Na praia de N’Zeto a segunda feira também chegou, assim como a velha embarcação de Marlon, que resistiu à tempestade em alto mar. O casco do barco flutua na água rasa da praia, rasgando a areia com seu casco. Enfim Marlon e Arnold chegaram de volta ao destino. Marlon salta na água e caminha até a areia, trazendo o cabo para atracar a velha embarcação. Arnold desce na água, caminha cambaleando, caindo exausto na areia. O executivo engatinha e começa a vomitar. Após vários engasgos ele reclama. — Desgraça, como puder entrar numa barca furada como essa. Marlon dá risadas e se diverte vendo o mal-estar do executivo. O pescador desdenha do engravatado mau caráter e provoca sua honra. — Vocês da cidade, engomados e estudados são bons para fazer mutreta e enganar as pessoas. Mas para gan

Na outra costa marítima, do lado brasileiro do Oceano Atlântico, na capital fortalezense, os noticiários de televisão, rádio e redes sociais, não falam de outro assunto a não ser o acidente e o resgate do Matrix pela marinha brasileira. A hastag #perdidosnooceano já é a mais postada na internet pelos internautas. O assunto bomba fervorosamente nas mais diversas classes sociais, com todos os palpites possíveis e as mais variadas versões do que aconteceu e do que está por vir a partir dessa notícia. Para alguns maus intencionados, o que mais interessa são as fakes news e os conteúdos que espalham ódio, intrigas e controvérsias. Sintonizada no que acontece nas redes sociais, Bia está de prontidão nos links e portais sensacionalistas para trazer munição para as armas de seu amante Jorge Mascarenhas. Ainda deitada na cama a lo

O fim de tarde da segunda feira em Luanda está agitado. Tumultos e conflitos tomam conta das ruas. A confusão se iniciou porque os membros de uma igreja adorada pelos angolanos foram expulsos por dissidentes religiosos. O conflito se iniciou na própria congregação e as notícias de que a intervenção política no comando desses conflitos acirrou ainda mais os ânimos. A intervenção de líderes religiosos de outras entidades tentando acalmar a situação não foi suficiente e o conflito saiu do controle. Nas ruas de Luanda se instalou um quebra-quebra geral. Correria, explosões e estardalhaços podem ser vistos e ouvidos por onde quer que se ande. O ódio e a violência tomaram conta da capital angolana, num frenesi movido por uma ira descontrolada, que poucos sabem explicar as razões ou uma solução rápida para acalmar toda aquela

Jason faz uma manobra abrupta e Suellen se segura como pode no Jipe Land Rover. O casal atravessa o portão preto de ferro e adentra no edifício comercial antigo. O homem vestido de branco acompanha o Jipe e tranca com agilidade as travas do portão da garagem do edifício. Alguns segundos mais e o barulho começa. A multidão tresloucada chega quebrando tudo que está na rua. Jason e Suellen ouvem o barulho da confusão e sabem que se livraram por muito pouco de ficarem presos no meio do conflito. O casal agradece ao homem todo vestido de branco.   —Muito obrigado, o senhor nos salvou.   O homem faz um gesto de reverência, cumprimento o casal e explica sua atitude.   — Estamos no oitavo andar, lá do alto dá para ver bem o que está acontecendo na avenida. O mestre avistou vocês em apuros e me pediu para que eu corresse e os ajudasse a entrar aqui. Está tudo muito violento, vocês não conseguirão chegar do outro lado da cidade na