Dias haviam se passado e a investigação estava em curso. Muita coisa foi descoberta, mas Norma mantinha tudo em segredo, alegando que só mostraria os resultados quando tivesse todas as provas em mãos. O clima tenso ainda perdurava na empresa, mas fora dela a vida seguia normalmente. Naquela semana seria a festa de aniversário de Pedra Moura, e teriam 3 tipos de comemoração: a abertura da semana de festas no domingo, na quarta a festa com atrações e músicos de fora e no sábado o encerramento. Durante toda a semana haveria circos e atrações mais simples para o povo, e os comerciantes fechariam mais cedo para que todos pudessem aproveitar ao máximo. Era assim desde que Helena se lembrava: a cidade toda ficava em clima de festa a semana inteira e, na semana seguinte, começavam as festividades de fim de ano. Era a época mais feliz. A cidade inteira ficava iluminada, o Papai Noel descia pela torre da igreja central com cordas, distribuía presentes, tirava fotos com as crianças... tudo se

Helena estava sozinha no quarto do hospital. Depois da breve conversa com Jonas, havia pedido para ele ir embora mais cedo, para não encontrar sua família no corredor do hospital. Ela não sabia se quem viria seria sua irmã, sua avó ou sua prima Alana, então decidiu não arriscar. Ainda sentia uma leve dor no braço; havia feito algumas escoriações leves quando caiu no asfalto, mas isso não a preocupava. A única coisa que vinha em sua mente era o senhor que foi atingido pelo carro. Havia perguntado sobre ele para a enfermeira, que disse não ter notícias ainda, mas que assim que tivesse, viria lhe contar. Não demorou muito para sua avó aparecer no quarto. Ela estava certa ao mandar Jonas embora; se os dois se encontrassem ali, haveria brigas e muita discussão. - Bênção, vó! - Deus te abençoe, minha querida. Como você está? Se machucou muito? Como isso foi acontecer? Norma pergunta, visivelmente abalada. - Calma, vó. Eu estou bem, só machuquei um pouco o braço... Ela fala sem

Helena passou a noite pensando em seu irmão. Entendia a revolta dele, mas isso não lhe dava o direito de se meter em sua vida daquela forma. Ela olha para o celular: já é uma da manhã, mas ainda não conseguiu dormir nem um minuto sequer. Cansada de andar sem rumo pela casa, liga a TV do quarto e assiste a um dorama até o amanhecer. Assim que os primeiros raios de sol surgem, ela toma um banho e prepara o café. Sabe que ainda é muito cedo, mas a ansiedade só aumenta, então decide mandar uma mensagem para Jonas, pedindo para encontrá-lo ainda naquela manhã. Ela acredita que ele vai demorar para responder, mas, para sua surpresa, minutos depois chega a resposta: "Passei a noite pensando em você, me perguntando se deveria te procurar. E quando decido te mandar mensagem, vejo teu nome na tela do meu celular. Estamos conectados até na saudade. Daqui a pouco chego aí, não vou demorar!" O coração de Helena dispara. Ela olha para o café e sabe que não vai conseguir comer nada, então gua

- Então fale, Vicente! Norma fala enquanto arruma o corpo no sofá, tentando acalmar seu nervosismo. - A loja de móveis sob medida que abriu no centro... É deles e é pra lavagem de dinheiro. E o roubo dos móveis Viana, foram eles que orquestraram. Além disso, os móveis que eles estão fazendo, que são tão parecidos com os de vocês, são desenhados pelo mesmo designer que trabalha pra vocês, ele está ganhando muito dinheiro pra passar os trabalhos de vocês pra eles... - Isso eu já sabia. Foi por isso que pedi essa reunião com você. Helena disse que poderíamos confiar em ti, então decidi pôr à prova, iria pedir tua ajuda para provar que eles estão por trás disso tudo, mas agora vejo que ela tem razão. Norma fala enquanto encara Jonas, que dá um leve sorriso. Ele está virando o jogo. Aquela família que tinha tantas reservas sobre ele, agora começa a abrir as portas. - Por que a senhora não me contou que já sabia sobre o roubo, vovó? - Eu precisava ter certeza de algumas coisas, H

Helena abre a porta e vê Vicente parado com uma bandeja na mão. - Mano, por que não me chamou? Eu ia comer com você - É que eu queria fazer algo diferente. Que tal a gente comer na sala de cinema? Helena sorri. Ela não está com fome nem com vontade de assistir a qualquer coisa, mas também não quer chatear o irmão, que tem se esforçado tanto para agradá-la. - Claro, pode ser. Deixa eu te ajudar com isso... Ela pega dois copos enormes de refrigerante que estavam sobre a bandeja e eles vão até a sala de cinema que Helena mandou construir antes de se mudar. Não é uma sala grande, mas é aconchegante. Tem seis poltronas enormes que cabem duas pessoas em cada, uma televisão imensa, dois banheiros e um frigobar. Essa é a primeira vez que irá usar a sala. Havia imaginado mil situações para estrear aquele lugar com a família, mas nunca passou por sua cabeça que seria daquele jeito. Helena se senta em uma poltrona no meio e Vicente senta ao seu lado, colocando a bandeja entre os d