CAPÍTULO 2

Matheus

— A caixa está ali.- Ela não olhou para em minha direção quando abriu a porta, a cabeça baixa entretida com o livro.

Fiquei parado olhando ela me dá as costas e seguir para a cadeira perto da janela. Eu não acreditava no que estava fazendo, a dois dias atrás a mesma mulher tinha me dispensado e agora eu estava aqui no Hall da sua casa atrás de atenção, em que bosta de homem eu estava me transformando. O pior era que de alguma forma os últimos dias tudo o que conseguia pensar era nela, a forma como me olhou, seus lábios, seus cabelos, seus olhos... merda meu corpo inteiro se acendeu ao vê-lá levar o lápis a boca.

— Laura. - Foi engraçado ver ela deixar o livro cair e vira a cabeça com velocidade em minha direção , os olhos castanhos arregalados de surpresa.

— Oi... Está tudo bem ? - Ela puxou a camisa muito grande que ela usava tentando esconder parte de suas coxas expostas.

— Só queria desejar que seja bem vida, trouxe um café da última vez você se recusou a me convidar para entrar. - Ela tossiu e focou os olhos na bandeja em minhas mãos.

— Eu fui muito grossa peço desculpas, aquele dia estava tentando organizar a mudança.

— Entendo. Aceito suas desculpas se aceitar tomar café comigo. - Ela olhou novamente para as pernas definidas e sorrio, um sorriso tímido.

— Você... - Ela respirou fundo e focou em meus olhos . - Me de um minuto, pode se sentar aqui. - Ela indicou o sofá e passou por mim quase que correndo e mesmo assim ainda pude ver muita coisa da sua parte de trás, ela usava apenas uma blusa.

— Quem ela estava esperando vestida assim ?

— Disse alguma coisa ?- Ela pergunta, agora já vestida em uma calça de moletom preta e um imenso ponte de biscoito.

— Só que seu apartamento está ficando muito bonito.

— Obrigada . - Ela me conduz à mesa, não olhando para mim um só momento percebo que estava nervosa.

Fiquei em silêncio enquanto ela me servi alguns biscoitos.

— Você costuma trazer muitos pessoas para o seu apartamento. - Ela levantou os olhos da xícara de café a sua frente, longe demais Matheus, pela expressão em seu rosto ela não estava muito satisfeita com minhas pergunta.

— O que quer dizer com isso ? - Ela perguntou com tanta amabilidade que por um momento pensei ter voltado a ter sete anos.

— Não se ofenda, Laura é só que não temos muitas pessoas circulando nesse andar. Quero saber apenas se seus amigos e familiares a visitaram com frequência.

— Já está um pouco tarde. Me desculpe novamente se estou sendo rude, mais preciso estudar. - Ela estava ignorando minha perguntas. Não sabia o que fazer, essa mulher baixinha a minha frente estava mais uma vez me desafiando.

Ela estava me expulsando novamente, olhei no meu relógio, fazia apenas quinze minutos que estávamos juntos.

— Até. - Ela disse rapidamente e fechou a porta, não sabia qual era o jogo dela, só que eu estava me irritando e odiava que ela fosse o motivo de me tirar do sério, nunca ninguém havia sido tão direta comigo e de uma forma estranha estava gostando do jogo que iniciava entre mim e Laura Ferreira.

— Conseguiu? - Zainá continua no mesmo local que a havia deixado. Não era a minha intenção bater à porta mais já tinha acontecido.

— Está sobre sua mesa. - Zainá parecia irritada, mas pouco me importa.  Tudo o que eu queria saber estava sobre minha mesa. Um relatório completo sobre Laura Ferreira minha nova vizinha.

Laura

Mais um passo, em vão tentava me convencer que só faltava mais um passo para chegar ao prédio quando na verdade ainda precisava percorrer quilómetros.

Essa era uma das vantagens de morar em uma cidade de tempo instável, a dez minutos atrás fazia trinta e um graus, agora era atingindo por pequenos granizo.

A Fila intensa de carros era prova da incapacidade de locomoção. As buzinas e os gritos impacientes me causando uma dor de cabeça intensa.

— Laura. - Procuro entre as pessoas que corriam para se esconder da chuva quem estava gritando por mim. Os grossos pingos de chuva atrapalhando minha visão. — Laura!

A dois carros de distância pude encontrar quem gritava, Matheus se encontrava com a cabeça para fora do creta branco. Ele acenava freneticamente. Não queria falar com ele, ontem foi tudo muito estranho apenas o fato dele respirar me irritava.

— Vem aqui. - Corro em direção oposta chegando a calçada, nada bom poderia resultar de uma amizade com Matheus Guerra, todos os meus instintos diziam isso, pisando em pequenas poças de água no asfalto escorregadio, respiro em segurança, coberta pelo toldo do ponto de ônibus que já se encontrava lotado de pessoas.

— Está chovendo, Laura... - Me assusto ao sentir as mãos quentes de Matheus sobre meu braço. — Vamos eu te levo.

— Eu não sou cega e muito menos sou feita de açúcar. - Ele me soltou e pela sua expressão percebi que nunca ninguém o desobediência, ele suspirava alto irritado com tal desacato. Não era da minha natureza ser tão rude, mas estava fazendo muito bem esse papel com Matheus. Os dedos puxando os cabelos freneticamente para trás. Mesmo assim os pingos de água se acumulavam nas mechas grossas. Talvez por ele ser um gato.

— Só quero ajudar... eu não pretendo fazer mal algum a você. Tudo o que eu quero é te oferecer uma carona até sua casa. - Me encontrava irritada por uma centena de motivos e eu queria descontar toda minha raiva no homem a minha frente.

— Obrigada. Estou muito bem aqui.-Ele se encontrava totalmente molhado, a camisa branca de linho grudada em seu corpo, deixando à mostra todos os músculos de sua barriga.

— Não seja teimosa. Dentro do meu carro você irá ficar melhor, lá é quente e será mais rápido.

— Merda. - Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram quando o vento sacudiu meu vestido.

— Não entendi. - Pelo o brilho dos olhos dele, ele havia entendido tudo com uma extrema clareza.  — Vamos, Laura.

Ele segurou em meu braço e me arrasta até o carro. Quando a porta foi fechada foi como entrar no paraíso. O carro estava quente e extremamente cheiroso.

— Me passe o cobertor. - Foi nesse momento que reparei na mulher sentada no banco do passageiro, os cabelos pretos escorridos. Ela me entregou o cobertor, os olhos pretos coberto por uma intensa maquiagem nas cores cinza e preto. Era uma linda japonesa, ela sorrio e se voltou para Matheus.

— Você está bem ? - Ela me olhou pelo quanto do olhou. Um jeito estranho e então acariciou o braço de Matheus de um jeito extremamente possessivo.

— Sim. Deseja que eu aumente o ar-condicionado, Laura ?

— Sim por favor. - Ele apertou um dos botões no painel. E um suspiro de alívio saio por meus lábios.

— Dirija para casa por favor, Zainá. - Em um segundo ele abriu a porta do motorista e no outro estava ao meu lado.

— Deixe eu te ajudar . - Ele pegou o cobertor do banco da frente e colocou sobre meus ombros. Estava congelando.

— Obr-obrigada. - estava difícil formar palavras quando não conseguia controlar o jeito que meu queixo tremia. Ele esfregou meu braço por cima do cobertor e o calor se espalhou pelo meu corpo.

— Vamos Zainá. - A mulher arrancou com carro com tanta velocidade que tivemos nossos corpos batendo contra o banco. Olho pela janela e vejo que os carros começaram a se movimentar.

— Vamos sair daqui em alguns minutos. - O trânsito começou a se movimentar de forma lenta só que a mulher... Zainá, contorna os carros com agilidade, que de certa forma me causou medo.

Os acordes de oitavo andar de Clarice Falcão soaram muito alto no carro silencioso. Morrendo de vergonha vejo o sorriso de Matheus. Ao menos ele estava disfarçando. Procuro o meu celular na multidão de coisas em minha bolsa, a foto da minha mãe piscando na tela.

— Mãe.

Filha diz que está em casa e não na rua na chuva. - Não era difícil imaginar ela é meu pai colado ao celular.

Fica calma mãe. Estou com um amigo. - Os dois dentro do carro se entreolham, me encolho ao perceber que amigo nós três nunca iríamos ser.

Que amigo, Laura ? Você vai ficar doente... você não me escuta, muitas pessoas ruins pode te encontrar, te machucar... estou certa não é querido . - Não pude ouvir a confirmação do meu pai.

Estou bem mãe. Meu vizinho Matheus Guerra me deu uma carona. - Matheus aperta mais o cobertor sobre meus ombros tento não focar nos imensos olhos verdes tão perto do meu rosto não tinha tido a oportunidade de ver os pequenos pontinhos dourados próximos ao seu nariz. Meu Deus ele tem sardas.

. - Afasto o celular ao ouvir o grito dela. Matheus se afasta também. Pelo visto também ouviu os gritos da minha mãe.

— Mãe. - Era impossível que ela me ouvisse em meio a tantos gritos. Sempre tão eufórica. — Tudo bem, mãe. Te ligo mais tarde.

Desligo sem esperar por uma resposta. Sempre fui próxima s minha família e por esse motivo sabia muito bem dos ataques da minha mãe, meu pai sempre em busca da perfeição, meu irmão que a muito havia desistido de ser o filho perfeito e partido em busca de aventuras. E eu ainda estava aqui arrastando um pé de cada vez, em uma busca interminável para agradar as pessoas importantes para mim.

Não sei em que momento eu havia dormindo. Ainda estava envolta no sono, quando percebo as vozes dentro do veículo.

— Vamos.- abro os olhos para encontra os de Matheus muito próximo. Afasto do seu corpo quente.

Olhando para fora pude reconhecer o estacionamento do nosso prédio. Ele me ajudou a sair do carro me guiando até o elevador, o único lugar que ele me tocava em meu cotovelo que parecia pegar fogo ao seu toque.

— Sua namorada? - Ele olha em direção a mulher que ainda estava no carro. Ele a olha e em segundos lembro que meu irmão havia me falado que a única coisa que aquele olhar significa é foda ocasional.

— Assistente. - Sorrio, ele não espera por ela e aperta o botão do elevador. Nos dois ficamos em silêncio. Não conseguia parar de balançar minha perna. Sempre fui inquieta e isso era uma das tantas coisas nada feminina que irritava minha mãe.

— Sua mãe é muito talentosa. - Ele quebrou o silêncio.

— Como você conhece a minha mãe ? Como você sabe de quem sou filha.

Ele desvia o olhar para a linha de divisão das portas do elevador.

— Hum... vi a foto dela quando seu telefone tocou, já acompanhei minha mãe em um desfile para arrecadar fundos que sua mãe estava ajudando. - Ele não desviou os olhos dos meus por um segundo e tudo o que eu queria era correr os olhos pelo seu corpo ainda molhado.

— Claro . - Pela graças dos céus as portas se abriram e não precisei da outra resposta mais prolongada. Preferia apenas observar meu vizinho e não ter que ficar tão próxima . Ele é um homem extremamente atraente e nunca confiei em meu corpo perto de homens gostosos.

— Se precisar de alguma coisa grite... me chame, virei em qualquer hora. - minha cabeça começou com uma fraca dor e logo pude sentir a dificuldade em respirar, sempre odiei ficar gripada. Ele acena com a cabeça e me espera abrir a porta.

— Obrigada. Chamarei se preciso.

Entro em casa, tudo estava exatamente como havia deixando, meu notebook ainda ligando a imensa foto de Matheus Guerra quase cobrindo a tela.

Minha mãe havia feito uma pesquisa que daria inveja a muitos investigadores renomados. Ela havia conseguido até fotos de infância e a ficha criminal dele. Que se encontrava limpa.

Cada dia meu interesse se intensifica mais. Desejava saber muito mais do que minha mãe havia conseguido.

Enquanto tomava banho, tento formar um plano. Me incomoda falar de mim, quando ele veio até a minha casa eu quis que ele ficasse. Quis conversar com ele, queria saber tudo e não contar nada.

Percebo que era inevitável descobrir algo sem ceder.

— Vamos ser amigos. Talvez mais... definitivamente não. - Olho no espelho do banheiro e percebo que mais uma vez estava falando sozinha.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo