"Ravenna" Achei que fosse alguma espécie de brincadeira, mas ninguém riu. Na verdade, quando finalmente entendi o que estava acontecendo, senti como se uma bomba implodisse dentro de mim. Fui atacada brutalmente por uma sensação de traição. Quando encarei Cassius daquela vez, meu encantamento infantil cedeu espaço a uma ira pura, fervente.Foi tudo um caso pensado. Ele era noivo, porra! Sabia desde o início que a família me queria para seu irmão. Mesmo assim, me seduziu, se aproveitou da nossa química para me deixar caidinha, como uma idiota apaixonada!!Furiosa, me ergui, pronta para a luta. Cassius Stormborn ia me pagar.— Venna... — minha mãe começou, talvez antecipando minhas ações, enquanto se levantava também.Não dei tempo para ninguém reagir. Também nã

"Ravenna" — Você queria que ele morresse?Zara indagou quando saímos das águas geladas da cachoeira e catávamos nossas roupas. Era um lugar reservado, distante, por isso não ligávamos de nadar nuas.Dois dias haviam se passado e minha raiva ainda fervia na superfície. Nadar nas águas geladas não era suficiente para contê-las. Bastou a pergunta para que ela aumentasse.— Não pensei muito na hora. Mas sim. Se tivesse reagido mais lento, eu abriria seu pescoço ao meio!Vesti a calcinha com força, puxando-a para cima de qualquer jeito. Fiz o mesmo com a calça e a camisa, afastando os cabelos molhados do rosto.Ela se vestiu com mais calma, me observando.— Dizem que só morrem se forem decapitados, tiverem o coração atravessado por uma estaca ou queimados. Você

"Ravenna" O trabalho daquela semana foi exaustivo.Boa parte da remessa de diamantes tratada foi enviada para os compradores, descendo pelos elevadores que ficavam na parte do penhasco, para, em seguida serem escoadas em barcos pelo rio. Tudo sob vigilância e proteção acirradas. Como sempre, fiz questão de estar presente com meu pai em todo o processo.Ele se orgulhava de mim e eu amava isso. Éramos unidos e parecidos, como unha e carne. Nunca se importou-se pelo filho mais velho ser uma fêmea e não um macho. Sabíamos como os lobos ansiavam por um herdeiro que depois assumiria a liderança da alcateia. Meu pai pouco ligou para isso.Minha mãe nos contara como ela temeu não ser capaz de dar um alfa para ele, afinal, foram quatro filhas ômegas seguidas. Mas cada nascimento foi comemorado da mesma maneira, o meu, das minhas irmãs e de

"Ravenna" — Todo mundo já sabe que tem um vampiro aqui — disse Cezar, o chefe da guarda em nosso território, com desprezo. O ataque dos vampiros já era de conhecimento da alcateia. Parado diante do feno em um canto, ele tinha mandado os lobos ficarem alertas do lado de fora, prontos para agirem se Caliban se desse ao trabalho.— Estamos preocupados. Sem saber se é uma declaração de guerra — Lonut, o irmão dele, complementou. Depois encarou meu pai. — E é?Havia sangue na pele e roupa dele, na minha mãe e em mim. Sem contar no vampiro ferido e desacordado. Era bem difícil dizer que o visitante tinha vindo em paz.Meu pai me encarou, ainda furioso, pronto para terminar de arrancar cada membro de Caliban. Eu só não estava igual porque a curiosidade me continha. Sacudi a cabeça e pedi baixinho:— Só mais um pouco. Apenas para entender o que ele quer.— Você. Não é óbvio? — Aproximou-se de mim. Lobos eram p

"Cassius" — Tem certeza de que precisa ir? — Calíope não escondeu a decepção. — Ficou tão pouco dessa vez!— Voltarei com mais calma. Prometo.Thorn sorriu para ela, de modo fraternal. Talvez não como minha irmã gostaria de ser tratada, mas como ele fazia sempre. Então se virou para mim.— Volte mesmo. As coisas por aqui ficam mais leves quando você está presente— falei a verdade.Em geral cada um cuidava da sua vida, às vezes passávamos dias ou semanas sem esbarrar um com o outro no palácio. Quando Thorn vinha nos visitar, era mais comum eu e minha irmã nos aproximarmos, fazermos coisas em comum com ele.Era estranho, pois, normalmente, nós três não tínhamos amigos de fato, não éramos emocionais nem precisávamos de outros p