— Pode ser que o Sr. Gabriel esteja mesmo fingindo… Mas também pode ser que ele tenha ficado realmente assustado com as palavras duras que o senhor disse ontem à noite. — Respondeu o mordomo. — O Sr. Gabriel tem se esforçado muito pra amadurecer, e também luta com todas as forças pra herdar a empresa. Não vai entregar isso tão fácil pro Sr. Sérgio. E tem ainda o Sr. André, que ele considera o responsável pela morte da mãe dele. Às vezes, o ódio consegue vencer qualquer obstáculo.Sr. Henrique apertou os lábios, refletindo sobre aquelas palavras.Era verdade… Ele não podia subestimar o rancor que Gabriel sentia pela família de André.“Ver o inimigo prosperar e conquistar fama e poder, enquanto ele mesmo ficava sem nada… Gabriel aceitaria isso de bom grado? Difícil acreditar.Então, qual seria o verdadeiro motivo pra Gabriel estar cooperando assim, de repente?”— O pior é ele fingir agora… Guardar tudo por dentro… E, mais tarde, acabar explodindo de uma forma ainda mais grave, fora de co

“Ah, é mesmo… Hoje já era sexta-feira. Amanhã, sábado.”No fim de semana anterior, ele tinha provocado Beatriz de propósito, feito brincadeira，mas ela levou a sério e realmente estava se preparando para cozinhar para ele.Sem perceber, Eduardo deixou escapar um sorriso discreto no canto dos lábios ao abrir a conversa para responder.No supermercado, Beatriz ouviu o som de notificação do celular. Pegou para ver… E ficou sem saber o que fazer.[Eduardo: Fique à vontade. O que você fizer, eu como.]Ela parou no meio do corredor, apertou levemente os lábios.Digitou algo, apagou. Pensou um pouco, então resolveu perguntar se havia algo que ele não gostasse de comer.Afinal, às vezes a gente não sabe exatamente o que quer comer… Mas sabe muito bem o que não quer.Para sua surpresa, ele respondeu:[Eduardo: Eu não sou exigente.]Beatriz ficou sem reação.Então pensou: “Tá, mas e quanto ao tempero? Deve ter alguma preferência, pelo menos.Será que ele gosta de pratos mais leves ou picantes? Pr

O porteiro continuou checando os dados. Vitória achava que finalmente ia conseguir entrar, mas ele disse:— Agora quem mora no 803 é uma tal de Eva. E, no sistema... Não tem ninguém com seu nome, moça.Ao ouvir isso, o corpo de Vitória estremeceu.“Como assim, não está no sistema de moradores?Será que a empresa apagou os dados dela por engano?”Tudo bem, ela ficou fora por duas semanas, mas a assistente dela não avisou o diretor?E, pior... Por que o apartamento dela agora era da Eva? Daquela vaca?As dúvidas e a raiva vieram todas de uma vez, subindo à cabeça. Como o porteiro se recusava a deixá-la entrar, Vitória pegou o celular e se preparou para ligar para sua assistente, pronta para desabafar toda a sua fúria.Mas, antes mesmo de completar a discagem, ouviu-se o som de saltos altos ecoando pelo corredor, seguido de risadas e um tom de deboche cortante:— Olha só... Se não é a Vitória! A futura Senhora Pereira~— Dona Pereira, acabou de sair da cadeia? Cumpriu a pena direitinho? S

Ela estava acabada.As sirenes da polícia começaram a soar ao longe. Vitória levantou a cabeça num sobressalto, sentindo as mãos formigarem e tremerem sem controle.— Vitória, agora você tá ferrada! A polícia tá chegando. — Zombou Débora, com um sorriso vitorioso.— Isso aí! Vai ter que pagar hospital, estética, danos morais... E ainda responder por agressão! Vai voltar direto pra delegacia, querida! — Completou outra modelo.Vitória não olhou para nenhuma delas.Ao invés disso, saiu correndo.O movimento foi tão repentino que os três ficaram parados por um instante, completamente chocados.E então reagiram, gritando e correndo atrás:— CÊ TÁ CORRENDO?! VOLTA AQUI, SUA COVARDE!!As duas modelos, de salto alto, mal conseguiam correr direito. O porteiro foi quem saiu em disparada, mas Vitória já havia alcançado a rua, atravessando o sinal no vermelho.Buzinas estouraram por todos os lados. Motoristas gritaram xingamentos e frearam bruscamente. O caos tomou conta do trânsito, e acabou atr

Mesmo após vinte anos, a esmeralda ainda reluzia com um brilho vívido, e os diamantes naturais ao redor da pedra formavam um aro resplandecente, cintilando sob qualquer luz.Se não estivesse tão desesperada por dinheiro, Vitória jamais teria cogitado se desfazer dela.Mas, desta vez...Era exatamente o momento certo de colocá-la em uso.Tudo o que ela havia conquistado até hoje, mesmo em ruínas, era fruto da sua própria luta, esperteza e ousadia.Acalmando a excitação que ainda borbulhava no peito, Vitória abraçou o estojo com força e adormeceu com ele nos braços.Na manhã seguinte, o sábado nasceu com um clima leve.Beatriz, depois de tomar o café da manhã, já estava na cozinha preparando os ingredientes para o almoço.Tinha decidido o cardápio: coxinhas da asa assadas com limão e alho, filé-mignon ao molho de mostarda, camarões salteados na manteiga de garrafa e, para acompanhar, uma sopa cremosa de músculo com legumes.Três pratos e uma sopa.Devia ser o bastante para alimentar Edua