Capítulo 151 — RadianteNarrador:O sol mal começava a se infiltrar pelas cortinas quando Aylin abriu os olhos e, pela primeira vez em muitos dias... sorriu sem reservas. Ela não precisou fingir que estava bem. Não precisou engolir seus sentimentos. Na noite anterior, finalmente, ela o sentiu perto. Roman.Sua voz, sua maneira de falar com ela. Seus olhos e a maneira como a devoravam com o olhar eram intensos, mesmo do outro lado da tela.E mesmo estando a milhares de quilômetros de distância, ele a tocara como só ele sabia fazer. Com palavras, com fogo, com aquela intensidade que a fazia tremer até o último canto do corpo.Levantou-se com uma energia quase absurda. Tomou um banho rápido, escolheu roupas confortáveis, mas bonitas, e até se maquio um pouco, algo que não fazia desde que voltara. Olhou-se no espelho, ajustou o cachecol azul que usava no pescoço como um segredo e saiu de casa com passos leves.Aylin entrou na fábrica com um sorriso que não desaparecia nem que quisesse.Cum

Capítulo 153 — Que surpresa!Narrador:Aylin fechou a porta da casa com a chave ainda na mão. Tinha deixado o cachecol azul na fábrica, esquecido entre pastas, e se repreendia por ter saído com tanta pressa. A tarde tinha passado voando na casa de Santiago, e agora tudo o que ela queria era trocar de roupa e sentar-se um pouco para respirar.Mas assim que deu um passo dentro da sala, algo a fez parar.Não era um som, era o ar. Porque ali, no meio da sua casa, estavam duas figuras que não deveriam estar.Sasha e Eros.— Surpresa!A mala dela estava ao lado. A mochila dele estava meio fechada. Os olhos... os olhos completamente vermelhos.— Sasha? — sussurrou Aylin, deixando a bolsa cair no chão sem olhar.Sasha, em pé, rígida. Eros atrás, um passo atrás, como se a estivesse segurando.A adolescente deu um passo à frente. Ela estava com os cabelos soltos e os olhos vermelhos, o rosto pálido e a mandíbula tão tensa que parecia que ia quebrar.— Aylin — disse ela, num sussurro — Eu...Ayli

Capítulo 155 — Estou aqui, trancado.Narrador:A noite havia caído sobre a cidade com uma calma enganadora. Chovia levemente. Uma daquelas chuvas finas e persistentes que não limpam nada, apenas encharcam a alma, grudando os cabelos na pele e transformando as ruas em espelhos quebrados de luz artificial.No último andar de um prédio um pouco deteriorado, Miranda Adler servia-se de um copo de vinho tinto com movimentos lentos. O relógio marcava 21h40. A garrafa estava meio vazia. O apartamento cheirava a umidade, a confinamento, a documentos velhos.Uma música suave tocava no telefone, esquecido sobre a bancada: algo melancólico, talvez francês, que flutuava sobre o zumbido constante da geladeira. Ela havia trabalhado a tarde toda nos papéis do julgamento e ensaiado cada uma de suas palavras com precisão, aquelas que declararia em poucos dias no tribunal.O processo pela custódia de Sasha estava em andamento, e seu advogado havia prometido uma resolução rápida. Ela já se via vencendo.

Capítulo 157 — Uma pulseira incômodaNarrador:Dois dias após o enterro de Miranda, a sala do tribunal estava repleta de murmúrios baixos e olhares cruzados. Os advogados da acusação cochichavam entre si, lançando olhares severos para Gabriel Márquez, que permanecia de pé, impecável, diante do tribunal. Ao seu lado, Roman Adler parecia estar em uma reunião de negócios: terno escuro perfeitamente ajustado, mãos cruzadas atrás das costas, rosto impenetrável.O juiz folheava os papéis com expressão séria, batendo suavemente na mesa com a tampa da caneta. Finalmente, ergueu os olhos, ajustando os óculos.—Senhor Adler, este tribunal autoriza sua saída em liberdade condicional, limitada a prisão domiciliar com monitoramento eletrônico permanente.A promotoria franziu a testa. O juiz continuou, sem olhar para eles.—As acusações contra o senhor permanecerão em vigor enquanto durar a investigação. Qualquer tentativa de abandonar sua residência sem permissão explícita será considerada uma vio

Capítulo 159 —Você não é uma criançaNarrador:Eros não tinha fechado os olhos a noite toda. Era madrugada, o quarto estava cheio de luz cinzenta, e ele lavou o rosto, respirou fundo diante do espelho e se olhou fixamente.—Vamos lá, caramba... você consegue.Voltou para a mesa, pegou o celular e discou. Três toques.—Alô? — respondeu Roman, com sua voz grave, rouca, meio sonolenta, meio carregada de preocupações.—Roman, sou eu, Eros.Um breve silêncio.—Sim, Eros, seu nome aparece na tela, digo, caso você não saiba, mas o que está acontecendo? — a voz de Roman ficou um pouco tensa, como se já intuísse que não era uma saudação trivial.—Sim, tudo bem, tanto faz. Escute, sem rodeios: tenho algo para você. Algo importante. Estive revisando os arquivos, movendo algumas peças, e encontrei falhas. Inconsistências nos casos que estão sendo jogados em cima de você.Outro silêncio, mais longo desta vez.—Eros... —disse Roman finalmente, com aquele tom baixo e perigoso —O que diabos você está