II - AS PROFECIAS

II - AS PROFECIAS

CIGANA: Venha, chegue cá, deixe eu ler a sua mão... Você parece tão cansado, deprimido...  Tu podes me dar velas para algum trabalho?

PIRATA: Não tenho nada. E não acredito em encostos... Você parece querer bancar uma de sábia com essas, mas não tem problema...

CIGANA: Ora, pois eu venho a dizer que essas profecias devem se cumprir nos dias próximos... Sempre é a mesma coisa: temos o que prever. Há uma maldição por trás de outra... Está como os dias dos mortais, tão frio, o seu coração. O deus do trovão quer vir até nós para lembrardes que este povoado não fez coisas certas, e em breve ele pagará pela falta de prudência.

PARCA: Eu vejo no Livro das Horas, um banquete para a coroação cosmológica: presente da Rainha. Os mais próximos do reinado se reúnem vestindo houppelandes de cores branca, verde, azul, rosa e vermelho ou laranja, com alguns dos sacerdotes simbolizando júbilo junto com os cavaleiros, seus cavalos e suas armaduras.  Olha só, tenho uma visão de tentáculos saindo dos oceanos tentando amarrar uma nau.

NORMA: Céus! É o filho de Leviatã!

CIGANA: Não, é o polvo!

ÍNDIO: Estes animais às vezes são vítima de rituais, representam o coração dos mares.

PIRATA: Boa tarde senhoritas, gostaria de comprar um cesto para vinho? Está um preço em conta, bem baratinho e ainda tem troco. Pode ser de ouro maciço que eu tenho guardadinho em casa.

PARCA: Não sei se temos o bastante, afinal, nossa casa não possui teto de jaspe ou coisa parecida, mas continuamos a sobreviver na guerra... Mas muito cuidado com a vinda do dragão verde, somente os anjos conseguem derrotá-lo. Cavaleiro nenhum é capaz de vencê-lo, ainda que tente fazer isso, não é um prazer a desfrutar, é fatal uma mordida com dentes afiados e com fogo saindo pela boca...

NORMA: A Hidra então é bem pior, tem cinco cabeças e quando chega, ó céus! Prefiro nem saber! Quando ela acorda vive a buscar os bosques de mirto e queimá-los com a língua. Ela é criatura inventada pelo Príncipe das Trevas, e temos que cuidar com qualquer buraco no chão para não cair dentro e encontrar um vulcão...

PARCA: Já os demônios vêm a toda parte querer lhe oferecer a tentação, com pequenas coisas como a fruta da árvore do conhecimento para levá-los ao reino dos mortos.

FRA ANGELICO: Está em minhas visões, um demônio preto sobre um castelo oferecendo uma maçã para Cristo.

CIGANA: Há um que estás por vir: o devorador de sombras (parte crocodilo, leão e hipopótamo).

FRA ANGELICO: Estás com medo das bestas?

CIGANA: Eu me sinto estranha como uma profetisa desengonçada às vezes. E você não acredita que eu adivinho o futuro? Que prova eu teria se Deus me enviasse algo muito precioso que fizesse as mãos do mundo deixassem de lhe pressionar como sempre fizessem... Então, não nos prostituímos e eu não me considero herege. Algumas de velhas companhias somem... Eu não sou da cavalaria, mas se essas crenças não fossem passadas de boca a boca eu não saberia como me defender contra esses vivos monstros que estão tão perto de nós quanto nossa própria imaginação.

FRA ANGELICO: Todas as vezes que eu fecho os olhos pensando neles sinto o coração pesar o mesmo que mundo...

PIRATA: Eis que eu não me deparei com o polvo gigante ainda, em ondas cinzentas com cores nos céus amarelas e avermelhadas como nas flores dos mais belos pomares...

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