Posso senti-los.

Eles estão por aqui.

Lua Griffin correu pelas ruas movimentadas desesperada, tentando não ser encontrada.

Preciso fazer alguma coisa agora ou serei pega.

Ela pensava olhando ao redor, sua cabeça doendo pela invasão de tantas vozes e sentimentos em sua cabeça.

Ser uma empata e uma telepata dentro da cidade grande era assustador.

Ela avista um bar noturno abarrotado de gente.

Ali, está aberto.

Mas está tão cheio...

Ela sente seus perseguidores se aproximando.

Droga tem que servir.

A jovem ruiva de vinte e cinco anos correu desesperada para sair das ruas para se misturar a multidão, se deparando com um porteiro.

Rapidamente ela puxou uma nota o entregando para que ele a deixasse passar.

Rápido, rápido, por favor.

Ela orava em pensamento e assim que ele deu permissão, ela entrou correndo.

Sua cabeça latejava com as vozes reverberando em sua cabeça.

Ela esbarrava nas pessoas pelo caminho, se desculpando apressada.

-Desculpe.

Ela tentava conter o medo crescente com as vozes e pensamentos que a invadiam a cada passo que dava, incluindo os pensamentos de seus perseguidores.

Podia senti-los por perto e precisava fugir com urgência.

Não queria voltar para sua aldeia.

Seu clã.

E seu pretendente chefe de clã que nunca viu mais gordo.

Lua continuou a correr, tropeçando e esbarrando aqui e ali, até que perdeu o equilíbrio a ponto de quase cair.

Só deu tempo de fechar os olhos esperando o impacto, que não veio.

Silêncio.

As vozes desapareceram como um passe de mágica.

A única coisa que Lua sentiu foi um braço forte lhe apoiando pela cintura.

Ao abrir os olhos se viu observada por um lindo par de olhos escondidos por óculos escuros.

Óculos escuros a noite e dentro de um bar escuro?

Que cara estranho.

Mas...

Lua o encara sentindo o coração acelerado, percebendo que os sons ao redor cessaram.

Ela podia sentir uma corrente elétrica lhe atravessando o corpo inteiro através do toque do homem misterioso.

Curiosa ela ergueu a cabeça ainda mais para vê-lo melhor.

Seu coração falha uma batida.

Os longos cabelos negros dele lhe caiam na altura dos ombros e seu tórax era firme e forte como uma pedra.

Lua se afasta sem jeito, colocando uma mexa de seus cabelos ruivos atrás da orelha enquanto desvia os olhos verdes dos dele.

Mas no momento que o toque dele acabou, todos os sons, sensações e vozes retornaram com força a deixando-a levemente tonta.

Ele a apoia pelo braço a observando calmamente.

-Você está bem?

A voz grave reverbera por seu corpo numa caricia morna.

Que gato...

A cara, eu preciso me recompor.

Lua se repreende mentalmente.

- Desculpe... e... obrigada... estou sim, obrigada.

Ele a observa em silencio, um sorriso maroto e discreto brinca em seus lábios.

Como um tapa mental ela lembra de sua situação e se afasta.

-Eu tenho que ir, tchau.

Ele sorri levemente, o que faz seu coração falhar mais uma batida.

-Tranquilo... Sabe gatinha, a pressa é inimiga da perfeição. Se bem que...

Ele a olha de cima a baixo a fazendo se arrepiar.

Estou sentindo-os chegando, preciso muito ir embora daqui.

Ela olha ao redor nervosa, mordiscando o lábio inferior suavemente, o que mexe com o lobo dele.

Ela...

Ele podia sentir em seu cheiro que algo estava errado com ela e por algum motivo, seu lobo estava o instigando a ajuda-la.

Do que ela está fugindo?

Eu pude farejar seu medo a distância.

Ela cora sem jeito, voltando a encará-lo, pois ela podia sentir o interesse dele perfeitamente, acariciando sua mente com sua empatia.

Mas ela não tinha tempo para isso, o medo a dominava e ela não queria envolver ninguém em seus problemas.

Desesperada ela se afaste e sai correndo de um lado a outro, ouvindo risadas, vozes altas e as vozes em sua cabeça.

Péssimo lugar para fugir...

Droga, tem tanta gente...

Eram tantos sons que sua cabeça parecia que ia explodir.

De repente alguém lhe toca o ombro e o silêncio impera novamente, a fazendo erguer o olhar entre surpresa e assustada.

-Vem comigo, vou levar você a um lugar seguro.

O lindo homem de óculos vira levemente para dois homens altos atrás dele.

-Siros, Collin.

Seu coração acelera ao ver o lindo homem de antes.

Ela o encara percebendo finalmente.

De alguma forma ele podia lhe silenciar as vozes, deixando apenas as presenças e as vozes pronunciadas.

Sua mente estava em total silêncio.

- Sim... eu pude sentir.

Um dos homens olha para ela sem expressão.

-Não se preocupe, não mordemos.

Comentou sua voz soando gentilmente, Siros.

Este tinha o cabelo curto e usava uma jaqueta de couro enquanto o homem de óculos usava um blusão preto sobre uma blusa esverdeada.

-Só se você pedir pra gente, gata.

Brincou o terceiro homem, sorrindo para tranquiliza-la.

Collin era asiático e usava uma jaqueta jeans.

Ela cora levemente, finalmente percebendo os companheiros do belo homem misterioso a sua frente, ficando sem jeito.

-Ei gata, o que te afligi?

Collin a encara preocupado.

-Na... nada... eu... eu só preciso ir... tchau.

Nervosa ela tenta se afastar, mas o aperto em seu braço a mantem firme.

-Vamos tirá-la daqui.

Falou o primeiro homem, o de óculos escuros, ainda segurando o braço de Lua com firmeza.

Os dois outros concordam ficando mais sérios.

De repente o homem misterioso escorrega a mão para o pulso dela e sai andando, com os outros dois em seu encalce.

- Ei, me solta.

Lua tenta puxar o braço e o homem de óculos escuros a encara friamente.

- Sabemos que está com medo de alguma coisa. Vamos te levar à um lugar seguro. E se você quiser nos contar do que está com medo, seremos todos ouvidos.

- Mas... é perigoso.

- Pode se dizer, gatinha. Que nós gostamos de rir na cara do perigo.

Comentou Collin risonho.

Ela tenta puxar a mão novamente, nervosa.

Ela sente uma vibração diferente vir deles.

Eles não são humanos...Mas...

Mesmo percebendo que eles não sejam humanos, ela estava com receio de envolver estranhos em seu mundo.

O homem que lhe segura o pulso com firmeza para a encarando friamente.

- Olha se não quer ajuda, beleza. A levaremos para o outro lado do bar e você mete o pé para aonde quiser, se quiser.

- Olha gata, estamos tentando ajudar, você pode confiar em nós, não lhes faremos mal algum.

Comenta Collin angustiado ao lado de Siros que apenas os observa em silêncio.

Ela sente novamente a urgência de sair de lá, seu coração martelando no peito, acelerado.

Nervosa e assustada ela acena com a cabeça, sacodindo os longos fios vermelhos desesperada.

Em silêncio ela os segue para as escadas da boate.

Eles seguem para a área VIP em silêncio, entrando em um cômodo cheio de instrumentos, trancando a porta em seguida.

Eles a guiam até uma cadeira se sentando espalhados pela sala, ao redor dela.

Menos o asiático, que antes de sentar pega quatro cervejas do frigobar, tacando uma para cada um de seus amigos, que pegam instantaneamente no ar.

Lua engole em seco os observando apreensiva.

O homem asiático se senta próximo a ela e abre mais duas cervejas, entregando uma a ela, sorrindo gentilmente.

Ela suspira pegando a cerveja.

Collin e Siros deixando apenas seu Alfa falar com a jovem assustada.

O homem a observa friamente lhe causando arrepios.

- Por que uma bruxa está fugindo com tanto medo? E quem a persegue para deixa-la assim?

Ela o encara por um momento, engolindo em seco.

Eles de fato, não eram humanos. Mas, o que eles eram?

Ela não sabia dizer nunca havia sentido esse tipo de presença antes.

- Diga, bruxa.

Ela se encolhe com a ordem na voz fria, mas se recompõe enquanto tenta acalmar a mente para não ouvir os pensamentos deles.

- Me... Meu nome não é bruxa. É Lua, senhor não humano.

Ele sorri com sua coragem, o que a faz sentir algo estranho na barriga.

- Lua hein... ok. Lua, desembucha.

Ela mordisca o lábio inferior nervosa, cogitando se deve ou não contar, quando percebe os olhos do homem de óculos pousarem em seus lábios.

Lua se remexe na cadeira inquieta e nem percebe até que está falando.

- Eu... estou fugindo do meu clã... eles... eles querem que... eu me case com o líder do clã...

- E qual é o problema? Não gosta dele ou ele é feio?

Ela abaixa a cabeça tentando criar um espaço pessoal.

- Eu não sei... Eu que eu nunca o vi de verdade. Nunca sem nosso manto. E só estivemos no mesmo ambiente durante as reuniões do clã.

Todos a encaram chocados e ela conclui remexendo as mãos na garrafa fria.

- Em outras palavras, nunca vi seu rosto e sequer falei com ele alguma vez.

O olhar do de óculos suaviza.

- É, realmente não é legal ser forçado a algo que não queremos.

- É por isso que fugi.

Ela ergue o olhar angustiada.

- Entendo. Enfim, devo nos apresentar então, pequena e bela bruxa...

O homem de óculos cruza as pernas grossas sob a calça jeans.

- Estes são Collin meu ômega e Siros meu beta. Eles são meus homens e minha banda.

Collin sorri gentil dando um tchauzinho, enquanto Siros apenas move a cabeça em um suave sinal.

- E eu sou Damon, um alfa do que vocês humanos chamam de Lobisomens.

Os lábios de Lua se entreabrem e seus olhos se arregalam, em surpresa.

- Licans?

Eles a observam em silêncio e ela cora sem jeito.

- Desculpem. É que nunca vi nenhum dos de sua espécie até hoje, e apenas pude ler a respeito sobre os de sua espécie nos nossos livros.

Damon retira os óculos escuros, revelando um par de olhos de esmeralda e a observa com um sorriso suave e malicioso nos lábios.

- Você nos teme?

Ela congela encarando os profundos olhos verdes, negando com a cabeça.

Sua atitude faz Damon sorrir ainda mais, fazendo o coração dela saltar uma batida.