Christine Conway — Mamãe a senhora está se sentindo bem? — Celine pergunta enquanto terminamos de jantar. A minha mini adulta é muito atenta e deve ter notado o quanto meu olhar esteve fixo em ambos desde que nos sentamos pra comer. — Estou meu amor. Agora coma todos os seus legumes que hoje tem sorvete de sobremesa pra quem comer tudo — ambos festejam e começam a comer com mais empolgação enquanto eu me preparo psicologicamente pra conversar com eles. Não posso mais adiar isso. Após o jantar e eles terem devorado os seus sorvetes os dois estavam na sala vendo algum programa enquanto eu estava arrumando a cozinha. Peguei o controle da televisão e desliguei ela. — Mãe não. Ainda não deu o toque de recolher — Christian ralha e eu rio de sua atitude pois é quase semelhante a do Simon. Como eu nunca percebi? — Eu sei. Mas preciso conversar com vocês dois. — Me acomodo na nossa mesa de centro e peço que os dois se sentem de frente para mim um do lado do outro. Seguro a mão de cada u

Mark HarrisMe apoio na lateral do meu Mustang enquanto acendo um cigarro pra relaxar, afinal os planos estão indo de vento em poupa. Só mais um pouco e eu vou poder finalmente ir embora desse lugar e nunca mais dar a caras por aqui. Só preciso terminar de ferrar um pouco mais com a desgraçada da Christine e ganhar muito dinheiro, e aí sim poderei viver o resto da minha vida como o rei que eu sou. Não que a Christine seja uma má pessoa, mas é como dizem por aí, todos os dias sai um idiota e um esperto de casa, você só precisa escolher quem quer ser. E eu prefiro ser o esperto.Ela quase conseguiu empurrar aqueles dois pentelhos pra cima de mim, mas desde o princípio eu sabia que não eram meus e meus pais também, tanto é que nunca se aproximaram das crianças, todos achando que é por vergonha, quando na verdade é por um simples motivo, eles não são meus. Não nasci pra ser pai e sequer desejo isso pra minha vida, aquele acidente que sofri na adolescência só veio a calhar. Eu sabia que g

Christine Conway — Conway você tem visita no salão — um de meus colegas me informa enquanto termino de cortar os legumes que serão necessários durante o dia de hoje. Como é segunda-feira o restaurante não está tão agitado, mas pelos vistos alguns clientes apreciam dias assim para vir almoçar, sem contar com o movimento da cidade, já que é consideravelmente maior em relação a Sutter Creek e que possui várias filiais de grandes empresas. — Tudo bem. Obrigada — limpo as mãos no avental e saio pela porta após me livrar dele, porque se tem algo que Denver preza é que estejamos apresentáveis enquanto circulamos pelo salão. Olho em volta em busca de alguma cara conhecida até que escuto uma voz que reconheceria em qualquer lugar do universo. Christian!Caminho até a mesa e vejo os quatro entretidos olhando os cardápios e finalmente alguém me nota.— Mamãe — Celine levanta e corre pra me abraçar — a senhora também vai almoçar com a gente? — Beijo os cabelos dela tentando me acalmar para não e

Simon Donavon Continuo petrificado olhando o rosto repleto de repulsa e uma expressão de dor que jamais vi antes. E estar consciente disso me rasga por dentro, jamais imaginei que fosse possível compartilhar a dor de outra pessoa sem sequer estar no corpo dela. E meu cérebro continua processando o que ela acabou de falar mas é como se minha mente estivesse se negando a aceitar essa informação por mais explícita que esteja na dor que ela sente se abrindo de dor. — Christine do que você está falando? — Pergunto me afastando da porta pela qual eu estive prestes a sair e ir embora. Ir embora, fugir, assim como ela jogou na minha cara a minutos atrás. — Me explica do que exatamente você está falando — peço parando exatamente a frente do corpo frágil que não para de se contorcer devido aos soluços que solta enquanto chora. — Foi a dez anos na noite de formatura da nossa turma. Você mais do que ninguém sabia o quanto eu estava ansiosa por aquela noite, não só pela noite em si mas também

Simon Donavon — Ela já está acomodada no quarto — minha mãe informa logo depois de se juntar a nós no sofá da sala de estar onde me encontro com meu pai, irmã e James. — Ela disse que assim que estiver cem por e liberada pelo médico irá voltar pra casa dela. — Ela não vai a lugar nenhum mãe — me exalto falando alto — pelo menos não enquanto não acharmos Mark Harris. Não quero que se assustem mas é por uma questão de segurança dela e dos meus filhos. — Mas o que você quer com esse homem Simon? Já não basta tudo o que ele fez por dinheiro? Ele deve estar bem longe usufruindo dos milhões que você deu a ele — minha irmã diz transtornada pois ela foi a que mais ficou indignada quando soube do dinheiro que eu tive que desembolsar pra fazer aquele lixo abrir a boca. — Vocês não entendem — digo com amargor na boca ao me lembrar das palavras da Christine que continuam ecoando no interior da minha cabeça desde aquele dia. — Então me explica — estava prestes a falar quando fomos interrompid