Narrado por Tereza O ar da casa estava carregado, e não era apenas uma sensação, mas uma verdade que parecia se entranhar em cada canto. Primeiro, foram os ecos de um choro silencioso, cortante, que vinham do quarto de Mallory. Depois, os gemidos e gritos abafados de prazer, como se fossem parte de uma história proibida, seguidos pelo momento em que Dante atravessou o corredor vestindo apenas uma cueca, com o rosto fechado e os olhos baixos. Desde então, algo parecia fora do lugar.Agora, Dante tinha ido embora. Já fazia uma semana desde que ele decidiu se afastar e voltar para sua casa, sem dar explicações além de um vago “volto para o dia do noivado”. A ausência dele deixava um vazio que parecia reverberar em todos nós, mas Mallory… Mallory estava diferente.Ela mal saía do quarto, como se o mundo além da porta não mais existisse. Sempre trancada, sempre calada, evitando até mesmo os olhares curiosos e preocupados dos empregados. Algo havia acontecido ali, algo que ela se recusava

Narrado por Dante Caminhei até o quarto dela, parando diante da porta fechada. Bati duas vezes, hesitante, e esperei. Nenhuma resposta.— Mallory, sou eu. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava. — Precisamos conversar.Por um momento, pensei que ela não abriria. Mas então ouvi passos leves do outro lado, e a porta se abriu.Ela estava ali, de pé, com os cabelos desarrumados e os olhos carregados de cansaço e algo mais que eu não conseguia identificar. Não me convidou para entrar, mas também não me expulsou.— O que foi? — perguntou, cruzando os braços, a voz mais fria do que eu estava preparado para ouvir.— Eu precisava te ver.Ela arqueou uma sobrancelha, como se aquilo fosse uma desculpa fraca.— Amanhã é o noivado, Dante. Acho que já nos veremos o suficiente.— Não é disso que se trata. — Respirei fundo, buscando as palavras certas. — Eu sei que você não quer isso. Sei que casar comigo é o último desejo que você teria.Ela soltou uma risada amarga, mas seus olhos não enco

Narrado por Dante Eu não sabia o que estava sentindo. O silêncio dentro da casa era ensurdecedor, como se a ausência dela ecoasse em cada canto do lugar. Não eram apenas as paredes que estavam vazias, mas meu peito também, de um modo que eu não poderia explicar.Eu estava livre, ela estava livre. A decisão estava tomada. Mas o que me restava agora? Eu a vi sair pela porta, sem olhar para trás, como se já tivesse se despedido há muito tempo. A dor que isso causou foi como uma lâmina afiada, cortando fundo em minha alma. Como se, de alguma forma, eu tivesse feito a coisa certa, mas o preço disso fosse mais alto do que eu poderia suportar.Fiquei em pé, olhando para a porta fechada, como se esperasse que ela voltasse, que ela me dissesse que estava tudo bem, que fiz a escolha certa, mas a resposta nunca veio. Ela estava gone. Para onde, eu não sabia. E isso, de alguma forma, me destruiu ainda mais.Eu sabia que precisava dar-lhe a liberdade que ela merecia, que ela não merecia viver com

Narrado por TeresaA casa estava mais silenciosa do que o normal, algo que já era difícil de suportar. Depois da partida de Mallory, tudo parecia estar vazio de alguma forma, como se ela tivesse levado consigo toda a energia que costumava preencher os corredores da mansão. Eu me pegava andando de um lado para o outro, sem rumo, tentando entender o que tinha acontecido. O que Dante tinha feito? Ele parecia tão seguro da decisão na hora, mas agora, eu o via perdido.Eu o observava, sentado na poltrona do escritório, os olhos fixos em algum ponto distante. Ele parecia absorto, mas o peso da culpa estava estampado em seu rosto. Não era a primeira vez que eu via Dante lidando com o sofrimento, mas algo parecia diferente agora. Ele estava mais fragilizado, mais humano de uma forma dolorosa.“Talvez, se eu tivesse dito algo antes…” pensei, mas logo afastei essa ideia. Não havia como mudar nada agora. Ele já havia tomado sua decisão.Me aproximei dele, os passos soando no piso de madeira, que

Narrado por Dante Eu não podia acreditar que ela estava aqui. Durante essas duas semanas, eu havia imaginado sua volta inúmeras vezes, ensaiado o que diria, o que faria, mas nada poderia ter me preparado para este momento. Mallory estava diante de mim, e, por mais que fosse um alívio tê-la ali, algo estava diferente nela.Ela estava mais falante, quase calma, como se as feridas entre nós tivessem começado a cicatrizar. Em momento algum ela jogou o passado na minha cara ou trouxe à tona as coisas que eu mais temia ouvir. Mas, além disso, havia algo novo, algo que eu não conseguia ignorar. Um brilho em seus olhos. Uma luz que parecia intocada, quase esperançosa.E isso me inquietava.Enquanto ela falava, eu tentava ler nas entrelinhas, desvendar o que poderia ter acontecido nesses últimos dias que a transformaram dessa maneira. Mas, por mais que a encarasse, tentando entender, sua expressão me traía. Havia algo que ela estava escondendo, e, por mais que quisesse exigir respostas, resol