O encontro dos titãs Lívia O mercado ainda respirava tensão. Oscilações diárias, análises que mudavam em questão de horas, clientes exigindo previsões que ninguém podia dar. O cenário era instável e, ao mesmo tempo, desafiador. Mas algo em mim sabia: era ali que a gente mostraria quem realmente era. As reuniões não tinham mais hora para terminar. Diretoria reunida. Conselhos estratégicos convocados. E eu e Cecília estávamos no centro de tudo. Entre uma call e outra, trocávamos olhares cúmplices, rindo com os olhos apesar do cansaço. Cecília A rotina virou café às sete da manhã, e-mails no intervalo do almoço, ligações de última hora e planilhas abertas até depois das oito da noite. Estávamos exaustas, sim. Mas também pulsando de uma energia intensa, movida pela confiança que o banco depositava em nossas decisões. Era a semana do Encontro Estratégico Nacional. A reunião mais esperada do ano. O famoso "Encontro dos Titãs", como era chamado internamente. E dessa vez, tudo indicava

Capítulo 133 - Horizontes em Movimento Lívia Paris nos recebeu com céu cinza e perfume de primavera no ar. Não era exatamente o cartão-postal ensolarado que muitos imaginam, mas havia algo acolhedor naquele frescor europeu. Uma promessa silenciosa de novos começos. Caio e Lara dormiam em nossos braços, exaustos da longa viagem, as bochechas rosadas pelo frio suave da manhã francesa. Com quase dois anos, ainda eram pequenos demais para entender que estávamos em outro continente. Mas seus corpos se aninhavam em nós com a confiança de quem sente que, estando com os pais, está em casa — onde quer que seja. Heitor me olhou por cima do gorro infantil de Lara e sorriu. Um sorriso cansado, cúmplice. Aquele era o recomeço que a gente nem sabia que precisava. Heitor Alugamos um apartamento pequeno, mas charmoso, em Saint-Germain-des-Prés. Janelas amplas, varanda estreita com vista para as ruas estreitas e floridas. Era um lar temporário, mas bastou espalhar os brinquedos dos gêmeos pelo t

Voltar com Propósito Lívia Era estranho pensar que já tinham se passado mais de dois anos desde a última noite à beira do Sena. Paris agora morava em nós como um livro bem lido: com páginas marcadas, trechos que ainda nos faziam sorrir e um sentimento quente de que tudo valeu a pena. Caio e Lara completaram quatro anos há poucas semanas. Cresceram entre línguas, cheiros e ritmos diferentes — e agora, estavam voltando para as raízes. O Brasil nos esperava, e com ele, um novo começo. O avião pousou em São Paulo numa manhã clara de céu azul. E quando passamos pelos portões do desembarque, Caio gritou ao ver os avós com balões coloridos, cartazes com desenhos feitos à mão e até uma faixa: “Bem-vindos de volta, nossos amores!” Lara se jogou nos braços da avó materna. Caio correu para o colo do avô, que chorava sem cerimônia. Foi ali, entre abraços, fotos e cheiro de pão de queijo, que a ficha caiu: estávamos em casa. Heitor Nos instalamos de volta na nossa própria casa, em Alphavil

Onde o Amor Resiste Lívia O Projeto Raízes estava crescendo mais rápido do que imaginávamos. Após um mês de funcionamento, já tínhamos três núcleos ativos, com mais de duzentos jovens matriculados e fila de espera para a próxima turma. As parcerias com escolas públicas de São Paulo e a adesão de mentores do mercado financeiro aumentavam a cada semana. Cecília e eu trabalhávamos com afinco. De manhã nas reuniões estratégicas, à tarde nas salas de aula e à noite revendo tudo em casa, muitas vezes com Heitor e Felipe ao nosso lado — sugerindo ajustes, contatos, ideias. — Mamãe, hoje eu e o Caio demos aula pros nossos bichos de pelúcia — Lara contou animada, enquanto jantávamos. — Aula de quê, filha? — perguntei sorrindo. — De dinheiro! Igual você faz com os meninos grandes. Caio explicou o que é banco. Caio, do outro lado da mesa, assentiu com um ar sério, e completou: — E falei que as pessoas pobres também podem ser ricas se aprenderem. Igual você falou pra mim. Olhei para Heit

Entre Risos e Cumplicidade Lívia O sol estava alto, o jardim florido, e a churrasqueira acesa. Nada melhor do que um domingo em casa para celebrar a vida ao lado das pessoas que importam. Cecília e Felipe tinham acabado de chegar com Luiza, trazendo risadas e uma torta de limão que a minha irmã jurava ser leve — mesmo com leite condensado e nata. As crianças corriam descalças, entrelaçadas em brincadeiras de faz-de-conta que envolviam fadas, monstros e uma lanterna quebrada que agora era "a luz do castelo". O som das gargalhadas misturado ao cheiro de carne na brasa era tudo que eu precisava. Heitor estava na churrasqueira com Felipe, comentando sobre as reformas no escritório e o desempenho da nova unidade em Curitiba. Mas, mesmo falando de trabalho, ele não tirava os olhos de mim. Havia uma intensidade em seu olhar que fazia meu corpo reagir mesmo sob o sol do meio-dia. Ele não precisava dizer nada. Eu sabia. Heitor Era impossível não admirar Lívia. O jeito como ela coordenava