Eu empurrei a porta e entrei. Quando Pedro me viu, parecia um pouco surpreso, franzindo a testa com intensidade. — O que você está fazendo aqui? Ou será que está me seguindo? — Ele perguntou, desconfiado. Levantei o celular e fiz um gesto para ele, dizendo: — Foi você quem me mandou mensagens. Helena, fazendo um bico e puxando o braço dele em um gesto de carinho, disse: — Presidente Pedro, eu só estava brincando, pedi para a Daniela trazer o iogurte. Você não vai brigar comigo, vai? A testa de Pedro, que estava tão franzida, relaxou um pouco. O mais estranho de tudo foi que, ao ver Helena me provocando e Pedro aceitando tudo com tanta indulgência, não senti nada. Não senti aquela angústia habitual, aquela sensação de desespero. Fiquei calma, apenas acenei com a cabeça, como se dissesse que estava entendendo tudo. Pedro, por sua vez, parecia querer explicar. — Daniela, a Helena só estava comigo em um evento... Interrompi a explicação dele, estendendo o iogurte que eu

Amanhã seria o último dia do período de reflexão para o divórcio. Depois de amanhã, Pedro e eu realmente não teríamos mais nenhum vínculo.Estava regando as pequenas flores que criei na varanda.No instante seguinte, o anel no meu dedo médio caiu da varanda.Instintivamente, inclinei-me para pegar.— O que você está fazendo?! — Pedro agarrou minha mão e me puxou para frente. — Você tem noção de quão perigoso isso é?!Nos seus olhos, havia uma expressão de preocupação e urgência.Parecia que ele ainda se importava comigo.— O anel caiu.Era um anel que ele havia feito especialmente para mim, de forma artesanal, e eu gostava tanto do modelo que o usei até agora. Por isso, quando ele caiu da varanda, minha reação foi correr para pegá-lo.Pedro suspirou.— É só um anel, eu compro outro para você. Não precisa disso tudo."É só um anel", pensei. Olhei para o dedo dele, vazio, onde o anel deveria estar. Ele já o havia retirado há muito tempo.— Amanhã é nosso aniversário de casamento. Vou bus

— Pedro, você só precisa verificar se fui eu quem fez isso, e aproveito para dizer a Helena que, ao invés de perder tempo tentando sabotar os outros, seria melhor se concentrar em melhorar suas habilidades no trabalho.Encerrei a ligação.Apaguei completamente o número de Pedro da minha agenda, bloqueando-o.Fiquei parada por um momento, e então abri a conversa que eu tinha com ele no celular e apaguei também todo o histórico.Como a memória do aparelho estava cheia, o celular começou a funcionar lentamente. Fiquei ali, quieta, observando as memórias dos nossos anos juntos, desde o início até a fase de paixão, sendo apagadas uma a uma.O que eu sentia no fundo do meu coração era uma mistura de emoções.Coloquei o celular no bolso e, ao mesmo tempo, dei um sorriso suave, tentando acalmar a expressão preocupada da minha avó e do meu tio.Quando voltei para casa, percebi que meu tio já havia preparado um quarto todo arrumado e acolhedor para mim.— Daniela, dá uma olhada e vê se você gost

Ela repetia constantemente as coisas que Pedro havia feito por ela, como se fosse uma forma de provar que o amor dele era verdadeiro.Pedro empurrou com força a mão de Helena, que tentava puxá-lo de volta. — Basta, Helena, não insista mais. Eu faço essas coisas por você, porque você me lembra a Daniela de quando nos conhecemos. — Ele se virou para mim e continuou. — Daniela, você era tão ingênua, e com o tempo, eu fui me acostumando a estar com você. Já não havia mais aquela sensação de novidade, e foi quando a Helena entrou na minha vida que eu perdi o controle. Mas não consigo esquecer tudo o que passamos juntos ao longo desses anos. Se você voltar comigo, podemos começar de novo. Que tal?Eu não conseguia acreditar que Pedro fosse tão sem vergonha.Ele via em Helena a versão do passado de mim, e ainda tinha coragem de falar assim.Helena ficou paralisada no lugar, enxugando as lágrimas lentamente, tentando se recompor.— E o bebê? Se você não se importa com ele, então vou pular da