Capítulo 3 - John

John torceu para que a garota, Lúcia, tivesse entendido e contasse ao seu tio, Thomas Johnson, o professor de matemática, o que tinha acontecido e que ele estaria com Jhanny.

Eles não esperavam que isso fosse acontecer tão cedo, mas aconteceu. A garota viu uma das criaturas mágicas do mundo ao qual John, e ela também, pertenciam.

Enquanto corria, ele pensou no que o seu tio disse quando eles chegaram em Nova York, para vigiar e proteger a garota de possíveis ameaças. Ele falou que por ser apenas uma descendente, de dois dos deuses mais poderosos de seu mundo, ela não despertaria tão cedo nenhum tipo de magia ou poderia ver algum ser mágico de seu mundo, a não ser que a levassem para lá, o mundo a que eles pertenciam. Mas parece que seu tio estava enganado, a garota viu uma criatura mágica e, provavelmente, já havia despertado a magia dentro dela. E agora ele precisava ir atrás dela para que algo ruim não acontecesse, e explicá-la tudo que sabia.

Ela estava correndo em direção ao Central Park, seguindo a sua mochila que estava sendo levada, ou melhor, roubada por gnomos, pequenas criaturas do outro mundo, que as vezes se aventuravam pela Terra, para roubar coisas das pessoas. John estava a alguns metros dela, mas não a alcançou, ela era bem rápida, isso provavelmente estava relacionado a algum de seus poderes mágicos. Ele continuo correndo atrás dela, já no Central Park, por entre as árvores e algumas pessoas que se esbarravam nele, vários protestos e ofensas ele podia ouvir, mas não se importou.

Ele precisava fazer algo para que não houvesse nenhum acidente desnecessário com magia na frente dessas pessoas. A garota seguiu os gnomos por uma pequena trilha. "Ela não cansa?" Pensou John. "Como vou pará-la?". Mas ao que parecia, ela só ia parar quando recuperasse a mochila, mas o que teria de tão especial na mochila? Ele continuo correndo atrás dela tentando formular alguma ideia para fazê-la parar. A melhor idéia, pensou, seria ter de usar magia, seus poderes, para recuperar a mochila da garota, assim a faria parar, mas como usar seus poderes ali? No meio das pessoas? Ele pensou... "terei que correr mais um pouco até que cheguemos a uma área segura para usar meus poderes", concluiu.

Logo chegaram em uma área mais segura para ele fazer isso, eles estavam numa parte cheia de árvores do parque, perto de um lago. Não havia quase ninguém por perto, as pessoas mais próximas estavam à uma distância segura. A garota parou de correr e ele também. Ficando afastado dela. Por que ela parou? Cadê os gnomos com a mochila? Ela estava olhando de um lado para o outro, procurando. Ele fez o mesmo olhando em volta para ver se encontrava os gnomos. A garota não percebeu que ele se aproximou dela, mas ele não se importou, assim como ela, ele começou a olhar pelos pequenos arbustos que haviam em volta. Nada, as plantas nem se mexiam.

- Onde está!? - Ele ouviu a garota falar.

- Não se preocupe, vamos achá-la. - Ela se virou rapidamente para ele.

- Você... me assustou! - Ela disse, ofegante.

- Me desculpe, mas não se preocupe vamos achar a sua mochila. Eles não estão longe. - Ela o encarou.

- Eles... o que são? Você também os viu? Como? - Ela começou a perguntar.

- Calma, suas perguntas terão respostas logo, logo. Agora vamos procurar a sua mochila.

- Ah... sim, tá. Acho melhor. - Ela começou a procurar pelos arbustos novamente.

John parou. "Será que devia usar meus poderes?" Ele se perguntou. Seria muito mais fácil encontrá-los assim, se eles ainda estivessem ali. Ouviu um barulho nos arbustos atrás dele, quando se virou era a Jhanny mexendo nas plantas.

- Não está aqui! - Ela disse, mas a alguns metros dela, em uma outra planta. Algo se mexeu novamente. Ela se virou atenta. - Ali! - Apontou para a planta.

- Certo! - Falou John, ele se aproximou devagar e parou a uns dois metros da planta. - Se estiverem aí sairão agora. - Ele levantou a mão direita, na direção do local, se concentrano ao máximo. Ele podia sentir toda a terra a sua volta, através de pequenas vibrações, sentiu que havia algo preso nos galhos da planta, ele se concentrou mais um pouco e o arbusto começou a tremer violentamente, em seguida, três pequenas criaturas foram arremessadas aos seus pés, eram pequenos ladrões gnomos. Os três prostaram-se de joelhos aos pés de John.

- Como fez isso? - Jhanny perguntou.

- Perdoem-nos, meu senhor, não sabíamos que estávamos roubando de um filho da natureza! - Suplicou o mais alto dos pequenos gnomos. Ele devia ser o pai dos outros. - Por favor, não nos dê uma punição muito severa, não nos mate! Não sabíamos! - Ele continuo suplicando. Ele tinha mais ou menos a altura de um gato adulto. Sua pele era marrom, sua cabeça careca e tinha uma barba esverdeada parecendo grama. Usava roupas feitas de folhas de árvore. Os outros dois gnomos, aparentemente os mais novos, imitaram o primeiro e se ajoelharam aos pés de John que os encarou.

- A mochila? - Falou John, ele sabia onde estava, mas queria saber se os pequenos ladrões estavam de fato arrependidos. - Onde está a mochila?

- Está ali, senhor! - Um dos dois mais novos apontou para um outro arbusto ao lado do que eles estavam. Os outros dois gnomos mais novos, diferente do primeiro, tinham cabelos na cabeça, esverdeado também.

- Certo! - John levantou a mão para onde ele apontava. E assim como o outro, este começou a tremer violentamente, e então a mochila de Jhanny foi arremessada em sua mão. - Obrigado! - Ele falou aos pequenos e se abaixou. - Mas eu acho que vocês precisam parar de roubar as coisas dos mortais daqui. Eu sei que são fascinados por suas invenções e pela comida, mas os seus senhores vão ficar enfurecidos, e eles punirão vocês, não eu. Entenderam? - Um dos gnomos mais novos resmungou algo, mas foi interrompido pelo mais velho.

- Nós entendemos, senhor, filho da terra! - Ele abaixou a cabeça.

- Ótimo, agora podem ir! Vão! - John falou. Eles se levantaram e saíram correndo em seguida desapareceram entre os arbustos. - Esses gnomos!

- Gnomos? Filhos da natureza... ele te chamou de filho da... - Começou Jhanny, ela ficou assistindo a tudo em silêncio.

- Terra. - Falou John. - Isso mesmo. - Ele se aproximou dela. - Aqui a sua mochila. - Ela pegou rapidamente. - Eu... vem comigo. - Ele chamou.

- Tá, e obrigada! - Ela falou. - Você vai me explicar tudo?

- Bem... algumas coisas, as outras o Thomas explicará a você, e o resto você aprenderá no nosso mundo.

- Thomas?

- O Professor Johnson.

- O que ele tem a ver com isso? - Jhanny quis saber.

- Muita coisa, ele e eu somos seus... guardiões.

- Guardiões?

- Sim. - Eles se sentaram num banco do parque. - Você, assim como ele e eu, é uma filha da natureza. Descendente de um dos seis grandes deuses da natureza. Não pertencemos a este mundo.

- Descendente de deuses da natureza... Como assim?

- Isso vai ser complicado. Vamos lá! - Ele começou. - Existem seis grandes deuses da natureza, deuses elementares, em nosso mundo...

- Quando você diz "nosso mundo" não está se referindo aqui? Tipo, a Terra? É algo, tipo, outra dimensão ou realidade? - Jhanny o interrompeu.

- Bem, pode-se dizer que sim. - Ele disse, após pensar um pouco.

- Certo... E essa coisa de "descendente de deuses", é algo, tipo, Percy Jackson? Da mitologia grega? - A garota perguntou, erguendo a sobrancelha e fazendo o sinal de aspas. Era nítido em seu olhar que ela não estava acreditando.

- Não é bem uma mitologia, porquê é real. - Ele respondeu simplesmente.

- A mitologia grega não é real. - Ela disse. John apenas sorriu.

- Você ficaria surpresa com o que é real ou não no Universo. - Ela o observava com certa teimosia no olhar, talvez achando que ele estavivesse pregando uma nela.

- Sei lá, depois do que acabei de ver, talvez não. - Ela disse. - Existem outros mundos, além desse do qual falou e da Terra?

- Provavelmente sim, dezenas, com seus próprios deuses e mitologias. - John respondeu, ele já tinha lido muitos livros sobre isso.

- Okay, me fale mais sobre esses deuses aí. - Ela o encarou.

- Ah, certo, vamos lá. Existem os que chamamos de "seis grandes" ou reis de Natureza. Aqualah, a deusa da água, Palatah, a deusa da terra, Ventanna, a deusa do ar, Fokon, o deus do fogo, Rhaion, o deus do trovão. Estes cinco representam os principais elementos da natureza, e tem Syx, o deus dos elementos e da natureza, é o líder deles e o criador de nosso mundo, que se chama Natureza. Ele criou os outros cinco. - John deu uma pausa, observando a garota, esperando alguma pergunta, mas ela estava em silêncio, então ele prosseguiu. - Assim como na mitologia grega, esses deuses, eles tem filhos com mortais, humanos ou mágicos, ou seja, nós, os filhos da natureza, tanto aqui neste mundo, quanto no nosso. Mas nós não somos filhos de nenhum deles, eu e você quero dizer, na verdade, somos apenas descendentes. No meu caso e... no seu, pelo que sei, netos, especificamente falando. Nossos pais eram filhos deles. - Jhanny o encarou, novamente com aquele olhar de incredulidade. - Eu sei, é difícil de acreditar, mas é a verdade. - Ela não disse nada. Apenas o encarava. - Eu acho melhor voltarmos para a escola e esperar a aula do Professor Johnson terminar. Ele vai te explicar tudo melhor. Pedi pra sua amiga avisar pra ele. - Ele se levantou. - Vamos?

- Tá bom. - Jhanny se levantou e o seguiu. Eles foram para a escola.

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