a adaga ritual de sobre a mesa grande de madeira maciça, andou até ela e abriu sua blusa com um movimento rápido, fez o corte e pegou as almas de forma mecânica, ela sentiu bastante dor, seus cabelos ficaram brancos e sem vida, foi pior dessa vez, ele deveria ter sido mais lento, para que o poder saísse sob controle de dentro dela.  

Quando terminou levantou e foi até a porta sem dizer nada mais para a fraca demônia estirada sobre o sofá. Olhou para Lily e esticou a mão sorrindo.

-Venha querida, precisamos retomar nossa conversa.

-Eu já vou, me dê uns minutos por favor. 

Sorriu e piscou um olho, depois que Mamom saiu ela revirou os olhos, ele realmente pensava que tratar Nahema mal a faria se sentir bem? Era um maldito desgraçado mesmo! O cúmulo do macho escroto, que acreditava que se dissesse a uma mulher que ela era “especial”, e “diferente das outras”, ela acreditaria. Acendeu um cigarro, ajeitou os cabelos da parceira e fechou sua blusa. 

- Vou pedir para alguém lhe trazer algo para se alimentar. 

-O que eu fiz? Por que eu sempre tenho que fazer bobagens Lily? - Parecia querer chorar, estava fraca e triste.

-Você não fez nada de errado, agora se acalma, descansa e vai pra casa. Amanhã eu passo lá pra falar com você, pode ser?

-Por que?

-Porque nós precisamos nos livrar do patriarcado, garota, e precisa ser logo. 

Beijou a testa dela e piscou um olho sorrindo. Saiu da biblioteca, encontrou Damian no caminho e mandou que levasse um coração mau e fresco até a biblioteca, depois foi até o quarto encontrar com Mamom.

-Você agora é enfermeira Lil? 

Ele sorria debochado, estava sem camisa e sapatos, sentado em uma poltrona confortável ao lado de um aparador com decorações bonitas, estátuas de corpos se entrelaçando e estrelas negras como as do pescoço de Lily. 

Ela sorriu e se aproximou dele, sentou sobre o aparador, o olhando fixamente.

-Você não precisava ter machucado ela, falou demais mas não foi por mal.

-Você precisa parar de ser piedosa Lily, não combina com você. - Escorou o queixo na mão e encostou as costas tranquilamente para trás, a olhando de cima a baixo. - Então, tem algo para me dizer?

-Você mudou de ideia? Ou ainda quer se tornar o demônio fodão das almas?

-Você sabe que não vou mudar de ideia, estava apenas adiando tudo até que você entendesse que também quer.

-Está aberto a negociações? - Acendeu um cigarro e o olhou sem expressão.

-Depende, o que você quer negociar? Eu não abro mão de nosso filho, e de nosso casamento é claro.

-Tudo bem, mas eu quero mais do que algumas almas, quero a metade delas, seremos iguais em poder. Você não mandará em mim, e nem eu em você é claro. Eu me reportarei a você quando estiver no comando de suas legiões, mas você não me ameaçará e não vai se intrometer em minhas decisões. Não me questionará na frente dos outros demônios, e me dará almas a partir de hoje, não a metade ainda, mas o suficiente para que eu não precise mais caçar humanos e comer seus corações.

-É muita coisa. - Ele a olhou apertando os olhos. - Eu não sei se aceito.

-Tudo bem, então arrume uma das minhas irmãs, tente convencê-las a aceitarem, acho que não será bem sucedido. Minha mãe as treinou muito bem, muito melhor do que a mim na verdade. 

-As filhas de Lillith não são as únicas que podem conceber.

-De fato, mas você vai arriscar que uma humana fraca carregue seu filho? Que morra e o perca ainda no primeiro mês de gestação? Ou que ela dê à luz um filho fraco? - Deu de ombros virando a cabeça de lado enquanto o olhava. - Se é assim que você quer agir, não posso lhe obrigar. - Respirou fundo e desceu do aparador indo em direção a porta.

Ele a pegou pelo braço a puxando com força e colocando sentada novamente, ela afastou as pernas e sorriu, ele estava no papo.

-Você Lil, é uma menina muito má… - Passou as mãos nas pernas dela subindo o vestido e apertando sua coxa. - Você tem muitas exigências, quer poder, independência, quer almas. - Beijou seu pescoço e falou baixo em seu ouvido mordendo sua orelha. - Você sabe que é especial e me provoca por que é minha preferida. Cuidado garota, eu posso me irritar com você.

Ela riu alto, agarrou os cabelos dele com força e o puxou para que olhasse para ela, afastando os lábios antes que a beijasse. Ele empurrou o corpo contra o dela e ela o encarou muito séria, era como se todo o mal do mundo pudesse viver naqueles olhos verdes, isso o fazia se sentir bem, olhar aqueles olhos. Tentou lhe beijar novamente, mas ela o afastou.

-Qual sua resposta? - Cheirou o pescoço dele e também falou em seu ouvido. - Você quer tudo e não quer me dar nada, não é? É melhor que me prenda nas masmorras então, eu também quero tudo ou não farei nada. - O olhou novamente nos olhos e escorregou dali, tentou sair mas ele não se moveu, estava sorrindo debochado. - O que? Vai me forçar?

-É claro que não, eu jamais faria isso. - Se afastou e deixou ela livre. - Você terá uma alma, até que tudo esteja resolvido e tenhamos as almas de um dos lordes. Depois disso dividimos igualmente a todas, você comanda as legiões, mas não seremos iguais Lily, eu tomo as decisões, não vou ameaçar você, e não vou m****r em você. Mas minha palavra deve ser a última, nem que seja para concordar com você. Quero ser consultado sobre todas as suas decisões, você também poderá me dar conselhos, teremos nosso filho e o criaremos conforme as leis de Lúcifer. E ele tomará a terra e será o representante Dele aqui. - Sentou novamente sorrindo, fez um gesto com as mãos e depois esticou uma delas para que ela apertasse. - Você aceita?

-Uma alma por dia, e sexo depois disso. - Sorriu segurando a mão dele e mordendo o lábio.

Ele atirou a cabeça para trás em uma gargalhada espontânea, era forte e má, e era quente essa sua futura esposa. Ficou feliz com o rumo das coisas, a puxou e fez com que sentasse em seu colo, esticou o braço longo pegando a adaga de cima do aparador e cortou o peito piscando um olho para ela, fazendo sinal para que pegasse sua alma da noite. 

Ela jamais havia absorvido de fato os poderes de uma alma, sentiu dor, como se tivesse fogo dentro dela, sua pele ficou vermelha e ela gritou fechando os olhos e perdendo os sentidos momentaneamente. 

-Não se preocupe, a primeira vez é sempre pior. - Ele a pegou no colo e a deitou na cama. Quando ia se afastar ela segurou seu braço sorrindo com os olhos vermelhos como fogo.

-Não foi isso que combinamos…

-Você já está bem? - Ele virou a cabeça de lado sorrindo. - É mais forte do que eu pensava afinal.

-Shhhhh, agora eu não quero mais conversar, quero o que combinamos. - Pulou em cima dele rindo e arrancou o restante de suas roupas. 

Ele era forte, e ela queria essa força enquanto estavam juntos, isso a fazia conhecer ele melhor, saber do que era capaz, conhecer suas fraquezas também, porque elas existiam. E claro, ela gostava. Raramente encontrava alguém que aguentasse sua fúria na cama, isso seria uma pena, depois que acabasse com ele perderia as noites selvagens. Provavelmente existia outre que fizesse o que ele fazia, apenas tinha que procurar melhor.

-Como vai ser? - Se afastou dele e levantou para pegar uma bebida.

-O que exatamente? - Ele a puxou novamente para perto dele, a beijou e correu as mãos imensas pelo corpo dela.

-O casamento, o roubo… Tudo o que faremos.

-Nos casaremos com a benção de Lúcifer, no Inferno. Depois que eu tiver algumas reuniões com ele, então roubaremos as almas. Você e eu sairemos de lá pela porta da frente, poderosos e abençoados por nosso Senhor. 

-Abençoados? Depois de roubar as almas de seus lordes?

-Lil, ele não se importa com o roubo, se importa em ter poder. Se vamos roubar as almas ou não, não faz diferença. E se conseguirmos, ele ficará orgulhoso por nossa astúcia. Além do fato de darmos a ele o próximo devorador, o maior deles, aquele que conseguirá subjugar a terra. 

-Ou talvez, ele seja mais um demônio chamado de mestiço… - Ela o olhou erguendo o queixo, mas parecia triste.

-Não, ele redimirá todos os mestiços, todos nós que somos párias diante dos reis do inferno. É nosso destino Lily, meu e seu. A filha da primeira mulher com um dos filhos mestiços do primeiro demônio. Melhor do que isso somente se o próprio Lúcifer a engravidasse. - Piscou para ela e sorriu divertido.

-O que? 

-Não se preocupe, você é filha daquela que o desprezou no passado, ele jamais misturaria seu sangue ao dele.

-Então eu posso ser punida de alguma forma por ele? Por causa da minha mãe e do ódio que ele sente por ela?

-Ele não costuma punir os filhos pelos pecados dos pais, ele mesmo tem uma mãe de quem não gosta, e não aprova as atitudes.

-Como ele é? Nosso Senhor?

-Ele é poderoso, evidentemente. É justo, me tem em alta conta, porque eu não me contentei em ser um demônio qualquer, não quis ir para nenhuma legião. Quis poder, deixei o inferno e conquistei meu lugar aqui. Ele é charmoso, sedutor, gosta de obediência, não tolera insubordinações e costuma ser muito sério nas tradições que criou. Quer dominar a terra, e vai gostar do que faremos. Pensa que os demônios devem deixar de ser acomodados, devem fazer o possível para aumentar seu poder, por isso não se importa com um demônio roubando as almas do outro, quer resultados. Não quer bondade e misericórdia, isso é coisa da mãe dele. - Sorriu arregalando os olhos. - E também gosta muito das humanas, vem a terra com frequência e mantém relacionamentos com elas, tem algumas filhas espalhadas por aí, são lindas as mestiças dele, e claro, mais respeitadas do que nós.

-Bem, tem umas humanas até que bem gostosas, não posso julgá-lo. E claro que as filhas dele seriam respeitadas, talvez minha mãe pudesse ter dito sim para ele, vai saber, minha vida seria diferente.

-Você não gosta da sua vida?

-Você gosta? - Piscou um olho para ele e sorriu. - Se gostasse não estaria querendo mais poder, por que eu seria diferente? - Ela deu de ombros e levantou, pegou as roupas e começou a vestir tranquilamente.

-O que você está fazendo?

-Indo… Por que?

-Não! A partir de agora você vive aqui Lily, é minha Senhora. 

-Não eu não sou, ao menos ainda. Tenho minha casa e meus compromissos, vou voltar para eles. Quando partimos?

-No momento em que elas retornarem com a alma, depois de amanhã na verdade… - Sentou na cama olhando desconfiado. - Não há motivos para que você vá, podemos ficar aqui pelo resto da noite. O que é tão importante que não pode esperar até amanhã?

Fez uma expressão de que não sabia, e o olhou sorrindo, tirou novamente as roupas e montou no colo dele.

-Pensei que você quisesse ficar sozinho, ou ao menos que quisesse ficar sozinho com outras pessoas.

-Mas é exatamente isso Lil, eu gosto de ficar com você, porque não estou sozinho, ao contrário de todas as outras, e outros.  

Levantou com ela no colo e a encostou na parede puxando seus cabelos com força, Lily riu e mordeu seu peito com mais força. Ele a olhou bravo, sorrindo logo em seguida, passaram o resto da noite ali, antes do amanhecer Lily dormiu, acordaria antes do sol se pôr e resolveria o que não pôde resolver essa noite. 

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