AGNELO
AGNELO
Por: I'm Emili
1

Olívia

Meus pés estão doendo e minhas pernas estão tremendo, peguei o carro de João, meu irmão, emprestado para ir até o hospital, após receber uma mensagem de Eloíse, minha melhor amiga, dizendo que sua bebê iria nascer. João chegou lá acompanhado de Larrisa, sua namorada, no carro dela, assim que a nossa sobrinha nasceu, que por sinal é a bebê mais linda que já vi na minha vida, acabou o horário de visitas e somente Julian pôde ficar.

João voltou para onde ele tinha vindo, e eu como sou a dama da sorte, para não dizer o contrário, acabo de ficar sem gasolina no meio do caminho pelo simples fato de ter esquecido de abastecer o carro quando sai de casa. Portanto, com um galão em mãos, caminho quase vinte minutos na busca de algum posto de gasolina. Quando já cansada, quase parando sem forças para andar, avisto um lugar aceso, já é noite por isso o grande destaque, estou tão cansada que por um momento penso ser uma miragem.

Com a suposta miragem de um posto de combustível, apresso meus passos, meus saltos já estão torturando meus pés, porém é muito melhor sentir um pouco mais de dor agora do que ficar pela rua a mercê de qualquer coisa. Avisto mais de perto e sim, é um posto, ainda bem!

"Boa noite!" Exclamo com a respiração ofegante e cansada para um homem com o uniforme do local.

"Boa noite senhora, em que posso ajudá-la?" O homem de meia idade e de baixa estatura me pergunta com um sorriso no rosto.

"A gasolina do meu carro acabou a alguns quilômetros daqui, enche esse galão para mim por favor." Falei olhando em volta procurando um bebedouro. "Tem bebedouro aqui?" Pergunto quando não vejo nada.

"Tem sim senhora." Ele responde e aponta para uma lojinha no fundo do posto.

"Obrigada senhor, e a propósito, sou senhorita." Digo e lhe retribuo um sorriso.

Enquanto ele enche meu galão, caminho até o bebedouro, estou a ponto de cair no chão, meus pés estão doendo demais! Mas preciso ser firme, amanhã irei dormir até a próxima hora de dormir, após isso irei até um SPA para pés, cuidar desses maltratados aqui.

Aperto o pequeno botão para que a água saia e então me delicio com a água gelada na minha garganta seca. Nunca pensei que água fosse tão gostosa, mesmo não tendo gosto de nada, nesse momento ela é a oitava maravilha do mundo para mim. Depois de alguns minutos bebendo água sem parar, sinto meu estômago roncar, graças a Deus estou em frente a uma loja de conveniência, entro nela e compro algumas bobeiras para comer, Doritos de pimenta e um suco de frutas cítricas.

Após pagar a moça do caixa, com minha sacolinha em mãos, saio da lojinha, encontro o senhor que me atendeu e ele me entrega o galão com a gasolina, dou-lhe o dinheiro e ele vai para algum lugar dizendo que irá buscar o troco. Fico na espera, com medo é claro, a avenida está vazia e só existe eu, a moça da loja e esse senhor aparentemente simpático. De repente sinto um arrepio estranho na espinha, olho para o céu e começo a tremer de frio.

Mas talvez não tenha sido apenas o vento, para minha terrível surpresa, quando olho para a entrada do posto, de lá vem um carro, aí senhor, eu jamais poderia confundir aquele carro, merda, aquele Honda Civic preto, Agnelo!

Pelo amor de Deus Olívia! Isso foi a quatro meses atrás, você já deveria ter esquecido!

Mas foi tão bom, foi tão gostoso...

Cala a boca!

No meio da minha briga interna, o senhor do posto chama minha atenção, ele tem um breve sorriso no rosto, estendendo a mão para mim ele me entrega o troco do meu dinheiro. Nessa altura do campeonato já tenho todos os meus órgãos internos estremecidos, por fora minhas mãos suam e minhas pernas pensam em vacilar mais uma vez.

Foi só a droga de uma transa dentro de um carro, depois disso teve a promessa de nunca mais fazer, então por favor, fica quietinha aí!

Penso olhando para minha parte inferior que só de lembrar da pegada daquele maldito, fica pulsando dentro da calcinha.

Assim que pego o dinheiro, viro o rosto rapidamente para que ele não me veja, de soslaio vejo quando ele sai do carro, todo firme em sua pose de superioridade e arrogância, ele é tão seguro de si, sua roupa elegante mostra como ele deve levar uma vida sofisticada, coisa que não enche meus olhos, vivo da mesma forma, entretanto não sou arrogante. Ele é tão bonito, tão alto, forte e bom...

Trato de apressar meus passos e sair dali o mais rápido possível, além de estar andando sozinha no meio da noite, não posso ariscar ficar de lerdeza por aí. O carro está muito longe e só de pensar no tanto que terei de andar já sinto vontade de gritar de frustração. Quando estou atravessando a rua, ouço a voz grave e sensual ao mesmo tempo chamar o meu nome. Oh não!

"Olívia?" Ele chama e é como se todos os meus músculos parassem de se mover, feito uma tola viro-me para trás imediatamente. "Eu sabia que conhecia essa pessoa de algum lugar." Ele diz com um olhar malicioso.

"Ah, oi!" Falo introvertida. Vamos lá Olívia, você nunca foi tímida.

"O que faz sozinha aqui?" Indaga franzindo o cenho.

"Eu estava voltando da maternidade, fui visitar Eloíse e meu carro acabou a gasolina." Explico sem precisar aumentar o tom de voz já que Agnelo já se encontra de pé na minha frente.

"A que distância?" Ele pergunta olhando em volta.

"Aqui pertinho." Minto com o coração acelerado dentro do peito, estou morrendo de medo que ele consiga ouvir. "Escuta... Eu tenho que ir, meu dia já foi complicado demais por hoje. Me desculpe." Digo virando-me, não suporto estar assim tão perto, faz tempo, mas eu sinto algo que não posso fingir estando tão próxima.

"É muito perigoso você sozinha por essas ruas desertas, você já viu que horas são?" Ele pergunta com tom de voz firme.

"Sim, mas eu não tenho culpa que o meu carro resolveu acabar a gasolina no meio da noite e em uma avenida deserta!" Me defendo. Na verdade a culpa foi sim minha, eu esqueci de abastecer no caminho de ida.

"Porque não abasteceu antes? Não sabe que essa região é perigosa? Me dá esse galão, deve estar pesado." Ordena com a voz dura.

"Não, eu não sei pelo simples fato de nunca ter ficado parada aqui, e não precisa, deixa que eu levo, é aqui perto e estou com pressa." Falo estressada.

Quem Agnelo pensa que é para aparecer depois de quatro meses, do nada e querer me ajudar assim? E ainda por cima querer dar-me lições.

"Para de ser teimosa! Vou levar para você sim e ponto final, onde está o carro?" Pergunta mais uma vez tomando o galão das minhas mãos, confesso sinto um grande alívio pois estava pesado sim.

"Só não discuto com você agora porquê estou cansada demais para isso. Já que quer me ajudar, então vamos e se prepare para andar porquê o carro não está perto como eu disse." Revelo sem me importar com nada, sinto meu corpo tão cansado que só desejo dormir.

"Então espera aqui, vou terminar de abastecer meu carro e então vamos até lá." Sem esperar resposta da minha parte, o homem forte a minha frente vira-se e atravessa a rua correndo.

Fico aqui em pé, de repente sentindo mais frio do que antes, por onde será que esse homem andou durante os quatro meses em que nem notícias dele eu ouvi? A única coisa que sei agora, é que ele mexeu comigo, não era para ser assim, mas senti algo diferente assim que eu coloquei meus olhos no carro dele entrando naquele posto, mas para minha derrota, ele parece nem se lembrar da nossa transa. Na realidade, acho que ele só lembrou de mim como amiga da esposa do amigo dele.

Assusto-me com a buzina do carro dele trazendo-me de volta.

"Entra!" Ordenou. Revirei meus olhos e entrei de cara amarrada dentro do carro.

Oh não, veio a tona tudo o que aconteceu aqui dentro, para mim aquele dia será inesquecível, não me importo se ele não se lembra mais, eu me lembro pois foi bom para mim e eu quem procurou aquilo. Sinto de repente meu corpo ficar quente, totalmente diferente do frio que faz lá fora, isso somente por lembrar do dia em que ele me pegou aqui.

"Você pode ligar o ar?" Pergunto inquieta no banco, eu estou sentada no banco do carona, exatamente onde aconteceu.

"Para quê, se está frio?" Indaga e dá partida no carro.

"Eu estou com calor, liga aí por favor?" Peço em tom irônico.

"Certo então." Responde e liga o ar, sinto-me um tanto melhor, mas não totalmente. "Você se lembra da última vez que esteve dentro desse carro?" Engasgo com minha própria saliva.

Merda, ele se lembra!

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo