Capítulo 4
Enquanto seus pensamentos ainda estavam agitados, de repente, Lívia sentiu um toque frio em sua perna. Ela abaixou o olhar e viu que era Silvio aplicando pomada em sua perna.

Ele já não demonstrava a indiferença que havia mostrado quando falaram sobre o divórcio. Pelo contrário, para encontrar a posição mais confortável para ela, ele quase se ajoelhava no chão, e suas longas pernas pareciam estar sofrendo entre o chão e a beira da cama.

No entanto, ele ainda era tão majestoso como os deuses.

Seus dedos estavam um pouco frios, mas sua voz carregava um calor reconfortante:

- Aplique três vezes ao dia. Lembre-se disso para o futuro.

Ele não a ajudaria mais.

Lívia percebeu o significado implícito em suas palavras e não sabia se deveria se sentir feliz ou amargurada em relação a isso.

Só podia aceitar passivamente as instruções, desviando rapidamente o olhar, com medo de expor seus verdadeiros sentimentos. Fingindo indiferença, ela respondeu:

- Entendi.

Se aquilo fosse para o seu próprio bem, ela não tinha motivos para recusar.

- Diogo. - Silvio exclamou.

Ao ver que ela concordou, Silvio sentiu um alívio inexplicável, mas também um vago sentimento de perda.

Lívia... Ela se adaptou tão rapidamente?

Ela parecia não precisar dele nem um pouco, como se pudesse viver perfeitamente bem sem ele.

Uma sombra de insatisfação passou por seus olhos, e a temperatura do quarto pareceu diminuir vários graus. Sua voz ficou mais pesada:

- Venha aqui e arrume o quarto da minha esposa.

Lívia achou estranho.

Não era apenas a mudança repentina de humor de Silvio que a intrigava, mas também suas ordens. Diogo, como mordomo, não era responsável por limpar quartos.

Diogo também pareceu confuso. Ele pensou que talvez tivesse entendido errado e perguntou:

- Senhor, devo pedir a alguém para limpar o quarto imediatamente?

- O que foi? - O olhar de Silvio caiu sobre ele como uma lâmina afiada, sua voz gélida era sufocante. - Você ficaria cansado se fosse arrumar o quarto para minha esposa?

Ele nunca havia tratado Diogo assim antes.

Diogo começou a suar na testa, olhou para Lívia, que estava deitada na cama, e depois para Silvio, que estava organizando a caixa de remédios. De repente, ele pareceu ter captado algo.

- Senhor...

Ele não entendia por que Silvio gostava de Aurora, e agora que Aurora havia voltado, por que ele ainda se importava com Lívia?

Ela não passava de uma substituta.

Deveria sair da família Duarte o mais rápido possível.

O senhor deveria estar com alguém como Aurora, uma jovem de coração puro.

Lívia, que nem mesmo era amada por seus próprios pais, realmente... Não era digna do Silvio aos olhos dele.

Mas Silvio não respondeu à dúvida em seus olhos, apenas falou severamente:

- Não importa se vamos nos divorciar ou não, Diogo, você deve entender o seu lugar!

Não importava o quanto eles se conheciam, Diogo não podia fazer escolhas por ele.

E ele definitivamente não deveria tratar Lívia com frieza.

Diogo finalmente entendeu por completo.

Mesmo que seu coração ficasse incomodado por Aurora, neste momento, ele baixou a cabeça e disse:

- Desculpe por ter te barrado hoje na Casa Serena, minha senhora...

Aquela festa foi organizada para Aurora, e todos os servos que a viram crescer, incluindo ele, também compareceram.

Todos os amigos de Silvio também participaram.

Portanto, Diogo naturalmente acreditou que Lívia estava sendo abandonada completamente.

Seu desprezo interior não pôde ser escondido, e ele não queria arruinar o bom humor de Aurora por causa do aparecimento de Lívia.

Mas, inesperadamente, tudo isso foi notado por Silvio.

Até mesmo, agora há pouco... A sua demora ao pegar a caixa de remédios foi notada por Silvio.

O coração de Diogo batia ansiosamente, e por um momento, ele realmente não conseguia entender os pensamentos de Silvio.

Mas desde que Silvio começou a liderar a família Duarte, parecia que Diogo nunca foi capaz de entendê-lo completamente. De qualquer forma, na frente do senhor, era melhor obedecer a tudo.

Lívia olhou para o velho que se desculpava e se sentiu um pouco perdida. Ela o acenou várias vezes com as mãos, dizendo:

- Não... Não é nada, Diogo...

Normalmente, ele costumava ser gentil com Lívia.

Além disso, Diogo já era um idoso, e ela não tinha coragem de ser dura com ele.

Ainda mais contente com o fato de que Silvio ainda estava protegendo-a, e pelo som das coisas, a proibição de entrar na festa não foi uma ordem de Silvio, mas uma ação precipitada de Diogo.

Ela ficou tão feliz que quase pulou de alegria, agarrando a manga de Silvio e não resistiu a falar por Diogo:

- Querido, Diogo já pediu desculpas, deixe-o ir descansar.

Sua voz era suave e melodiosa, como se pudesse encantar almas quando chamasse alguém.

Quando ele estava bravo no passado, ela costumava agir assim, sempre fazendo as pessoas se sentirem emocionadas.

Mas ele não gostou nada da ideia de que, no futuro, ela estaria usando esse tom de voz com outro homem!

- Lívia! - Ele falou seriamente. - Não fale mais assim comigo no futuro.

A mão dela, que estava segurando sua manga, parou.

Ela forçou o retorno da tristeza que subia aos seus olhos, sorriu e respondeu com um "Okay".

Como ela poderia ter esquecido?

Ele acabou de mencionar o divórcio!

Mesmo que ele protegesse Lívia com firmeza na presença de Diogo, mesmo que ele ainda se importasse com ela como antes, tratando todas as pequenas feridas com tanto cuidado, não podia esconder o fato de que estavam prestes a se divorciar.

Ele não a queria mais.

Essa era a realidade que ela tinha que aceitar, e não tinha mais o direito de ser mimada por ele.

Sua mão caiu.

Ela ultrapassou o limite!

Agora... Ele não gostava mais de tanta proximidade.

Ele podia tratá-la assim hoje, talvez apenas por causa de sua educação.

Isso não tinha nada a ver com amor.

No coração de Lívia, era como se uma corda de ferro estivesse puxando-a, fazendo-a sangrar dolorosamente a cada puxão.

Mas ela ainda sorria, como um girassol caloroso, eternamente incansável. Porém, as suas palavras soavam desprovidas de calor:

- Quando vamos lidar com o divórcio?

Só Deus sabia o quão grande era a coragem que ela precisava para controlar a si mesma, para não implorar ou se apegar, para não inventar desculpas tolas para ele, como se ele ainda a amasse.

Ele queria se divorciar, então ela permitiria.

Silvio ficou momentaneamente atordoado.

Finalmente, ele percebeu o que ela queria dizer com lidar com o divórcio.

Ao ver a expressão inexpressiva de Lívia, como se esse casamento pudesse ser descartado como um pano velho, ele sentiu uma grande insatisfação.

Essa mulher, era muito mais forte e decidida do que ele pensava!

Franzindo as sobrancelhas, seu rosto ficou assustadoramente sombrio, seus olhos pareciam pregos cravados em Lívia:

- Você está tão ansiosa para se divorciar de mim?!

Lívia ficou perplexa.

Não foi ele quem mencionou o divórcio?

Será que ela estava errada em seguir sua vontade?!

Ela realmente não conseguia entender seus pensamentos, mas para não ser mais abalada, para não pensar que ele ainda a amava e inventar todas as razões ridículas para agradá-lo, ela firmemente continuou:

- Eu não estou pedindo muito... Se realmente tivermos que nos divorciar, então eu quero...

Silvio sorriu com um toque de sarcasmo.

Tão rápida para começar a propor condições?!

Realmente, ele a subestimou!

Então ele, e até mesmo esses três anos de casamento com Lívia, não se comparavam às condições que ele propôs para o divórcio!

Apenas dois bilhões, nada mais, já conseguiam mexer com ela. Olhe só como ela estava ansiosa para adicionar mais demandas!

Silvio riu friamente por dentro.

Ele errou ao julgá-la, essa mulher que era tão gananciosa por dinheiro, como poderia ser comparada a Aurora!
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