♡ Bianca ♡Me sinto um furacão prestes a explodir. Assim que chego do trabalho, fecho a porta do quarto que ocupo e encosto as costas nela, respirando fundo. Minhas mãos tremem. Não é medo. É... incerteza, aquele frio na espinha de quem sabe que a vida está prestes a virar de cabeça para baixo. A possibilidade de estar grávida – e não saber de quem - me assombra.Meu estômago embrulha, e eu aperto os olhos, tentando me convencer de que pode ser só estresse. Mas eu sei a verdade agora. Meu corpo sabe, está diferente.— Bianca? — A voz de Lucky ecoa pelo corredor, grave e suave como sempre.Abro os olhos e me endireito, ajustando os óculos no nariz. Não agora. Não quero falar. Não quero que ele perceba que tem algo errado.— Já vou dormir! — respondo, tentando disfarçar a tensão na voz.Silêncio. Ele está parado do outro lado da porta? Imagino seus olhos castanhos escuros, analisando, buscando decifrar o que existe de errado. Lucky não é homem de aceitar respostas vagas.— Você não come

♡ Bianca ♡Pesando como me sinto em relação aos dois homens, e qual reação será menos dolorosa de presenciar, meus dedos tremem ao discar o número que jurei evitar. O telefone toca duas vezes antes que ele atenda.— Bia, que prazer! — Aidan quase canta meu nome, como se já esperasse minha ligação.Engulo seco. O som da voz dele ainda me faz arrepiar, mas não do jeito que costumava. Agora é um alerta, um aviso de que estou prestes a pisar em um campo minado.— Preciso falar com você hoje. É importante — acrescento num tom sério, sem dar margem a que interprete erroneamente.— Podemos almoçar no La Perla, no nosso lugar.Meu estômago embrulha diante da insistência dele de reavivar esse “nosso”. Era meu local favorito, me emocionando quando ele o escolheu para, com um anel de diamante, me pedir em casamento e jurar amor eterno. Mas isso foi antes de saber que traía meu amor e confiança com minha irmã.— Não é nosso lugar, Ainda — resmungo, mas ele ri, como se eu estivesse fazendo graça.

♡ Lucky ♡O brilho da lua invade o quarto, desenhando contornos suaves sobre o corpo de Bianca. Ela dorme profundamente ao meu lado. Observo cada detalhe - os cílios escuros contra suas bochechas coradas, os lábios inchados dos nossos beijos, os cabelos cacheados espalhados no travesseiro.Meus dedos traçam o contorno de seu rosto devagar, evitando acordá-la. A pele dela é macia e desperta minha vontade de beijá-la novamente. Mas há algo mais em sua face que me preocupa.Algo está errado com ela desde sexta. Primeiro achei que fosse por causa do apartamento dela, da mudança que quero evitar. Mas agora percebo que tem mais por trás do comportamento dela.Bianca nunca foi boa em mentir. É uma das coisas que mais admiro nela - aquela franqueza brutal, mesmo quando dói. Mas hoje, hoje ela tentou me enganar.Primeiro, a distância, o olhar vago e as respostas curtas de manhã. Depois, a súbita mudança, chegou em casa com um sorriso forçado, dizendo ter passado um dia de compras e conversas c

♡ Bianca ♡O cheiro de críticas enche meus sentidos assim que entro na casa dos meus pais. Ao me aproximar da mesa posta, meu estômago embrulha antes mesmo de sentar.Marta Malocchio, minha mãe, me olha com olhos tão frios quanto sempre.— Você está pálida — ela decreta, espetando um pedaço de salada com o garfo. — E mais gorda.O suco de laranja que bebo azeda na minha boca.— Obrigada, mãe. Adoro suas observações carinhosas.Carlos, meu pai, grunhe do outro lado da mesa, seu bigode grisalho tremendo com o movimento.— Não seja insolente com sua mãe.Jéssica, linda e perversa em um angelical vestido florido, sorri. Posso ver o brilho maldoso nos olhos dela - a antecipação do espetáculo.— Acho que a Bianca só está estressada — ela diz, voz melosa. — Trabalho demais, né, Bia? Ou será que é outra coisa?Minha mãe bate o garfo no prato.— Chega de rodeios! Bianca, sua irmã nos disse que você está grávida?O silêncio pesa como chumbo. Até o tique-taque do relógio da sala parece mais alto

♡ Bianca ♡O estacionamento da Hart Enterprises está frio e ecoa com nossos passos. O cheiro de concreto e óleo de motor se mistura ao perfume de Lucky, que caminha ao meu lado, sua mão firme na minha cintura como se soubesse que preciso do apoio.Estamos a três passos do elevador quando uma voz corta o silêncio.— Bia!Aidan.Meu corpo congela antes que possa controlar. Ele está parado perto do seu carro esporte, de terno azul-celeste impecável, os olhos gelados me perfurando. Lucky não para de andar, mas sua mão na minha cintura aperta levemente.— Você não respondeu minhas mensagens — Aidan diz, fechando a distância entre nós. O sorriso dele é afiado. — Espero que não esteja pensando em faltar ao nosso compromisso.Nosso compromisso. Como se eu tivesse alguma escolha naquele teste de paternidade que ele marcou sem meu consentimento.— Não vou — digo, ajustando os óculos no nariz. Minha voz não treme, e isso me surpreende. — É arriscado nas primeiras semanas. Pesquisei.Aidan ri, um