KAESAR:Minha mente girava, tentando assimilar as palavras da Loba Estrela. A verdade parecia uma lâmina afiada que cortava qualquer certeza que eu tivesse tido até agora. Artemia não era minha mãe. Não era a mulher que me ensinou a lutar, a resistir à dor, a guiar uma alcateia. Era minha inimiga, um ser sombrio que havia estado me manipulando desde o início, envolvendo-me em uma rede de mentiras tecidas com sua feitiçaria.O uivo persistente ressoou novamente, rolando como uma onda das colinas distantes. Meu lobo, Kian, rugiu dentro de mim, exigindo respostas e ação. Mas não podíamos nos mover sem um plano. Não desta vez.—Kaesar —minha Lua falou suavemente ao meu lado, seus dedos entrelaçando-se com os meus. Havia uma mistura de medo e obstinação em suas palavras—. Não podemos simplesmente ficar aqui esperando. Precisamos de respostas. Precisamos nos preparar.Eu a olhei. Sua força, apesar de tudo que ambos havíamos enfrentado, era o que mantinha partes da minha alma ainda intactas.

KAESAR:Avançava convertido em Kian, com meu beta Otar ao meu lado. Ambos com o mesmo desejo: chegar rápido, pegar a relíquia e voltar ao momento. A guerra não esperava por ninguém. As Montanhas Lúgubres estavam à nossa frente; precisávamos encontrar a Caverna dos Ecos Eternos.  —Como vamos encontrar essa caverna? —perguntou Otar ao pararmos na ladeira. Havia centenas de bocas de cavernas.  Antes que eu pudesse responder a essa pergunta que também não conhecia, meu lobo Kian soltou um potente uivo. Nenhum de nós sabia o que isso ia provocar: milhares de estranhas criaturas escuras saíram de todas as cavernas, emitindo agudos gritos e vindo em bandos em nossa direção.  Por um breve instante, fiquei paralisado, mas Kian não hesitou. Rugiu novamente com todas as suas forças, exigindo ação. Senti como sua energi

KAESAR:As runas brilhavam com um fulgor tenue, como se quisessem me falar, invocando memórias que não eram minhas, mas que sentia no mais profundo do meu ser. A história dos meus antepassados deslizava entre as sombras, cada palavra era um eco do que havia sido, do que estava por vir.  Kian se movia ao meu lado, o instinto do lobo pulsando dentro de mim, sentindo o fluxo de energia que nos cercava. À medida que mergulhávamos na escuridão, um frio estranho se apoderava de nosso ser, mas não era somente uma brisa gelada. Era a essência dos segredos que guardavam as sombras, um lembrete de que o perigo espreitava, latente, esperando o momento oportuno para devorar nossas esperanças.  —Precisamos estar prontos —sussurrei, mais para mim do que para Kian ou Otar. Cada passo era uma decisão. Cada batida do meu coração era uma declaração de guerra contra

KAESAR:A noite havia se apoderado da floresta, como um manto escuro que cobria cada árvore, cada sombra. O ar tornava-se mais pesado, impregnado da magia que costumava ser nosso refúgio. Minhas garras arranhavam o solo, ressoando a cada passo como um eco ancestral, como se a própria terra estivesse consciente de nossa missão. O ar tornou-se pesado e carregado de um cheiro metálico: sangue. Não era necessário me concentrar muito para identificar que pertencia a Kaela. Meu coração se agitou, e o rugido de Kian ressoou em meu interior como um tambor, incitando-me a não parar. —Mais rápido —exigi, sentindo como nossas patas golpeavam a terra úmida com fúria e desespero. Ao avançar entre as sombras, senti o sussurro do vento; as criaturas da floresta reagiam à nossa rápida corrida. Pareciam saber que o tempo se encurtava. O elo com Kaela me guiava como um farol. Cada batida do meu coração ressoava com a promessa de encontrá-la, de salvá-la. Nem o frio nem a vegetação que se enredava em

KAELA:Então aconteceu, as imagens inundaram minha mente sem que eu pudesse impedir: a morte da mamãe, meu pai morrendo diante dos meus olhos; tudo o que eu havia sofrido ao ter que crescer longe de casa, entre humanos. As vozes começaram a culpar Kaesar. Se não fosse por ele... Porque a Lua Artemia o tinha como seu troféu, um triunfo que ele não percebeu todos esses anos. Ele era culpado. Mas as vozes não se calavam. "Kaela, não se deixe enganar", ressoou a voz da minha loba Laila em minha mente. "Estão tentando jogar com seus medos, dúvidas e inseguranças."Respirei fundo, forçando-me a anclar na realidade, mas não funcionou. As vozes eram fortes demais, sussurrando verdades, ou o que pareciam ser verdades, que se filtravam como veneno pela minha mente. "Você é fraca", diziam. "Nunca será suficiente para eles. Você realmente acha qu