—Chiara… se você voltar a mencioná-la, eu não sei como vou reagir. Ela não se importava com título, com anel ou com o nome num maldito papel. Eu a amei, e o lugar que ela ocupa está no meu coração. —E jamais alguém poderá tirá-la de lá. Nunca—. Você, como minha esposa, só ocupará um lugar na minha casa, não na minha vida. Isso não tem importância nem significado, que isso fique claro! Você não é nada pra mim! Nada! De que adianta ser minha esposa? Pra quê? Vai se gabar disso? Tem um marido que não te ama… Eu nunca vou te amar.—Por que… você se casou comigo? —Se era tão feliz como dizia, se estava tão completo ao lado de Rosel, por que foi até o altar e não ficou com a felicidade que já tinha naquele momento?—Era minha obrigação, e eu cumpri. Não pode me pedir mais nada.—Pare o carro! —o motorista não havia prestado atenção em nada do que acontecia no banco de trás, nem sequer se importou com o fato de que Davide ainda segurava o pescoço da esposa com as mãos—. Me solta agora, David

—Vou pensar nisso —respondeu Chiara.Por fim o avião pousou. Desde aquela conversa com ela, as marcas no pescoço e a forma como ele havia perdido o controle com ela, Davide sabia que não era o momento para dizer que precisavam ter um filho —não depois de ameaçá-la com o bebê, estrangulá-la e acusá-la de ter amantes.Teria que encontrar um jeito de fazer Chiara Moretti sentir-se confiante com ele, segura, não assustada, mas sabia que isso custaria caro.Durante todo o processo de desembarque, ela não deixou que o pai pegasse o bebê, principalmente porque ele estava cansado, num lugar novo, com fuso horário diferente, e ela não queria estressá-lo colocando-o nos braços de um desconhecido.—Eu sei carregar bebês —queixou-se Davide, a caminho do carro que os esperava.—Não é isso, eu sei que você sabe, também não acho que vá deixá-lo cair, mas ele não te conhece e, sinceramente, você não agrada a ele.—Isso soou mal. Você nem sequer disse a ele que eu sou o pai, Chiara.—Você me confunde

—Querido —Fiorella era a única da família que tinha visto seu filho após todos os procedimentos realizados em seu rosto, sem conseguir recuperar completamente o que antes possuía —isso era impossível. Mas havia ficado bem, não um rosto desfigurado como no início; agora, restavam apenas algumas cicatrizes no rosto, que não comprometiam sua aparência, mas ainda estavam lá.Infelizmente, seu olho não teve a mesma sorte —havia perdido parte da visão, restando apenas uma imagem embaçada, mesmo com as cirurgias que fez.Era um dano permanente.Saiu de seu quarto para receber a mãe.—Mãe, o que está fazendo aqui? —sua mãe tinha uma chave de sua casa.—Soube que você está no país. Vim visitar meu filho.—Soube ou está me espionando? —A mãe sorriu, mas não respondeu. —Estou bem, se é isso que quer saber, mas vou embora novamente em alguns dias.—Para a França ou São Francisco? Você não se cansa de procurar? Se seu irmão não quer que você a encontre, então não vai encontrá-la. E ela é esposa do

Casa de Davide Queen. 6h50 da manhãEla se virou para o lado, espreguiçando o corpo, soltando um bocejo, os olhos se abrindo e um sorriso surgindo em seu rosto. Os braços se esticaram e Chiara decidiu ocupar mais espaço na cama, esbarrando em algo duro que tocou seu corpo, suas mãos, suas pernas.Prendendo a respiração, olhou devagar, bem devagar, até se deparar com o rosto do seu marido.Assustada, completamente dominada pelo impacto daquele momento, soltou um grito enquanto fugia da cama, arrastando os lençóis com ela. Caiu para o lado, completamente enrolada neles.— Mas o que você está fazendo na minha cama?! — apoiou as mãos no chão, levantando a cabeça para olhar o homem que estava nu sobre a cama — Ai, meu Deus! Você está pelado! Se cobre! — Não entendia nada, não sabia quando ou como aquele homem tinha chegado à cama, ou se tinha passado a noite com o marido nu ao seu lado.Davide, lentamente abrindo os olhos, apoiou uma mão na cama e sobre ela recostou a cabeça, olhando para

Casa de Davide Queen, quarto de Davide Jr. 8:00 da manhã.—Aqui está o brinquedo. Desçamos para o café da manhã? —Já haviam tomado banho, há pelo menos quinze minutos, o cabelo dela parecia muito penteado e ela se via bastante relaxada—. Parece que você descansou bem e não se levantou a noite toda. Deixe que eu recolho o meu cabelo e descemos para o café da manhã. —Entrou no banheiro para recolher o cabelo em um rabo de cavalo, ao deixar os ombros nus olhou as marcas que já se dissipavam em seu pescoço, em breve passariam a ser apenas uma lembrança.Passou os dedos ali, tocando sua pele, a marca já estava escurecendo, para no final desaparecer.Voltou com o filho, o pegou nos braços e saíram do quarto.—Bom dia, senhora—disse a empregada ao vê-las na cozinha.—Bom dia.—Meu nome é Ana.—É um prazer, Ana. Sou Chiara, você pode me chamar assim.—Obrigada, senhora. Me sentiria muito mais à vontade chamando-a assim. O que posso preparar para o seu café da manhã?Chiara indicou o que queri