O aroma de café fresco e pão quente tomava conta do salão inferior. O ambiente, embora luxuoso, carregava a sobriedade de um quartel de guerra antes do início das estratégias.Crystofe já estava sentado, lendo algo em seu tablet. Quando Alexander entrou, ele levantou o olhar, observando-o com aquela mistura de respeito e amizade antiga. — Dormiu bem, irmão? — perguntou, erguendo uma sobrancelha.Alexander se serviu de café antes de responder. — O suficiente. — disse, secamente. — O que foi aquilo de ontem.Crystofe deixou o tablet de lado. — Está falando de Nastya, imagino.Alexander o encarou por um instante, sem sorrir. — Aquilo foi uma armadilha mal calculada. Nastya e a mãe no mesmo restaurante, na mesma noite? Não acredito em coincidências, Crystofe.— Nem eu, como sabiam que você estaria lá naquele horário. — respondeu ele calmamente. — Já verifiquei os relatórios. O curioso é que nossos vigilantes não avisaram.Alexander apoiou a xícara sobre o pires, os olhos estreitando-s

Capítulo 68 —Mas não era apenas sobre Alexander. Igor. — Ou Johon, como alguns ousavam chamá-lo — era uma oportunidade rara: poder no mundo humano, respeito, recursos e aliados. Nastasia sabia que poderia tirar proveito dele, manipular sua posição, e elevar-se ao status de mulher temida, não apenas entre os humanos, mas também no mundo Lycan. Cada movimento, cada encontro, cada decisão, seria calculado com frieza e precisão, como um tabuleiro de xadrez.O desejo, a ambição e a necessidade se misturavam dentro dela, transformando urgência em estratégia e emoção em poder. Ela não apenas queria controlar o jogo — queria dominá-lo, e ninguém, nem mesmo Alexander ou Johon, perceberia o quanto já estava presa à sua teia.Ela respirou fundo, tentando controlar o impulso de enviar alguém para forçar a reunião. Mas sabia que Johon era obstinado e que qualquer tentativa precipitada seria inútil.— Dois dias… — repetiu baixinho, o eco de sua voz carregando lembranças. — Não tenho dois dias para

O carro continuou seu percurso silencioso, cruzando a cidade humana, enquanto a noite se estendia, carregada de segredos e decisões que poderiam mudar tudo. A tarde avançava, carregando consigo a tensão, a expectativa e a promessa de que nada ali seria simples. Alexander e Nastasia, cada um em seu mundo, agora estavam ligados por escolhas, lembranças e desejos que ainda não poderiam ser verbalizados, mas cuja força era impossível de ignorar.A tarde já começava a se despedir, o sol dourando parcialmente os telhados e as copas das árvores no complexo Lycan. O reflexo alaranjado se espalhava pelas janelas do edifício principal, e Ravi permanecia em pé diante das enormes telas de segurança instaladas em seu escritório. Cada painel mostrava mapas, sensores e transmissões em tempo real, mas a mente dele estava distante. Havia inquietação em seus olhos. Algo não encaixava.Com um leve fechar de pálpebras, ativou a conexão mental: — Zion, preciso de você e de Kai imediatamente no meu es

Camila bocejou, sentindo o corpo relaxar. A respiração começou a ficar mais lenta, e o peso do cansaço a envolveu como um cobertor. Estava prestes a adormecer quando algo diferente começou a se agitar dentro dela.Um calor súbito percorreu suas veias, vindo do peito e se espalhando pelos braços e pernas. O ronronar de Lenrall cessou. O gato a olhou fixamente e, em seguida, pulou da cama, arqueando o corpo, o pelo eriçado.— Lenrall? — chamou, confusa e com uma voz diferente.Mas o felino deu um passo para trás, emitindo um miado baixo e rouco, quase um aviso.Foi então que veio a dor.Camila arqueou o corpo, levando as mãos ao abdômen. O calor agora era insuportável, como fogo líquido correndo por dentro dela. O coração disparou, as batidas ecoando nos ouvidos. Tentou respirar, mas o ar parecia faltar.— O que está acontecendo? — sussurrou, cambaleando para o lado da cama.O espelho do quarto refletia algo que ela não reconhecia — seus olhos brilhavam em tons dourados, quase selvagens

Capitulo 74 – A Revelação Mas ela não conseguia conter o instinto. O medo e o reconhecimento se misturavam em um redemoinho de emoções.Quando ele se aproximou mais um passo, o ar pareceu se partir. O som de um trovão distante ecoou — ou seria o coração dela?O lobo negro se deteve a poucos metros. Então, lentamente, começou a mudar.Camila observou, hipnotizada e horrorizada, enquanto o corpo dele se erguia. Ossos se realinhavam, músculos se estendiam, o pelo recuava parcialmente, revelando uma forma híbrida, meio fera, meio homem.E quando o rosto emergiu da sombra, ela o reconheceu.Alexander.O choque foi como uma lâmina atravessando o peito.Aqueles olhos, agora em meio tom entre rubro e humano, brilhavam sob a lua. O corpo ainda era coberto por partes de pelagem negra, as garras longas, a voz — rouca, quase gutural — saiu baixa, mas clara:— Camila…Ela ficou imóvel. Tudo dentro dela gritou para correr em sua direção, mas algo mais profundo a manteve ali. Um elo invisível, ant