21SOLANTESE eu sei o que há depois da curvaPode ser difícil de enfrentar, porque estou sozinhaE eu provavelmente irei falharMas Deus sabe que eu tenteiTão claro quanto as estrelas enchem o céuStand Up - Cynthia ErivoQuando fiz dez anos, descobri o racismo. Eu era uma menininha gordinha, negra, com cabelos trançados, já era alta e sempre andava arrumadinha, “pobre, mas arrumada”, mamãe dizia, e limpa.Meu pai era o homem mais forte que eu conhecia, mas sempre que me via sair de casa, dizia, “seja educada, paciente e fale baixo, seja sempre mansa, não discuta, mesmo certa, apenas venha até mim, eu resolvo”, e eu não entendia.Eu não entendia o porquê nos seguiam nos mercados, mesmo bem arrumados, mas não seguiam minha mãe, ou a tia Marina e o tio Carlos, mas fiz 10 anos, e os cochichos ficaram mais altos sobre meu cabelo, pele, boca, corpo. Se não era depreciando, era sexualizando; era podre, nojento, e eu queria gritar.Mas, não podia, papai dizia: “seja comedida, seja superi
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