Narrado por Sara LimaA casa do tal Leandro parecia saída direto de um filme caro. Iluminação perfeita, decoração chique e uma mesa de frios tão bonita que dava pena de comer. Mal entrei e já senti o olhar das pessoas pousando em mim. Curiosos. Julgadores. Avaliadores.Vinícius sussurrou perto do meu ouvido:— Relaxa. Eles julgam todo mundo em silêncio. Você tá linda.— Hum. Não me elogia demais, não. Vai que eu acredito — rebati, ajeitando a alça do vestido.— Seria um problema. Ficar convencida não combina com você.Eu revirei os olhos. Mas por dentro, confesso... senti um calorzinho bom.Vinícius foi me apresentando um por um. Todo mundo com nome de novela. "Eduardo Henrique", "Isadora Cristina", "Felipe Lorenzo". E todos eles olhavam pra mim como se eu fosse uma boneca nova na vitrine da loja de luxo.Aí chegou ela.Luna. A esposa do tal primo, Leandro.Linda, estilosa, com um vestido azul que abraçava o corpo dela como se tivesse sido costurado ali mesmo.— Sara! Finalmente! — el

Narrado por Sara A música alta mal deixava a gente pensar, mas mesmo assim, ali no meio daquela mansão barulhenta e cheia de gente bonita e metida, eu me sentia… leve. Estranhamente leve. A Luna era diferente do que eu imaginava — autêntica, direta e completamente doida. E eu adorei isso. Ela me puxou pelo braço como se já fôssemos melhores amigas há séculos. — Hoje você vai beber, Sara! — ela disse, me enfiando um copo na mão com aquele brilho sapeca nos olhos. — Já faz tempo que não bebo — tentei argumentar, mas já era tarde. O copo estava cheio e o álcool já fazia cócegas no nariz. Dei um gole. Forte, mas bom. Muito melhor que o gosto amargo de estar casada com um idiota. A gente se afastou dos rapazes, e enquanto eles fofocavam como um bando de velhas numa praça, eu e Luna sentamos no sofá. Ela me olhou de canto, como quem já sabia tudo. — Leandro me contou que você e o Vinícius estão só fingindo pro tio Rodrigo. Revirei os olhos e suspirei. Eu já nem escondia mais. — É v

Narração: Sara LimaAcordar nos braços do Vinicius já tinha virado rotina, por mais absurda que fosse. E não que eu achasse ruim, só que... não podia ser bom também. Ainda mais depois de uma noite em que eu vomitei nele, dormi de toalha e acordei sendo observada por aquele par de olhos verdes que só Deus sabe por que brilham tanto.Ele ainda teve a cara de pau de sorrir pra mim, como se cuidar de uma bêbada fosse o auge do romantismo. Pior que foi. Eu não tava acostumada com isso... com ninguém cuidando de mim.E agora, lá estávamos nós, no carro, indo escolher meu vestido de noiva. Um vestido que eu sonhei desde pequena, mas que agora estava ligado a um casamento de fachada com o homem mais irritante e mais lindo que eu já conheci. Vinicius Vasconcelos era meu castigo e, ao mesmo tempo, a maior provocação que a vida me colocou no caminho.— Por que você é chata, hein?— E por que você é idiota, hein?Clássico. Vinicius começava o dia distribuindo simpatia, e eu... bom, eu não deixava

(Narrado por Vinícius)A compra do vestido foi uma loucura. Eu ainda consigo ver a cara da Sara se derretendo no provador, mesmo tentando disfarçar. Ela saiu daquele cubículo com um sorriso bobo, segurando o vestido como se fosse um tesouro. E quando eu elogiei? Ela fingiu que odiou. Só que eu vi — e senti — que ela estava gostando. Até demais. O problema? É que eu também.E aí vem o dia seguinte. Acordei olhando pra ela. Toda jogada no travesseiro, com o cabelo bagunçado e a cara amassada. Linda. Inferno, por que ela tem que ser tão linda?— Bom dia, esposa — falei, porque já tá virando hábito.— Bom dia — ela respondeu ainda grogue, com a voz rouca de sono.Sorri de canto. — Amanhã é o nosso casamento.— Sim, será.Ela respondeu como quem responde à previsão do tempo. Mas eu percebi o friozinho no olhar. E aí eu soltei:— E você não vai querer uma despedida de solteira?Ela franziu o cenho. — Acho melhor não. Não quero beber mais.— Quem falou em beber? É só diversão com a Luna.— N

Narração — Vinícius Vasconcelos O cassino tava cheio, barulhento, com cheiro de cigarro caro e grana girando pelas mesas. Perfeito pra esquecer que eu tava ficando idiota por uma garota que não era nem pra ser minha esposa de verdade.Cláudio já estavam lá quando cheguei.— Demorou, Vasconcelos — disse Cláudio, ajeitando a gola da camisa como se fosse astro de novela mexicana.— Tava ocupado pensando em quantos netos vou dar pro meu pai — soltei, seco, só pra provocar.Leandro riu, meio sem graça.— E aí? Beijou a garota ou não?— Beijei. E daí?Eles se entreolharam, surpresos. Esperavam enrolação, como sempre.— Caraca, beijou mesmo? — disse Cláudio. — Perdi a aposta pra Luna. Dois anos lavando louça.— Pois é — falei, jogando a ficha na mesa. — A ideia era só garantir o beijo do padre amanhã. Treino, sabe?Mentira. Eu queria. Quis pra c******.Mas ali, entre amigos, não dava pra entregar. Então vesti a máscara de sempre.— Tá com um plano, né? — Leandro me encarava, sem humor.— Si