Era um milagre! Um pequeno e precioso milagre. Um fragmento de memória, uma fenda aberta no tempo, como se uma janela tivesse se entreaberto para um passado distante. Por um instante, o brilho nos olhos dele rompeu o nevoeiro que o mantinha ausente havia tanto tempo.Laura quase não ousou respirar. O som rouco e hesitante da voz do pai encontrou um espaço profundo dentro dela, um lugar onde a esperança, apesar de tudo, havia se escondido. Frágil, mas viva. Era como se aquele simples chamado, aquela tentativa de lembrança, tivesse acordado algo adormecido não só nele, mas nela também.A emoção veio como uma onda inesperada. Misturava alegria, alívio e uma dor antiga, quase doce, que ela reconheceu de imediato. Era a saudade de tudo o que perdera e o espanto de perceber que, de alguma forma, algo ainda podia ser recuperado.— Pai? — sussurrou, inclinando-se devagar, o olhar fixo no rosto dele. — Você… você me reconhece? Sabe quem eu sou?As palavras saíram trêmulas, entrecortadas pelo
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