Victoria não se reconhecia mais. Mesmo enxergando seu rosto no reflexo do espelho do retrovisor, não conseguia se ver na imagem, ainda que nítida, que seus olhos focavam curiosos a todo momento.Ela encostou sua cabeça no banco de couro bege, e abriu a janela, sentindo o vento tocar seu rosto, secando a lágrima que escorria em seu olho esquerdo. Mesmo a limpando discretamente, ela insistia em estar lá, a lembrando da tristeza instaurada dentro de si. A lembrando do seu coração danificado, e do rombo interno que parecia nunca sarar.Estava vazia, completamente oca, e após muito tempo se sentindo assim, nosso cérebro passa a buscar maneiras de preencher esse vazio. Às vezes com ações benéficas e positivas, outras vezes com ações impulsivas e irresponsáveis.Ela não sabia exatamente quando havia começado a ser tão inconsequente, mas entendia que sua vida, no cenário atual, não exigia muita cautela. Não tinha mais sua família para fazer parte, havia deixado a faculdade, e agora, havia se

A primeira impressão causada por alguém é sempre a mais importante. Essa é a frase que muitos reproduzem, acreditando ser verdade.Porém, outros acreditam que a última impressão de um encontro causa muito mais impacto, do que de fato a primeira. Já que a sensação que irá prevalecer, é a que esteve presente da última vez que se teve contato com tal pessoa.Infelizmente, Victoria sentiu na pele a comprovação da segunda teoria, já que a primeira vista, Valentim era um verdadeiro príncipe encantado. Agora, no final da noite, estava tentando fazer com que ela ingerisse drogas por meio de uma bebida.Quanta ironia.O que, sinceramente, não fazia sentido. Tendo em vista que a ruiva havia flertado com ele a noite inteira.Alguns homens gostam da conquista e da sedução, outros, do controle em que é exercido sobre um corpo indefeso e vulnerável. Talvez, a segunda opção fosse o caso de Valentim.O desejo mórbido e repugnante em obter prazer mediante uma pessoa indefesa é despertado em muitas pes

Toda a vida é definida por momentos marcantes, sejam bons ou ruins.Mas independente disso, essas memórias ficam gravadas em nossa mente para o resto da vida.Quando Damiano se viu parado em frente a Valentim, assistindo seus homens o cercarem completamente armados, ele perguntou a si mesmo em qual momento havia errado. Suas decisões teriam sido tão imprudentes a ponto de colocar sua vida, e principalmente, a vida de Victoria em risco?Ele se sentiu completamente impotente. E saber que teria deixado sua vida correr um risco tão grande a ponto de colocar tantas coisas em risco o matava por dentro. Damiano deixou suas percepções serem afetadas pelo sentimento que sentia por Victoria, porém, hoje conhece reconhecer que a responsabilidade é completamente sua.Diferente de antes, ele não culpava a ruiva pelo sentimento que o transtorna por dentro, afetando completamente toda a sua estrutura, de forma que o deixava confuso e sem saber para qual direção seguir.Pensando saber qual era a melh

Damiano estava radiante. Seus motivos para comemorar só haviam aumentado desde que pode ver Victoria completamente recuperada desde o incidente com Valentim. Sabia que ela precisaria de cuidados, afinal, seu corpo pedia para que o tanto de “aventuras” excruciantes diminuísse consideravelmente. Ela havia atingido o seu limite. Estava completamente esgotada, sem condições de lidar com qualquer tipo de estresse ou perigos que pudessem despertar uma grande sensação de adrenalina. Os médicos e enfermeiras que passaram para garantir os seus cuidados foram extremamente atenciosos, e definitivamente fundamentais para que ela tivesse uma recuperação tão rápida. A terapeuta responsável por ajudá-la a entender o que seu corpo havia passado nos últimos dias também teve um papel essencial. Em um primeiro momento, Victoria se culpou pela situação em que estava. Agiu de maneira impulsiva, e sequer tentou conversar com Damiano antes de fugir junto de Valentim, um homem que embora parecesse inofensi

Ele escutou as palavras da ruiva, pensativo.Não sabia o que dizer, ou o que poderia dizer sem magoá-la. Estava farto de ver seu rosto decepcionado encará-lo com os olhos sem vida.Sua vontade, caso pudesse expor de maneira sincera, seria dizer que se pudesse, enviaria ela para o mais longe de toda essa confusão, a livrando de qualquer tipo de mal que pudesse atingi-la ao longo do tempo.Ele conhecia sua família, seus aliados, e sabia exatamente o que iria acontecer caso não intervisse na situação. Não tinha mais medo de arcar com as consequências de suas ações por causa de seu pai, mas tinha medo de não conseguir sobreviver tentando protegê-la.Isso, de fato, o assombrava diariamente.— Acho que você pode fazer o que quiser, desde que não a prejudique. — Ele respondeu, cessando seu longo silêncio torturante.— Mais prejudicada do que já estou, Damiano? — Ela alterou seu tom de voz, mostrando a irritação que a invadiu. — Não sejamos inocentes, você sabe tanto quanto eu que o meu desti