No silêncio da noite, no vazio da floresta, caminhando entre lágrimas, surge a branca elfa.
Seu pranto é de perda e dor, pela criança, de seu ventre, nascida fria.
Atravessa a floresta e chega a um grande e cristalino lago que, iluminado pela lua cheia, parecia ser de prata, clareando ainda mais os arredores. Avistou ela ao admirar o imenso lago (que não se lembrava de já o ter visto antes) uma grande árvore próxima às margens.
Aproximando-se da mesma, reparou em uma espécie de toca formada pelas raízes da arvore, e ao longe ela ouviu gritos distantes de algum grupo de caçadores de bruxas supostamente.
Curiosa, adentrou as raízes. Lá dentro encontrou uma mulher semiconsciente que, segundo suas veste e amuletos, era uma mística das aguas. Em seus braços, ela segurava uma menina recém-nascida que dormia suavemente e abaixo da menina, o que parecia ser uma enorme poça de sangue.
A mulher percebendo a elfa que a observava, implorou:
– Oh anjo que me foi enviado, proteja meu tesouro! – disse ela estendendo-lhe a criança com os braços trêmulos.
A elfa aproximou-se mais e pegou a menina. Ela mal terminara de embalar a criança em seus braços e a mãe desfaleceu.
“Confio a ti esta criança em troca da que perdeu, crie-a como sua.”
Disse uma voz que a elfa conhecia muito bem, recomeçando a chorar – agora de profunda alegria.
Saiu de meio à gruta de raízes, agradecendo a Selena (sua divindade da Lua) por tê-la guiado até aquele lugar. Também percebeu que o som do grupo que notara antes soava-lhe mais alto. Eles se aproximavam.
Citou para a mulher a mesma oração que citara para seu bebê, fazendo com que as raízes ocultassem seu corpo sem vida, partindo logo em seguida com a recém-nascida, para um lugar onde pudesse criá-la com segurança e amor.