Capítulo 2

- Maria, esta é Criseida Spencer, é diretora da paróquia de Hope e ela com seu sobrinho Damon Spencer são encarregados de uma comunidade carente, eles criam crianças que não tem dinheiro para nada em uma chácara, a chácara Hope.  – aferiu Amara. Maria sorriu com os olhos, ainda 

Desconcentrada pela aparência incomum que aquele homem tinha. Céus, o que era aquilo ? Possivelmente deus testando seu autocontrole e ela tinha certeza que se fosse aquilo, era teria falhado no instante em que pôs os olhos nele. 

- Boa noite Maria, devo dizer que é um prazer conhecer você – “Um prazer”, sério que havia dito isso ?  Damon sorriu ainda sem mostrar os dentes, de forma amistosa e educada embora por dentro ele ainda estivesse impactado com tamanha beleza. Certo de que já a havia visto em revistas e alguns comerciais, mas nenhum papel ou tela digital conseguia transmitir a real beleza da modelo.

  Seus olhos colaram nele, observando cada movimento sutil das mãos grandes enquanto se ocupavam com seus cabelos de fios de ouro. Era inevitável e pela primeira vez incontrolável. Spencer a olhou também e novamente a troca de olhares fez com que o arrepio subisse suas pernas... as pernas bambas, nervosismo. Céus! O que era aquilo tudo?

    Damon sabia quem era ela, aquela era a mulher que Amara tanto falou que iria ficar muito feliz em ajudar a chácara? Aquilo seria um problema, talvez tão grande quanto a dívida da Chacara.. Tudo o que ele menos precisava era ter por perto uma mulher que o lembrava que antes de ser padre, ele era um homem, que tinha seus instintos ali, adormecidos e que o faria cometer o pior dos pecados e o maior dos arrependimentos.

- Damon! Não fique aí parado cumprimente a moça! – A tia bateu na cabeça dele para que ele acordasse. – Reclamou a loira

Damon como se houvesse acordado de um sonho mexeu a cabeça e estendeu a mão para cumprimentar Maria.

- Boa noite, senhorita Maria.

“Senhorita Maria”.

 Tudo bem, já estava bom. Isso estava sendo sensual demais para que ela pudesse aguentar. A voz dele a chamando de senhorita Maria era simplesmente...sedutora, e ela uma mulher que estava tão inserida nos prazeres da vida, tomava a pronúncia do Padre como um desafio. 

Onde estava com a cabeça ? 

- Boa noite Damon. – Respondeu ainda acanhada.

Ela em um gesto suave pegou uma de suas mãos em cumprimento, sua mão quente forte como deve ser a mão de um homem, grande, ásperas, na qual ela tinha experiência o suficiente para saber que aquelas mãos deveriam fazer loucuras ao passear pelo corpo de uma mulher. Um arrepio intenso se apoderou dela e ela esforçou-se para continuar focada na conversa, tentativa essa que falhava.

- Porque que não conversam um pouco? Padre eu tenho que pegar Criseida emprestada apenas por um momento tudo bem? Já  que ela se junta a conversa.

Maria piscou uma vez. Piscou outra. Olhou para a tia. Olhou para Damon.

Ele não podia ser um padre.

Não ele. 

Porque ela havia decidido que o queria. 

E Maria não podia desejar um padre em sua cama. 

Era blasfêmia e ainda que pecadora, ela era uma mulher de fé.

Damon não estava diferente.

Deus, que pecado havia cometido para tamanho castigo ?

Não podia ficar sozinho, não com ela. 

Não com Maria. 

- Padre? – Sussurrou.

- Isso mesmo. Damon que é um dos padres da paróquia de Hope ele já…

Qualquer resquicio de som se tornou mudo. A voz de Amara se tornará inaudível, ela podia estar falando algo importante, mas a modelo não ouvia mais nada, a não ser suas últimas palavras…

Padre.

Era um padre.

Ele era um Padre.

Daemon Spencer era um padre.

Aquele homem bem á sua frente era um padre. 

Ela queria montar em um padre ?

   Não podia ser. Até onde sabia um padre não poderia cobiçar uma mulher, e no olhar de Damon viu, mesmo que pouca, certa cobiça por ela. Oh não! Estava interessada em um padre?Aquilo era um pesadelo, dos mais terríveis! Ah, deu de ombros. Esse interesse era passageiro, pelo menos ela desejava que fosse.  No dia seguinte nem ao menos se lembraria do padre Damon Spencer. Tudo bem que com ele teve sensações tão intensas e inimagináveis, mas do que adiantava se não poderia tê-lo? O jeito era esquecer mesmo. Estava tão concentrada em seus planos de se desinteressar por Damon que nem ao menos viu quando a tia saiu com Criseida e a deixou sozinha com Damon.

             

Era como ter sede, um copo de água em sua frente e não poder bebe-lo.

- Você trabalha com crianças carentes? – Ele a resgatou de sua perversa mente.

- Hã?

- Perguntei se a senhorita trabalha com crianças carentes. – Repetiu sorridente

- Oh sim! Perdão. - recomponha-se Maria - Trabalho, sabe tenho uma certa paixão por crianças.

- Eu entendo, são seres encantadores, possuem a pureza dentro de seus corações.

- Sim! São seres sinceros que animam até mesmo um coração partido! – Lembrava-se de que quando Jhonny, seu noivo,  morreu o que mais deu forças a ela para continuar foram as crianças.

- Exatamente..- Exclamou ele

- E que tipo de trabalho fazem nessa chácara?

- Ah nós apenas ensinamos elas a lerem e escrever, isso as senhoras que fazem, também um pouco da área de matemática.

-  Possuem salas de aula? – indagou a morena

- No momento não. O dinheiro que temos é sempre desviado para gastos alimentares.

- Que absurdo! Não possuem muita verba?

- Não o suficiente.

- Pobrezinhos! Quero ajudar. – De todos seus interesses aquele era o maior. Crianças carentes. Embora o Padre Damon fosse também um motivo interno, que por hora ela não admitiria.

- Sua tia disse que iria mesmo querer ajudar. – Damon mostrava uma enorme calma, mas na verdade estava muito nervoso, ela iria ajudar! Deus, Maria ajudaria a chácara.

- É claro.

De repente ela se viu sem assunto com Damon, desceu os olhos pelo pescoço másculo, ele usava o colarinho de padre o que não a deixava ver muita coisa do resto. Porém o que ela não via, sua mente imaginava, e aquela altura, sua mente imagina muito mais do que deveria.

- Ui! Estou de volta! Amara foi me apresentar a mais algumas pessoas que estão dispostas a ajudar, mas ela disse que de todas você seria a mais interessada. – Brevemente disse Criseida de volta ao recinto.

Maria levou um susto, encarou Criseida.

- Claro, eu adoraria! – Voltou a Terra novamente. Sim, adoraria ajudar, ainda mais se em suas visitas fosse escoltada por Damon, mais de preferência sozinho nu com o corpo grudado ao dela. Oh céus, o que estava pensando ? ele era um padre !

- Então de qual quantia estamos falando? – Maria novamente viajou um ‘pouco’, olhou Criseida com o olhar um pouco perdido, pronto. Estava salva, era só conversar olhando para Criseida que não se veria em outro mundo novamente.

- Não sei. De quanto precisam? Sabe eu gostaria também de conhecer as crianças e a chácara também, claro!

- Seria perfeito! Não é Damon? – se alegrou a diretora.

Ela olhou para o sobrinho que até aquele momento encarava Maria. Detalhava cada traço, cada gesto. Enfim, perdido em outro mundo.

- S-sim, claro tia, claro.

Algo errado, as anteninhas de Criseida levantaram, seu sobrinho a chamou de tia.

Maria foi abraçada por trás, estava uma noite conturbada, estava se perdendo facilmente em seus pensamentos e se assustando com qualquer um que aparecesse.

- Maria querida! Você apareceu! Pensei que tinha desistido! – Hillary a salvara de seus pensamentos

- E que demora! Já é bonitona e fica demorando meio ano pra se aprontar!- e a rosada junto.

- Você aguenta isso padre? Ela não é linda? –Hillary dizia inocente.

Maria percebeu que as amigas haviam bebido um pouco além da conta, mas queria saber a opinião dele demasiadamente. O que ele diria?Percebeu que ficou sem graça.

- S-sim é muito graciosa. – Damon se engasgou um pouco, não sabia a última vez que elogiou uma mulher. mas Criseida percebeu.

- Graciosa?Ela é linda, maravilhosa, gostosa! Diz aí Damon!Tu é padre, mas ainda é homem! – Sim, um padre, mas ainda um homem, o homem de carne e osso. E esse lado homem estava reagindo perigosamente a mulher à sua frente. Um erro, talvez o maior deles.

Diego é filho de Amara também, consequentemente irmão de Hillary, primo de Maria e tinha conhecido Damon naquele mesmo dia.

- É... muito... linda. – Falou pausadamente com a garganta seca.

     Damon e Maria trocaram um olhar despercebido no meio de tanta gritaria, agora Diego abraçava Criseida tentando fazer a velha senhora beber do que ele bebia. Maria sentia-se mal. Sentia uma dor forte no peito, de repente uma tontura e sua dor de cabeça veio. Sua mente dizia que era melhor esquecer essa chácara, ajudar apenas com uma boa quantia. Mas ela queria, queria envolver-se. Era quase uma necessidade. O que não sabia era que o que realmente seu coração queria era envolver-se com Damon, o que seria impossível, pois ele era um padre.

- Tudo bem! Já se divertiram muito? Estou indo embora. – Tinha que fugir dali, ela precisava entender o que era aquilo, aquele mal estar repentino.

- Mas já Dona Maria ? – indagou a Rosada rindo bebum.

- Sim e a senhorita também porque bebeu além da conta! – Exclamou segurando docemente a rosada pelo braço

- Chata! – Samara resmungou.

- Onde está o Vitor?

Maria correu os olhos pela festa e encontrou Vitor Conversando animadamente com Amara, foi até ele.

- Vitor, estamos indo. - Afirmou

- Já Maria? Mas por quê? Ta tão divertido!

- Apenas não estou bem! Vamos? – Via que a Lancaster pedia por favor com o olhar.

- Claro, até mais Dona Amara. – Vitor Percebeu que Maria parecia estranha, resolveu não discutir mais. Maria assumia muitos jeitos publicamente, menos de uma pessoa deslocada.

- Até mais Vitor!

- Tchau tia, a festa está maravilhosa, é uma pena que me sinto mal. – Despediu-se da tia com um abraço e um beijo.

- E a comunidade de Hope? - Indagou sua tia

- Vou ajudar. Dê meu telefone a Criseida sim? Beijos titia. – Falou apressadamente, sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento, porque sentia...sentia o olhar dele sobre si.

Ela despediu-se de Amara, encontrou Samara e Diego conversando e rindo como bêbados, pegou Samara ainda embriagada e arrastou com uma adolescente para seu apartamento, sempre que ficava bêbada dormia lá, Vitor a ajudou.

Quando chegaram ao apartamento de Maria, a deitou na cama, consumida pelo álcool ela adormeceu, ela e Vitor Deixaram Maria no sofá e a cobriram.

-  Mari, estou indo, cuida da Samara, os remédios para dor de cabeça você já sabe onde estão.

- Obrigada Vitor.

- Que isso! Boa noite diva! Espero que melhore. – Vitor Disse carinhosamente.- amanha conversaremos...

- Obrigada. – Maria sorriu - Boa noite.

      Maria fechou a porta para Vitor. Samara estava apagada no sofá, a lancaster suspirou. Entrou em seu quarto, retirou as sandálias, lavou o rosto retirando a maquiagem e depois mirou-se no espelho. Lembrou-se do toque das mãos de Damon na segurança, de seus olhos percorrendo seu corpo. Abraçou o próprio corpo com os olhos fechados tentando imaginar como seria se o tivesse conhecido de uma maneira diferente, de uma maneira que ele não fosse um homem impossibilitado de receber tudo que ela poderia dar a ele, mesmo que só por uma noite. Sentiu-se quente, queria tanto toque dele. Sacudiu a cabeça, ele era um padre! De todos os seus desejos aquele era o mais impossível. Um pecado podia-se dizer!

Pôs um pijama e deitou-se, o loiro não saía de sua cabeça. Padre! Não conseguia se conformar com aquilo! Talvez se não tivesse percebido o olhar dele e a forte atração que não somente ela sentiu, mas ele também, não estaria tão inconformada. Mas ele a olhou! Com olhos de um homem. Fechou os olhos com força.

- Maria Lancaster, durma!Amanhã já terá se esquecido deste ser! - Exclamou para si mesma.

Com muita força de vontade conseguiu dormir, no dia seguinte já teria se esquecido dele como todos os outros que ela esquecia com uma boa noite de sono.

***

-  você esta  quieto desde que saímos da casa de Amara. – Na verdade estava preocupada com o sobrinho desde o momento que a chamou de ‘tia’ e não de “Criseida”.

- Ah não é nada, tia. Apenas estou cansado, preciso dormir, não sou acostumado com essas festas.

- Entendo. Isso! Vá dormir que amanhã temos um longo dia, Amara me passou o telefone de Maria, vou convidá-la para visitar a chácara e você irá guiá-la.

      Definitivamente estava sendo tentado pelo próprio diabo.

Damon arregalou os olhos.

- Tia, a senhora tem certeza? Digo e se a senhorita Maria não quiser e ficar sem graça de recusar. – Que desculpa tola! Ela tinha mostrado entusiasmo ao falar das crianças.

- Oras, claro que não! Não viu o brilho nos olhos dela quando conversávamos? Então! Boa noite querido. “Ele ainda está me chamando de tia... O que deu nesse menino?” – Sim, e como viu o brilho naquelas pérolas. Viu cada detalhe de Maria, os traços finos, os lábios rosados, o corpo...

      Criseida não era boba e reparou na repentina mudança do sobrinho logo depois de conhecer Maria. Viu de canto o momento exato dele a encarando, mas pensou que nada fosse, coisas de sua cabeça, Maria era famosa e além disso Ela era uma bela mulher, não havia nada demais ele apreciá-la. Não tinha com o que se preocupar! Damon estava ali sendo padre porque queria, podia muito bem ter negado o pedido da mãe...certo? Infelizmente Criseida tinha dúvida se aquela era realmente a vocação do garoto. Tão nova, os preciosos 26 anos sendo devoto ao celibato.

Damon abriu a porta de seu quarto que era bem simples, apenas uma cama com uma cômoda e a imagem de um santo. Retirou sua roupa e colocou a bermuda que usava para dormir. Em sua mente imagens de Maria vieram, o toque de suas finas mãos em seu peitoral ao ampará-la antes de cair. O olhar assustado, o nervosismo. Ah e o corpo? Não pode deixar de notar, infelizmente. Sacudiu a cabeça.

- “Como um padre pode ter sentimentos tão carnais?”

Ajoelhou-se em frente a imagem do Santo em seu quarto.

- Por favor senhor, me ajude a cumprir meu destino afaste tudo que possa me impedir e mantenha por perto apenas o que necessito. – Ele suspirou – Me dê forças para que minha carne não ceda a essa mulher.

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