A LUZ DOS MEUS OLHOS
A LUZ DOS MEUS OLHOS
Por: E.Santos
Prólogo: Lembranças tenebrosas

_ Ela não seria capaz de fazer isso John! _ exclamo irritado com o meu melhor amigo enquanto pego uma bebida sobre a mesa de madeira lustrada perto da lareira. _ ela é a mulher mais doce e delicada que conheci.

Ele me olha sério enquanto também pega uma bebida. Observo o homem a minha frente, John Thompson, filho primogênito do melhor amigo do meu pai, nos conhecemos desde pequenos, vivemos muitas aventuras juntos, fortalecendo nossa confiança um no outro. É por esse motivo que estou escutando a ideia absurda dele de que a minha adorável noiva Letícia está me enganando. 

Isso parece um total absurdo aos meus ouvidos.

Lembro bem do dia que conheci a moça mais bonita de toda Londres, no baile anual oferecido pela minha família. Letícia estava deslumbrante, atraindo a atenção de todos quando adentrou o salão naquela noite. Ela é filha de um casal de empresários bem sucedido na cidade. Bastou nossos olhares se encontrarem para eu saber que ela era minha.

Sorriu com as lembranças desse tempo.

Aquela noite fomos formalmente apresentados e ela me pareceu encantadora e delicada, perfeita para ser a futura condessa de Westphalen. Depois, começamos a nos encontrar com frequência e me vê apaixonado por ela. Firmamos um compromisso depois de um mês, sua família ficou encantada e a minha avó, a única Westphalen viva além de mim, adorou a futura neta. 

_ Ela é uma víbora em corpo de anjo Will. _ meu amigo exclama nervoso ao pegar um charuto cubano sobre minha mesa e acender. _ ela é traiçoeira e tudo o que deseja é o título de condessa. 

Olho para ele realmente irritado. 

Caralho.

Lembro de Letícia me dizer que John não tinha aceito bem a ideia do casamento porque nutria algum tipo de sentimento platônico por ela. Eu debochei da ideia, acreditando que a notícia tão inesperada tinha pego meu amigo de surpresa. Mas, agora, tudo parece me fazer acreditar que minha noiva estava certa.

Vou em direção ao meu amigo e o puxo pelo colarinho da sua engomada camisa social branca. Ele me olha assustado com a minha atitude, mas estava farto das suas falsas acusações sobre Letícia.

_ Isso tudo é ciúmes da minha noiva John?! _ praticamente afirmo enquanto empurro ele na parede ao lado da mesa, acabei derrubando as pastas de cima da mesa, mas pouco importava agora. _ Bem que Letícia me avisou do seu interesse nela, mas eu não quis acreditar. _ cuspo as palavras com raiva. _ Não quis acreditar que o meu melhor amigo, meu irmão, estava apaixonado pela minha noiva.

_ Eu não estou apaixonado por ela, William! _ ele exclama surpreso com a ideia. _ ela inventou isso porque sabia que eu ia abrir seus olhos quanto aos seus reais interesses. 

_ Você está mentindo John. _ digo enquanto aperto ainda mais meu braço em seu pescoço branco. _ ela me ama. 

É claro que ela me ama. 

_ Você está cego de amor, amigo. _ ele exclama com a voz rouca pelo meu aperto. 

Deixei a minha raiva falar mais alto e dei murro na linda cara desse idiota. Ele me olhou com raiva e ao mesmo tempo decepcionado, mas revidou o soco sem titubear. Começamos a brigar como dois loucos furiosos. Ele é da minha altura e também treina artes maciais comigo, então estávamos no mesmo patamar. 

Estávamos tão envolvidos com a luta que não prestamos atenção no que acontecia a nossa volta. O charuto que o John fumava tinha caído sobre os papeis no chão e começou um incêndio que estava tomando proporções por toda a sala. Quando nos demos conta, a sala já estava com chamas pelas cortinas, no tapete e na porta. 

Lembro do nosso desespero ao ver o fogo se espalhando e não conseguir abrir a porta que estava trancada por fora. Tentamos de todo jeito, mas, para piorar a situação o teto ameaçou desabar. Quando finalmente estávamos conseguindo arrombar a janela, um pedaço de madeira me acertou me lançando no meio das chamas. 

Não me lembro mais de nada do que aconteceu depois daquele momento, mas as consequências daquele acontecimento carregarei no meu corpo e na minha alma até meu último suspiro. Eu sou o conde William Frederico de Westphalen e vou contar a minha história, como me tornei o que sou hoje.

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