Lia se arrumou cedo naquela manhã para ir ao trabalho. Antes de sair de casa, olhou para a mão e observou o anel enquanto diversas emoções a atravessavam. Pegou o anel e o deslizou para fora do dedo. Com a luz do dia, pôde vê-lo melhor. Era uma peça linda e devia ter custado uma fortuna.Guardou a joia em seu estojinho e a deixou na gaveta do criado-mudo. Seria momentâneo, apenas até que contassem para seus irmãos e pais. Mal o havia usado por uma noite e já sentia que algo faltava em seu dedo. Mas não queria se arriscar a que alguém tirasse uma foto.No carro, a caminho da clínica, ligou para Ava — precisava falar com ela. Combinarem de se ver à noite, depois que Ava saísse do trabalho.Seu dia na clínica foi um pouco corrido, e ela agradeceu por isso. Assim que ficava sem nada para fazer, começava a pensar demais. Deveria estar eufórica, mas continuava se sentindo insegura com tudo.—Posso me sentar? —perguntou Franco durante o almoço.—Claro —respondeu ela com um sorriso.—Está tud

Lia abriu os olhos desorientada e os fechou quase imediatamente quando a claridade lhe causou uma dor de cabeça. Levou a mão para cobrir os olhos, mas um puxão no dedo a impediu. Ela entreabriu os olhos para ver do que se tratava. Era um sensor de saturação conectado a um monitor.Estava no hospital. Não precisava ser um gênio para deduzir isso. O que não conseguia se lembrar era como tinha chegado ali.Tentou fazer memória, mas a dor de cabeça aumentando a cada segundo tornava a tarefa impossível. A última coisa de que se lembrava era estar com Ava em uma cafeteria, ela lhe contara sobre o noivado e depois, antes de irem embora, Ava tinha entrado no banheiro. Depois disso, tudo estava em branco.Tudo isso ficou em segundo plano quando pensou no bebê. Precisava saber se o bebê estava bem.Uma enfermeira entrou no quarto naquele momento preciso. Ao vê-la acordada, sorriu, mas Lia não pôde corresponder ao gesto.—Meu bebê? —perguntou—. Como está meu bebê?O rosto da enfermeira ficou sér

No dia seguinte, Lia acordou na cama de Matteo, lembrava vagamente que ele a havia levado de volta quando ela adormeceu. Um rubor tomou conta de seu rosto ao se lembrar de como havia se agarrado a ele como se fosse um salva-vidas. Tinha sido um ato inconsciente. Ainda meio adormecida, sentia-se segura ao lado dele. Também tinha certeza de que havia dito algumas coisas para ele, só que não sabia exatamente o quê.Ela rolou na cama e encontrou o outro lado vazio, apesar disso, sabia que Matteo tinha dormido ali com ela. Ainda podia sentir o corpo dele junto ao seu. Talvez isso tivesse sido o único motivo de não ter tido mais pesadelos.Lia ficou deitada apenas pensando, não tinha vontade de se levantar, mas mais cedo ou mais tarde teria que fazê-lo.A porta do quarto soou antes que sua mãe entrasse com uma bandeja.—Bom dia, querida —saudou ela com um sorriso. —Trouxe seu café da manhã.—Bom dia, mãe. Obrigada. —Lia se sentou com as costas apoiadas na parede.Sua mãe colocou a bandeja s

Depois que Matteo saiu do quarto, Lia se sentou no sofá que ficava em um canto. Não tinha forças para se manter de pé, sentia que ia desmoronar. A dor já não era apenas pela perda do bebê, também tinha a ver com o homem que amava. Ficou tão tentada a sair e procurar Matteo para dizer que tinha cometido um erro ao falar que iria embora. Mas não podia fazer isso, precisava se afastar daquele lugar.Quando se cansou de se lamentar, levantou-se e foi até o armário para arrumar suas malas. Colocou-as em cima da cama e, uma a uma, foi guardando suas coisas. De tempos em tempos parava, tentando ouvir algum som. Queria acreditar que Matteo não tinha ido embora assim, sem mais nem menos; no entanto, não podia dizer que ela tivesse lhe dado outra opção.Estava terminando de esvaziar uma das gavetas onde estavam guardadas suas coisas quando suas mãos tocaram um objeto alongado. Sabia do que se tratava muito antes de vê-lo. Não tinha certeza se queria olhar, mas também não o devolveu ao lugar. Ti

Lia se perguntou se Matteo se lembraria dela agora ou se continuaria sem fazê-lo. De qualquer forma, já não a afetava como antes. Ambos haviam vivido muitas coisas ao longo dos anos. Era verdade que ela não o havia esquecido, mas era porque ele significou algo para ela, talvez porque lhe deu seu primeiro beijo. Talvez, se não fosse por isso, ela também teria seguido seu caminho sem recordá-lo.O único que realmente importava agora era que, apesar de a vida poder ter seguido outros caminhos, no final os havia reunido novamente. Não sabia ao certo se era para mostrar que o que havia entre eles nunca esteve destinado a acontecer ou, pelo contrário, porque tinha que chegar o momento certo.Lia virou a cabeça para olhar para Matteo quando ele permaneceu em silêncio por um longo tempo. O encontrou observando-a com atenção, parecia estar buscando algo e então seus olhos se encheram de reconhecimento.—Eu me lembro —disse ele—. Vim tirar um descanso. Foi uma época muito difícil. Havia passado