ADELINE DE FILIPPIBarcelona nos recebeu com um céu límpido e uma brisa morna que cheirava a mar.Lucien tinha feito tudo perfeito, como sempre.O hotel era um palácio moderno de vidro curvado diante do Mediterrâneo, e minha suíte tinha um terraço privado de onde eu podia ver a cidade se estender como um cartão-postal vivo.Mas não estávamos ali por turismo.Hoje era a reunião-chave com os investidores europeus — aqueles que poderiam impulsionar ainda mais a Moretti Corp no mercado espanhol.Tínhamos avançado os negócios em Milão, e agora vínhamos apresentar em Barcelona.Lucien se vestiu com sua elegância habitual: terno cinza-claro, camisa branca, gravata azul-escura.O cabelo penteado pra trás, um pouco casual, e os olhos… mais afiados do que nunca.— Você está linda — disse ele assim que saí do banheiro.Meu conjunto era simples, mas elegante: um vestido azul-meia-noite, justo na cintura e caindo suave até os joelhos.O cabelo preso num rabo de cavalo baixo e o batom vermelho que

LUCIEN MORETTIO sol mal nascia no horizonte de Barcelona, e eu já estava acordado há algum tempo.Addy dormia profundamente, envolta nos lençóis brancos do hotel e nos meus braços, que nunca a deixavam.Seu cabelo caía em ondas sobre o travesseiro, e a respiração calma enchia o quarto de uma paz que eu não sabia o quanto precisava até agora.Sentei-me na beira da cama e acariciei sua bochecha.Ela não se moveu.— Dorme, amore… — murmurei, e saí em silêncio para a sala privada da cobertura.Paolo já me esperava, pontual como sempre, com uma pasta nas mãos e o olhar tenso.— O que você encontrou? — perguntei sem rodeios.Ele me entregou os documentos e sentou-se diante de mim.— Os pais dele são os Wilson, Tom e Angélica. Moravam na mesma cidade onde vivia Bastien… até que, de repente, se mudaram para a Espanha. Segundo os registros de migração, chegaram a Barcelona quando Asher tinha apenas quatro meses.— E antes disso?— Nada. Nenhuma foto do parto. Nenhum registro médico da mãe naq

LUCIEN MORETTIO sol começava a descer, tingindo os telhados antigos de dourado e os paralelepípedos das ruas com uma luz morna impossível de descrever em palavras.Caminhávamos sem rumo, apenas nos deixando levar pela beleza da cidade.Addy ia ao meu lado, a mão entrelaçada na minha, os olhos brilhando e o passo leve — como se o ar espanhol lhe desse asas.— Amo isso — murmurou, sorrindo ao parar diante de uma vitrine de livros antigos. — Você tem noção de que estou andando por Barcelona com você? De que este… é um dos meus sonhos realizados?Olhei pra ela.O reflexo do vidro devolvia uma imagem quase irreal: o cabelo caindo sobre os ombros, a pele iluminada pela luz suave, os lábios ainda curvados naquele sorriso que existia por minha causa.— Eu te prometi, não foi? — disse. — Prometi que te mostraria a Itália primeiro e depois a Espanha… mas não imaginei que acabaria me apaixonando pela Espanha também — contigo.Ela se virou e entrelaçou o braço no meu com doçura.— Você me deu mu

   ADELINE DE FILIPPI O sol da manhã banhava as ruas de pedra do pequeno vilarejo com uma doçura que parecia saída de uma lembrança antiga. Tudo ali cheirava a pão recém-assado, a terra úmida e a histórias que o tempo ainda não contou. Asher caminhava alguns passos à frente de nós, virando-se de tempos em tempos para se certificar de que o seguíamos, com um sorriso tão largo que parecia doer-lhe o rosto de tanto rir. — Foi aqui que entrei no rio pela primeira vez sem permissão — disse, apontando para uma trilha que descia até um curso d’água cristalina, cercado de árvores frondosas. — Fiquei de castigo uma semana, mas valeu a pena. Foi o melhor banho da minha vida. <

ADELINE DE FILIPPIO vapor do banho ainda flutuava no ar quando saí, enrolada numa toalha.A semana em Barcelona me deixara exausta — o trabalho com os investidores, o jantar com Asher, as longas caminhadas… e Lucien, claro.Lucien, com sua paixão que me envolvia todas as noites, era maravilhoso sentir seu corpo sobre o meu, seus suspiros contidos, seus sorrisos travessos de madrugada e aquele desejo que nunca se saciava.Éramos… felizes.Mais do que eu jamais teria imaginado, anos atrás, quando pensei que ele me odiava.Saí do banheiro deixando uma nuvem de vapor atrás de mim — e o vi sentado, sério, distante, com o olhar perdido, como se carregasse o peso do mundo.— Lucien?Ele ergueu os olhos, o rosto tenso, frio… mas ao me ver, algo nele se suavizou.— Amore — murmurou.— O que houve?Lucien estendeu a mão pra mim. Tomei-a e sentei-me em seu colo, em silêncio.— Está bem? — perguntei.— Agora sim. Não é nada, só um problema que precisei resolver.Acariciei seus cabelos com ternur