Capítulo 2

Samira fecha a porta e entra na sala com uma ruga na testa, está disposta a ter sua primeira discussão com o noivo. Em um ano que estão juntos, nunca dormiu sem a noiva saber onde ele estava. Ter ligado várias vezes sem ser atendida no meio da noite passada é no mínimo suspeito.

— Estou aguardando uma resposta, Mathias.

— Samira, estou cansado. A festa da empresa foi até tarde, você deveria ter ido.

— Sabe que não pude. Papai precisava de mim no coquetel.

Samira se aproxima com seu andar ondulando o quadril, o vestido ousado mostra todo colo dos seios e as belas pernas, atributos que até pouco tempo o deixavam louco.

— Querida, eu preciso trabalhar.

— Tem algo diferente em você, Mathias. — diz, cruzando os braços e franzindo a testa. — Eu vou descobrir o que é. Espero que não seja um rabo de saia.

Olhando para a noiva, repara seu olhar maligno, nunca a viu tão nervosa. O jeito é acalmar a fera.

— Não tenho nada, meu amor. Estou apenas cansado. — diz ao se levantar, indo até ela a abraçando e passando as mãos por seu traseiro. — Por que está tão provocante? Hum? Sabe que não resisto.

Mathias a segura nos braços e ergue seu corpo pequeno e esguio, fazendo ela entrelaçar as pernas ao redor de sua cintura. Coloca ela na mesa subindo o vestido e puxando a calcinha de lado.

Samira suspira ao senti-lo, nos próximos minutos, esquece porque estava tão nervosa. Após terminarem, ela ajeitou as roupas e suas pernas ainda estavam trêmulas, foi muito intenso, tão vigoroso que seria impossível noite passada, ter ficado com alguém com esse fogo todo que acabou de liberar com ela.

— Eu vou indo, tenho que fazer compras. Minha amiga vai me aguardar no “shopping” — diz com o semblante mais calmo e feliz.

— Ok. Vejo-te na hora do almoço?

— Não, o “shopping” abre às dez, vou comer por lá mesmo. Porque minhas compras serão demoradas, além de que, tenho que ir ao salão.

— Devo ficar enciumado?

Ela sorri, seus dentes muito brancos ficam extremamente visíveis. Caminha até a porta, pisca para ele e sai.

Mathias passa as mãos nos cabelos, sempre foi um canalha, mas está se superando. Balançando a cabeça de forma negativa, olha para o computador para tentar finalmente iniciar seu dia de trabalho.

***

Raquel se vira na cama, abre os olhos lentamente e franziu levemente a testa ao que estava sozinha na cama.

Suspirando, senta-se olhando para os lados. Levanta os braços acima da cabeça e seu corpo até dói, porque foram inúmeras às vezes em que Mathias Hanks a tomou na noite passada. Sorriu levemente ao lembrar da melhor noite de sexo que já teve na vida.

Ao se levantar, segue até o banheiro, no caminho não o encontra, nem ao menos as roupas que estavam jogadas no chão. Anda pelos cômodos procurando-o e de cenho franzido e semblante triste, chega a conclusão de que foi mais uma das conquistas de Mathias Hanks ao ver que ele não se encontrava mais no local.

Cabisbaixa, voltou para o quarto, seus olhos estão marejados, apesar de não o conhecer há muito tempo, acreditou que o conquistou, mas acabou de descobrir da pior forma que estava completamente enganada.

Coloca as roupas, j**a no lixo a calcinha, pois não tem mais serventia para ela. O vestido estava com as alças rasgadas, teve que esconder seu estado lamentável com o casaco que também estava rasgado.

Para não se sentir mais humilhada do que está, pega o celular e pede um carro por aplicativo saindo do apartamento assim que ele chega. Entrega a chave para a recepcionista sem dizer nada e sai apressada.

Para piorar sua vida, mal começou a semana e terá que o ver diariamente até sexta-feira e também no coquetel que terá sábado de uma empresa muito importante.

Pode não ser a secretária dele, mas tem que estar sempre em contato, pois seu chefe é como se fosse o braço direito de Mathias na empresa, mesmo sendo terceirizado como ela, além de serem amigos.

No carro, fica se perguntando que desculpa vai dar para o seu chefe, está terrivelmente atrasada e ainda tem que ir para casa para se vestir.

Em seu apartamento, corre de um lado para o outro, tenta não se atrasar mais ainda. Tomou uma ducha tão rápida que se tivesse cronometrado, teria entrado no Guines Book. Precisava tirar os vestígios da noite passada de seu corpo e o cheiro dele.

Coloca um vestido preto levemente colado e um casaco vermelho com meias pretas e salto alto preto. Seus cabelos estão loiros, costuma mudar com frequência a cor deles. Passa o pente nos cabelos para deixar as mechas mais soltas.

Sem se maquiar, sai do apartamento e pede outro carro pelo aplicativo enquanto descia no elevador. Ao entrar no carro, começa a se maquiar.

Antes de terminar, seu celular toca, olha para a tela e suspira. Ainda não ligou para avisar que vai chegar super atrasada.

— Senhor Alves, eu sinto muito. Estou a caminho.

— Está tudo bem, não tive nenhum imprevisto até o momento, te espero.

— Ok, obrigada.

Suspirando aliviada por não ter levado bronca, volta a se maquiar. Ao chegar na empresa, paga o motorista e sai apressada do carro. Entrando na empresa, não reparou nos vários olhos masculinos observando-a com interesse.

Anda rapidamente até o elevador e sem perceber, esbarra em uma mulher que olha feio para ela.

— Olhe por onde anda! — diz Samira, com desprezo, fazendo algumas pessoas pararem para ver.

— Sinto muito, não a vi.

— Cada dia que passa, Mathias contrata mais gente sem noção de nada. — diz e sai pisando duro.

Raquel entra no elevador pensativa, do jeito como essa mulher falou do Mathias, parece ser íntima dele. Olhando para baixo com tristeza, não acredita no que está pensando.

"Será que ele e essa mulher têm algo juntos?"

Até o momento, nunca soube que ele poderia ter alguém ou algum relacionamento. Nessas últimas semanas que tem trabalhado na empresa, nunca ouviu dizer que ele tinha algum relacionamento duradouro.

Escuta o elevador chegar em seu andar e antes de sair, olha para as portas se abrindo e lá está ele, no fim do corredor e parece estar flertando com uma das advogadas.

"Canalha!"

Ambos riem de algo, ele eleva o braço acima da cabeça da mulher colocando a mão do lado da cabeça dela, na parede. Isso lhe dá ânsia.

"Como não vi isso antes? Agora é tarde! Me entreguei sem pudores e o pior de tudo, estou apaixonada. Que decepção!"

Ergue a cabeça e sai do elevador. Passa pelo casal fingindo que não os viu, afinal, estão muito ocupados para reparar nela.

Mathias sente um odor delicioso passando por suas costas, olha para o lado e vê Raquel passando. Seus olhos estão fixos nela como os de uma gavião, está usando uma roupa comportada, mas para ele é como se estivesse nua. Fica todo arrepiado só de lembrar de cada pedacinho delicioso de sua pele que teve o prazer de tocar e provar.

— Mathias...?

— Sim? — diz desnorteado.

— Você não tem jeito, quer todas na sua cama.

Ele não respondeu, apenas sorriu com ar de sedutor convicto. A advogada segura a gravata dele fingindo arrumar.

— Antes de você ficar noivo, me chamava para sair. Anda um pouco sério ultimamente, espero que não seja por um único par de pernas.

— Há de nascer a mulher que me deixará literalmente à sua mercê. — diz de modo convencido, segurando levemente o queixo dela. — Até mais tarde, na reunião das três.

— Sim, senhor. — diz a advogada num tom profissional, indo para a sua sala em seguida.

Mathias abaixa levemente a cabeça como se decidisse o que fazer e olha para o corredor por onde Raquel passou com um ponto de interrogação na testa.

Continua…