Capítulo 22 O treino seguiu intenso. Aurora atacava com velocidade crescente, os movimentos mais precisos, mais seguros. Cael não a poupava. Desviava com agilidade, a forçava a pensar, a mudar de direção, a se adaptar. Em determinado momento, ele a derrubou no chão com um golpe de alavanca. Ela caiu de costas, ofegante, mas não reclamou. Riu. — Você está me subestimando — disse ela, os olhos faiscando. — Eu estou moldando você — ele respondeu, estendendo a mão. Aurora a ignorou e se ergueu sozinha, limpando a terra das mãos. — Então vamos moldar juntos — desafiou. Eles treinaram por horas. Aurora aprendeu a usar as lâminas em dupla, a defender o ponto cego, a observar os padrões do inimigo e quebrá-los com inteligência. Em determinado momento, Jared se aproximou com um aceno. — A energia dela mudou, Alfa. Ela está conectada ao instinto. E ao seu — disse ele em voz baixa. Cael assentiu, orgulhoso. — É hora da próxima fase. Ele fez um sinal, e Jared jogou para Aurora uma espé

Capítulo 24 Cael observava a clareira pela janela de seu escritório. Ao seu lado, Aurora, vestida com roupas simples de treino, mantinha os braços cruzados, os olhos fixos em algo que só ela enxergava. Desde o desafio de Kane, os olhares sobre ela haviam mudado. Alguns com respeito. Outros com dúvida. Mas, acima de tudo, com atenção. — Estão falando — murmurou ela. — Eu consigo sentir. Cael não respondeu de imediato. Seu lobo estava inquieto, e o dele também. Não por medo... mas por antecipação. — Eles vão falar, sim — respondeu. — Quando o novo chega, os velhos ruem e protestam. Mas você não precisa se esconder disso. Você é o novo, Aurora. É a mudança. Ela respirou fundo, os olhos agora voltados para ele. — E você está pronto para enfrentar as consequências disso? Ele a encarou com firmeza. — Sempre estive. Nesse instante, batidas soaram na porta. — Entre — disse Cael, já esperando por Jared. O Beta entrou com feições fechadas e um envelope selado em cera negra. — É do Con

Capítulo 26E ali, no calor do peito do Alfa que agora era seu, Aurora fechou os olhos. Lucian podia vir com tudo que tinha. Mas ela não era mais a ômega indefesa de antes.Aurora virou-se de lado, seus dedos traçando o contorno do maxilar de Cael, firme como a lâmina que ele empunhara horas antes. A luz da lua prateava sua pele, revelando cicatrizes antigas, marcas de batalhas que ele sobrevivera e outras, mais recentes, que ela mesma deixara em noites como esta.— Você está pensando demais — ele murmurou, sua voz um rugido baixo que ecoou em seus ossos.Ela não respondeu com palavras. Em vez disso, deslizou a mão pelo peito dele, sentindo os músculos tensionarem sob seu toque. Cael não se moveu, mas seu olhar escureceu—o lobo nele despertando, reconhecendo o desafio silencioso.— É isso que vai acalmar você, Luna? — ele perguntou, os dentes brilhando em um sorriso predatório.Aurora sorriu de volta, deslizando para baixo do lençol. Suas unhas arranharam levemente o abdômen dele ante

Capítulo 28O elevador parou com um solavanco que fez Aurora engolir em seco. As portas se abriram revelando um corredor estreito, iluminado por luzes vermelhas de emergência que pintavam tudo num tom sangrento. O ar era mais frio aqui, carregado com o cheiro de concreto úmido e eletricidade estática.Jarek saiu primeiro, seu passo rápido e certeiro. Aurora seguiu, seus pés descalços arrepiando-se contra o chão gelado.— Para onde estamos indo? — ela sussurrou, os olhos escaneando cada sombra.— Sala de Segurança Alpha — Jarek respondeu sem olhar para trás. — Blindada, sem janelas, sem pontos cegos. Cael a construiu pessoalmente depois que vocês fugiram de Lucian.O coração de Aurora apertou ao ouvir o nome do inimigo. Seis meses. Seis meses desde que ela e Cael haviam escapado por pouco do território de Lucian, deixando para trás aliados, sangue e promessas quebradas.E agora, o passado voltava para cobrar sua dívida.Uma porta de aço maciço apareceu no final do corredor, marcada ape

Capítulo 30— Você demorou, Aurora, — Lucian cuspiu, seus olhos amarelos brilhando mesmo na penumbra. — Eu estava começando a pensar que você não viria ver o show.Cael rosnou, apertando sua garra ao redor da garganta de Lucian.— Fala mais uma palavra pra ela e eu arranco tua língua pela raiz.Aurora entrou no quarto, a pistola apontada para a cabeça de Lucian.— Onde está o resto da tua matilha?Lucian riu, um som úmido e quebrado.— Dando festa no seu quintal, querida. Mas não se preocupe... — Seus olhos percorreram seu corpo com possessividade doentia. — Eu guardei os melhores pedaços pra mim.Foi então que Aurora percebeu, o cheiro estranho no ar, os pedaços de carne espalhados pelo chão. Lucian não trouxera apenas o coração de Gavin.Ele trouxera presentes.Cael soltou um rugido que fez os vidros restantes estilhaçarem.— Isso foi teu último erro.A luta recomeçou, mais brutal que antes, e Aurora sabia que só um deles sairia vivo daquela sala.Ela ergueu a arma, esperando sua ab