Ponto de vista do BillO céu se encontrava carregado de nuvens, lançando um tom sombrio sobre tudo enquanto nos reuníamos em volta do caixão da minha mãe. O cemitério da família Richardson permanecia silencioso, exceto pelo som abafado das palavras do padre, que se misturava ao turbilhão dos meus pensamentos. O frio atravessava meu casaco, mas nada se comparava à dor gelada que eu sentia por dentro.Achei que estaria preparado para aquele momento. Minha mãe e eu já tínhamos tido nossos desentendimentos, e os tempos recentes entre nós não haviam sido fáceis. Mas vê-la baixada à terra, levando consigo toda a tensão não resolvida, era mais difícil do que eu tinha imaginado.Ao meu lado, a mão quente de Serena apertava a minha, me trazendo firmeza e segurança como sempre fazia. Ela segurava Collin encostado em seu ombro, os dedinhos dele agarrados à gola do casaco dela. Ele estava mais quieto do que o normal, como se sentisse o peso do que acontecia. Olhei para ele, tomado por uma mistura

Ponto de Vista do BillSenti um toque no meu ombro. Meu corpo inteiro se retesou. Foi instinto, me virei de uma vez, com os punhos cerrados e olhos atentos. Calvin estava parado ali, com as mãos levantadas num gesto de rendição.— Não vim aqui para brigar, Bill. — Disse ele com calma, a voz baixa o suficiente para só eu ouvir.Eu o encarei, ainda desconfiado. Calvin nunca fazia visitas ou gestos casuais.— Então o que você quer?Ele mudou o peso de uma perna para outra, olhando para o chão como se estivesse procurando palavras, o que não era nada comum nele. Calvin nunca foi do tipo que fica sem saber o que dizer. Por fim, levantou os olhos, e havia algo diferente neles: uma seriedade, talvez até um traço de respeito.— A Helena me ligou antes de morrer. — Começou ele, e senti minha garganta apertar só de ouvir o nome dela. — Ela me pediu um favor. Um último desejo, se é que dá para chamar assim.A menção ao último pedido da minha mãe me deixou ainda mais tenso. Mantive o rosto impassí

Ponto de Vista do BillO terraço estava tranquilo, os sons da festa desapareceram enquanto nós saímos para o ar livre. O sol quase se pôs, pintando tudo em tons de rosa e laranja. A Serena estava ao meu lado, e eu não conseguia tirar os olhos dela. Havia algo diferente na expressão dela, algo intenso, mas calmo, como se ela finalmente estivesse pronta para me deixar entrar.Ela me entregou a pulseira, segurando-a com as duas mãos firmemente. Era a mesma peça inspirada em conchas que eu tinha visto antes, a que ela desenhou só para mim. Eu já sabia sobre ela há um tempo, mas vê-la aqui naquele momento, parecia que ela tinha ainda mais significado, como se carregasse todas as palavras não ditas entre nós.— Bill, eu fiz isso para você... Para nós. — Ela disse suavemente, sua voz quase se perdendo no vento. — Eu queria te dar isso naquela noite, na festa Etoile de Collin, mas eu estava com medo. Não estava pronta para tudo o que isso significava na época.Eu respirei fundo, observando-a f

Ponto de Vista do BillÀ medida que a luz da manhã entrava pelas janelas, eu estava sentado no chão com o Collin. Ele estava de joelhos, como se tivesse encontrado energia infinita de um dia para o outro, pulando de um lado para o outro. Seus dedinhos gorduchos se esticaram para pegar a pequena pilha de blocos de madeira que eu tinha equilibrado cuidadosamente, e com um movimento alegre, ele derrubou tudo, rindo como se fosse a coisa mais divertida que já tinha visto.— De novo, né? — Eu disse, sorrindo enquanto reconstruía a torre. As mãozinhas dele já estavam esticadas para derrubá-la antes mesmo que eu terminasse de montar.A Serena estava sentada perto, nos observando com um sorriso suave enquanto tomava seu café. Ela estava linda, o cabelo solto sobre os ombros, os olhos quentes enquanto assistia o Collin rir e falar, suas palavras ainda uma mistura de sons com a ocasional palavra reconhecível aparecendo por vezes.— Parece que ele não deixou você descansar nem um pouco. — Ela dis

Ponto de vista da SerenaMinha mente estava a mil enquanto eu voltava para casa, as palavras de Matt ecoando como um tambor implacável e sombrio na minha cabeça. Kevin não tinha terminado. Ele estava vindo, e vinha preparado. Meu coração batia forte, e eu mal conseguia me manter calma. Estava morrendo de medo, mas aquilo só me fazia andar mais rápido, meus passos acelerando enquanto eu seguia para casa. Eu precisava contar para Bill. Ele precisava saber o que estava por vir.Quando finalmente cheguei em casa, mal tive tempo de recuperar o fôlego antes de entrar, procurando por ele. Encontrei Bill na sala de estar, inclinado sobre alguns documentos de trabalho, seu rosto sério, mas relaxado, sem saber da tempestade que estava se aproximando. Ele levantou os olhos, surpreso, quando entrei.— Serena? — Ele disse, franzindo a testa. — Está tudo bem?— Bill. — Consegui dizer, minha voz saindo mais trêmula do que eu queria. — Acabei de me encontrar com o Matt. Ele... Ele me avisou sobre o Ke