Capítulo 271As portas do elevador abriram. Assim que saiu, Amélie ouviu vozes conhecidas no corredor. Parou por um instante, mantendo o olhar fixo no celular para não levantar suspeitas.— Preciso descobrir quem é a mulher na filmagem — disse Harris em voz baixa para o subordinado.Ela arqueou uma sobrancelha, disfarçando o sorriso. Então era isso. Tinham visto algo nas gravações.Quando as portas do elevador se fecharam atrás dela, Amélie abriu discretamente a bolsa. O pequeno frasco de comprimidos que havia usado para envenenar o pai ainda estava ali, como um troféu. Tocou-o com a ponta dos dedos e sussurrou:— E ainda querem me pegar...O painel do elevador piscava que haviam parado no andar do refeitório. Ela apertou o botão do elevador e foi para o andar do refeitório. Assim que chegou, sentiu o cheiro de café fresco e pão quente. Funcionários conversavam animadamente.— Onde estão as filmagens? — perguntou o assistente, aproximando-se de Harris, em tom quase conspiratório.— Sa

Capítulo 273A dor parecia não ter fim. Scarlett apertava com força a mão de Matthew, seu rosto estava suado e os cabelos grudados na testa.— Está indo muito bem, Scarlett — disse a médica com voz firme e tranquilizadora. — Respira fundo, mais uma vez... isso...Matthew estava ao lado dela, segurando sua mão, o coração estava acelerado e os olhos marejados.— Você é incrível, amor. Já está quase lá — sussurrou, beijando-lhe a testa.Ela gritou, exausta, e naquele instante o choro agudo de um bebê ecoou pela sala. A médica sorriu, levantando o pequeno nos braços.— É um menino! Um garotão saudável — anunciou com alegria.Scarlett deixou escapar uma risada fraca, entre lágrimas. Matthew levou as mãos ao rosto, sem conseguir conter a emoção.— Meu Deus… — murmurou, a voz embargada. — Nosso filho… Meu garoto...A enfermeira limpou o bebê com delicadeza e o envolveu em um cobertor azul-claro antes de entregá-lo aos braços da mãe. Scarlett olhou para o rostinho rosado e minúsculo.— Oi, me

Capítulo 275Em seu apartamento, Aurélie entrou como um furacão. Colocou a mão no vaso de flores sobre a mesa e o lançou contra a parede, fazendo os estilhaços se espalharem pelo chão como fragmentos do seu próprio orgulho despedaçado.— Não é possível que o destino esteja contra mim! — gritou, ofegante, o peito subindo e descendo em fúria.Ela se apoiou na mesa, tentando recuperar o controle. As flores caídas, o perfume doce misturado ao som do vidro quebrado... tudo parecia zombar dela.— Eu fiz tudo certo… tudo! — murmurou entre dentes, passando a mão pelos cabelos desarrumados. — E mesmo assim, ela vence… sempre vence… Por quê?Por um instante, Aurélie fechou os olhos. O ódio latejava sob sua pele, quente e vivo como uma chama prestes a consumir o que restava da sua razão.Ela escorregou até o chão, seu corpo estava trêmulo. Abraçou os joelhos com força, o olhar perdido em meio aos cacos espalhados. As lágrimas escorriam silenciosas até os lábios trêmulos, e ela começou a se balan

Capítulo 277A curva estava bem à frente. A estrada estava vazia, perfeito para o momento que Aurélie escolheu. Ela colocou a mão na bolsa, sem pressa, como quem saboreia seus próprios pensamentos malignos.Ela sorriu, um sorriso que não tinha nada de ternura.— Eu devo confessar que gostei de você, Oliver — disse, com a voz baixa. — Foi muito bom. E você será o primeiro Blake que vou matar.Oliver sentiu o chão desaparecer por um segundo.— Está louca, Aurélie? — perguntou, surpreso.Ela tirou da bolsa e ergueu a arma com uma calma mortal, apontando direto para ele. Aurélie estava estranhamente serena, como quem lê a última linha do capítulo final de um livro.— Louca? É, recebi esse diagnóstico ainda essa semana. O médico não teve tempo de me internar. Acabei com ele primeiro — sussurrou, e uma risada fria escapou de seus lábios. — Bom, chega de conversa. Diga suas últimas palavras antes de morrer — disse, rindo alto, com o olhar vidrado.Nesse instante, um clarão de faróis cortou a

Capítulo 279Durante a semana que se seguiu após a morte de Aurélie, o clima na mansão Blake parecia finalmente mais leve.Numa noite particularmente tranquila, Oliver ainda estava acordado. Todos dormiam, mas ele, acostumado a longas horas de trabalho e pensamentos inquietos, permanecia na sala assistindo televisão. Um som vindo dos fundos o fez virar a cabeça, parecia vir da cozinha.Curioso, ele se levantou e foi até onde se escutava o som. Quando empurrou a porta, encontrou Clarice em pé diante da bancada, com uma travessa generosa de pavê de frutas nas mãos. A colher parou no ar no exato momento em que ela o viu.— Eu... sinto muito, senhor Oliver... — gaguejou, com os olhos arregalados. — Eu só... precisava de um doce.Ele sorriu de leve, apoiando o ombro no batente da porta.— Não se preocupe, linda. Pode comer o quanto quiser. — respondeu, caminhando até a geladeira. Abriu-a calmamente, pegou uma garrafa de água e serviu-se.Enquanto bebia, observava-a de relance. Clarice comi