Nos dias em que Letícia ficou em Cidade Chimoio para resolver o divórcio, ela não perdeu tempo. Ela aproveitou as horas vagas para rascunhar o projeto de decoração da casa de três andares de Pablo, localizada no condomínio Villas da Brisa.O esboço do design tinha um estilo simples, elegante e aconchegante. Era alinhado ao gosto estético contemporâneo, mas ainda assim carregava a assinatura de Letícia, com sua personalidade única.Quando Pablo viu o projeto, ele não disse uma palavra e apenas mandou um polegar, aprovando em silêncio. Exatamente como ele havia dito desde o início: se ele não tinha nenhuma objeção, significava que realmente não tinha.Mas Letícia achava que aquilo não era suficiente. Uma casa não era apenas um lugar para se morar. A participação do dono no processo de criação era essencial para que o espaço tivesse alma e se tornasse um verdadeiro lar. Caso contrário, seria apenas mais uma construção de concreto e aço.De volta à Cidade Zimpeto, Letícia tentou marcar uma

Letícia procurou em sua memória várias vezes, mas simplesmente não conseguia se lembrar de quando ou onde havia encontrado Pablo. Se ele dizia que gostava dela em segredo, então era certo que já tinham se visto antes.Pablo ouviu a pergunta dela e soltou uma risada leve:— Já nos vimos, sim.— Onde? Quando? — Letícia insistiu.— Acho que cinza claro ficaria ótimo. Dá um ar sofisticado. O que você acha?Estava claro que Pablo não pretendia responder à pergunta dela. Ele não queria dizer mais nada, e Letícia só pôde desistir do assunto:— Certo, vou mandar os desenhos atualizados para o seu celular.Nesse momento, o celular de Letícia tocou. Era Nanda. Apesar de não estar com vontade de atender, Letícia sabia que não tinha escolha.Assim que atendeu, Nanda já começou, sem rodeios, a perguntar:— Letícia, você já encontrou com ele? E aí, como foi? Deixa eu te dizer, o Pablo é ótimo. Um cara de caráter, bonito, ganha bem... Se você casar com ele, vai viver no paraíso, menina!O celular de

Quando Pablo sugeriu um jantar, ele realmente só levou Letícia para comer. Depois da refeição, foi ela quem propôs dar uma volta pela rua de pedestres.Com um copo de café quente nas mãos, Letícia e Pablo caminhavam lado a lado no meio da multidão.— Que pena que hoje não nevou. A propósito, Pablo, costuma nevar por aqui nessa época? — Perguntou Letícia.Há muitos anos ela não passava o Natal em sua cidade natal. Na sua memória, a última vez que ela viu neve foi quando ainda estava no ensino médio.Pablo ficou surpreso com a pergunta, mas logo balançou a cabeça, um pouco sem jeito:— Não sei.— Não sabe? Você não estava aqui?— Não, eu viajei para Cidade Chimoio.— Cidade Chimoio? Foi a trabalho?Letícia perguntou por pura curiosidade.A conversa parou ali, pois Pablo parou de andar. Ele ficou parado, olhando para Letícia, cujo rosto estava levemente avermelhado pelo frio:— Fui para te ver.Letícia ficou sem palavra.— No Natal passado, você estava na escola com ele, ajudando os inter

Quando Chris e Natalie chegaram ao hospital, a primeira coisa que viram foi Letícia, com a roupa manchada de sangue. O casal a examinou de cima a baixo várias vezes, apenas para ter certeza de que ela não estava ferida. Só depois disso eles conseguiram respirar aliviados.Mas, logo em seguida, os pais de Pablo chegaram. Diferente de Chris e Natalie, eles tinham expressões extremamente tensas. Apesar disso, a mãe de Pablo, Ana, foi até Letícia e segurou firme as mãos dela:— Você deve ter ficado assustada, não é? Não se preocupe. O Pablo é forte, ele vai ficar bem. Foi só um corte, nada grave.— Me desculpe... Ele se machucou para me salvar. Me desculpe...Letícia perdeu o controle novamente. Ela abaixou a cabeça, como se tivesse cometido um erro imperdoável, sem coragem de olhar Ana nos olhos.As pessoas ao redor perceberam que não adiantava dizer nada naquele momento.O tempo parecia se arrastar. Quando a luz da sala de cirurgia finalmente se apagou e o médico saiu, Letícia foi a prim