GiaEm nosso mundo existem três tipos de pessoas ou criaturas com raciocínio: os metamorfos ou licantropos, as fadas e as bruxas. Por supuesto, dentro de cada grupo de criaturas há muitas diversidades que nos caracterizam: pessoas fortes, poderosas, com habilidades extraordinárias, ou fracas e frágeis.Desde menina, tenho sabido que sou do tipo raro, aquele que tem habilidades pouco comuns, inclusive únicas. Há mais de uma década, descobri que Gael também as possui, mas tenho guardado o segredo. Gael, esse menino órfão que nunca recordou sua origem, tornou-se alguém muito importante em minha vida.Desde o dia em que meu pai levou Gael para casa e o converteu em mais um membro de nossa família, ele sempre esteve comigo em todos os meus eventos especiais. Foi Gael quem me ensinou a caçar, a andar de bicicleta, a cozinhar e quem me ajudava com minhas lições acadêmicas. Sempre esteve presente para limpar minhas feridas quando eu caía, assim como para me consolar enquanto elas saravam. Ele

GiaO chão parece gelatina sob meus pés, o que dificulta minha caminhada. Não quero que Gael perceba meu nervosismo, mas como disfarçar esse turbilhão de emoções?Apesar de tudo o que aconteceu entre nós, aprecio muito Gael. Ele sempre me protegeu, me ofereceu sua amizade e me ensinou quase tudo o que sei. Estar tão distante dele me dói, não só por minha paixão, mas também pelo que éramos antes da minha confissão.Gael sobe minhas malas no porta-malas em pleno mutismo, então se apressa em abrir a porta do copiloto para mim. A tensão é sentida no ar, mas também o nervosismo, já que nenhum dos dois sabe como abordar o outro.Entro no veículo com gestos tímidos e evito olhá-lo, em vez disso, decanto em focar minha atenção no vidro da porta. Sei que devo superar esse assunto e tentar, pelo menos, que não haja tensão entre nós; no entanto, a realidade é que não sei como agir diante dele.Encolho-me no meu lugar ao me sentir examinada por Gael, por essa razão, colo-me à janela de uma forma

GiaEsfrego meus olhos várias vezes e me assusto quando a escuridão do meu quarto me recebe.Dormi!Levanto-me da cama e acendo a luz, então solto um soluço. Toda a minha roupa está espalhada sobre o colchão e no chão. Por que tive que adormecer enquanto a desempacotava?«Gia?» Ouço a voz do papai do outro lado da porta.Papai!Apesso-me a abrir para ele e, uma vez que ele entra, jogo-me em seus braços, pulando de alegria. Agarro-me ao seu corpo grosso como se minha vida dependesse disso. Estou muito feliz em vê-lo, pois sua última visita foi há uns três meses.«Senti tanto a sua falta, papai!»«E eu a sua, travessa», responde divertido.«Cada vez mais galã; mamãe deve estar de olho em você, já que deve ser a sensação da alcateia. Nunca vai ficar maduro, senhor alfa?»«Maduro? Estou nos meus melhores anos. E sua mãe não precisa se preocupar, pois sabe bem que só tenho olhos para ela.»«Sim, porque mamãe também não fica para trás.»«E você puxou a linda pele mestiça dela. O que farei c

Narrador OniscienteA garota de cabelos ruivos avança entre as árvores, como se procurasse alguma resposta ali.«Isso será muito difícil. Esses malditos lobos selaram muito bem a proteção.»Ela caminha no meio da floresta e prepara seus artefatos de magia. Sorri ao sentir uma energia poderosa e paranormal, o que lhe indica que está na parte principal da barreira invisível. De imediato, a alegria e a esperança a invadem, então ela corre mais para dentro, buscando aquilo que irradiava aquele poder. Um brilho incomum capta sua atenção, ela fica um longo tempo atordoada diante da beleza das luzes em tom dourado e prateado, até que decide sair de seu transe de fascinação para investigar de onde provém aquele brilho.Com passos apressados e ansiosos, ela se aproxima do resplendor, mas para de repente ao notar uma mulher imóvel à sua frente. Seus cabelos brancos e lisos se estendem como um rio de prata sobre o chão, e sua pele, tão delicada quanto a porcelana, parece não pertencer a este mun

GiaEm minha forma de loba, corro em meio às árvores. Sinto-me tão livre. A brisa acaricia meu pelo prateado, e o cheiro de terra molhada pelo orvalho e o suave contato com as folhas ao passar são o melhor "bom dia" que preciso.Conduzo-me pela paisagem natural imersa no deleite de uma bela manhã, e minhas patas saltam no ato enquanto meu coração palpita frenético dentro de mim, cheio de vida. Adoro a liberdade que minha forma de loba me presenteia, o quão forte me sinto ao poder dar grandes saltos sem limitações e o quão divertido é fazer tudo o que minha forma humana me impede.Termino minha corrida matinal em frente ao rio, então bebo para saciar minha sede.«Não sabia que você madrugava», diz alguém por telepatia, que é a única maneira de nos comunicarmos quando estamos transformados em lobos.Esse processo de falar por telepatia só podemos fazer em nossa forma lupina, a menos que estejamos falando com o alfa, um familiar muito próximo ou nosso companheiro de vida. A este último,