(Ponto de Vista de Olivia)O brilho gélido das luzes fluorescentes do necrotério do Abrigo Médico do Bando Crista de Prata incidia sobre o semblante tranquilo da Matriarca Evelyn, enquanto minhas pernas ameaçavam fraquejar a cada passo, que se tornava mais pesado do que o anterior.— Vovó... — Sussurrei, com a palavra presa na garganta.As mãos dela estavam cuidadosamente cruzadas sobre o peito e os fios prateados de cabelo arrumados com dignidade, mas ela parecia menor de alguma forma, como se a presença imponente que sempre exigira respeito de toda a matilha tivesse se dissipado com a morte.Logo, estendi os dedos trêmulos para tocar sua mão, e o frio da pele me fez estremecer, trazendo de volta a devastadora lembrança de quando toquei o corpo sem vida de Lily, como se duas perdas tão semelhantes estivessem arrancando de uma vez os pedaços que restavam do meu coração.— Por que você quebrou a promessa de continuar viva? — Perguntei, com as lágrimas escorrendo livremente pelo meu rost

(Ponto de Vista de Victoria)— Fui eu… — Solucei de repente, com os ombros tremendo em um choro que parecia tomado pelo luto. — Eu devia ser culpada pela morte da Vovó Evelyn...O cômodo mergulhou no silêncio, com todos os olhares se voltando para mim em choque, enquanto o rosto de Ethan escurecia e ele dava um passo à frente.— O que aconteceu? — Perguntou friamente.Chorei ainda mais, deixando os pedidos de desculpa escaparem sem controle.— Ethan, me desculpe. Foi tudo culpa minha! Eu não devia ter te ligado mais cedo... A vovó estava convencida de que eu matei a Lily por causa daquela ligação.Continuei explicando entre lágrimas.— Movida pelo desejo de vingar a Lily, ela mandou os guardas me prenderem e trazerem para cá, justamente quando eu estava em casa preparando ensopado de veado para você. A raiva a dominava de tal forma, as emoções estavam tão descontroladas que, apesar das minhas tentativas de acalmá-la, foi em vão...Ergui os olhos marejados para ele.— Eu matei a vovó… F

(Ponto de Vista de Olivia)No elegante escritório da Matriarca Evelyn, permaneci imóvel, assistindo Victoria se pendurar em Ethan como um parasita, enquanto os Executores do Território do Norte já haviam partido, levando com eles qualquer possibilidade de justiça pelos meios oficiais.Minhas mãos tremiam de raiva quando, por cima do ombro de Ethan, os olhos de Victoria se cravaram nos meus.E por um breve momento, vi a máscara dela ruir… A expressão de dor fingida deu lugar a um triunfo frio, ao mesmo tempo que seus olhos azuis reluziam com malícia, zombando de mim em silêncio: "Sim, fui eu quem matou a velha… E o que acha que conseguirá fazer contra mim?"A verdade me atingiu como um golpe físico… "Ela tinha feito aquilo… Tinha provocado deliberadamente a morte da Matriarca Evelyn!"Minha loba despertou dentro de mim, incitando-me a atacar, a dilacerar a garganta da mulher que me tirara tudo: primeiro minha filha e agora a única pessoa que acreditava em mim.— Victoria Frost, sua cria

(Ponto de Vista de Olivia)Vesti o branco do luto, cor que para os lobisomens representava a dor da perda, e avancei em direção ao Salão Ancestral de Stone, sentindo minha loba subjugada, compartilhando do sofrimento que me dominava.Quando me aproximei da entrada, Eleanor Stone e Isabelle surgiram em meu caminho, com os rostos retorcidos pelo ódio:— Fora daqui! Como você teve a cara de pau de aparecer depois de ter tirado a vida da vovó? — Rosnou Eleanor, com os olhos faiscando de raiva.No entanto, tentei passar sem responder, porque estava ali para prestar minhas homenagens à Matriarca Evelyn, não para discutir com a família dela.— Suas acusações a levaram a confrontar Victoria! — Acrescentou Isabelle, com a voz carregada de veneno. — Foi você quem trouxe a morte dela, e ela está gravada em suas mãos!Recusei-me a morder a isca e mantive o olhar fixo adiante, enquanto minha loba, embotada pelo luto, não reagia. Furiosa com meu silêncio, Eleanor me empurrou com brutalidade, e eu ca

Minutos depois, a ambulância chegou, e os paramédicos desceram a encosta às pressas com uma maca, agindo com rapidez ao envolver Olivia em mantas térmicas, conectar os equipamentos de monitoramento e acomodá-la no veículo.— Vou com ela. — Declarei, em um tom que não deixava espaço para discussão.O paramédico apenas assentiu, reconhecendo minha autoridade como Alfa, e subi na ambulância ainda com as roupas encharcadas e pingando, mas toda a minha atenção estava fixada no rosto pálido de Olivia enquanto o veículo disparava rumo ao Abrigo Médico do Bando Crista de Prata.Durante todo o trajeto, segurei a mão fria dela na minha, como se pudesse devolver-lhe calor e vida pela força da vontade, enquanto os paramédicos trabalhavam de forma eficiente ao meu redor, administrando oxigênio e monitorando os sinais vitais.No instante em que alcançamos o Abrigo Médico, uma equipe de curandeiros, previamente avisada por minha chamada urgente, tomou Olivia da maca e a conduziu com rapidez, deixando