Capítulo Quatro

— Não — falei. — Isso é muito conveniente.

— Conveniente? — perguntou Kaira.

— Se tudo tivesse saído como planejado, ninguém teria percebido nossa fuga da ilha. Ninguém saberia que estamos aqui. Ninguém esperaria que entrássemos na cidade. Agora recebemos uma ligação anônima. Isso só pode ser uma armadilha. É conveniente demais.

Comecei a andar de um lado para o outro, olhando para o chão.

— A mulher disse que era uma velha amiga tua — mencionou Kaira. — Deu a entender que vocês se conheciam.

Sacudi a cabeça.

— Mais um motivo para desconfiarmos. Se eu a conheço mesmo, por que ela não disse o nome dela?

Alve olhou para o alto mais uma vez, observando à distância o cume da ladeira.

— Ela disse que a Corte nos encontrará logo, logo — relembrou, com a voz tingida de preocupação.

— Isso também pode ser mentira.

— Mas é a possibilidade mais certa — apontou Kaira. — Se essa mulher, quem quer que seja, sabe como entrar em contato com a gente, isso significa que qualquer um nos encontrará aqui, principalmente se não tomarmos uma decisão logo.

A garota tinha razão. Fechei o punho. O que impedia a Corte de vir atrás de nós?

— Esse aparelho — falei, apontando para o dispositivo móvel ainda na mão de Kaira. — Os habitantes do Núcleo usam ele o tempo inteiro. Deve ter alguma espécie de rastreador nele, eu sabia! É a única explicação.

Avancei e puxei de volta o aparelho de Kaira, dessa vez ela cedeu. Eu o analisei brevemente, convencendo-me de que era uma simples placa de vidro. Levantei o aparelho no alto e o lancei contra o chão com força. O dispositivo se despedaçou. Dessa vez, ninguém protestou.

— Desculpe por tê-lo trazido — falou Alve. A culpa começava a se afigurar em seu rosto. — Eu não sabia…

Levantei a mão no ar.

— Tudo bem — eu o interrompi. A essa altura, já não importava. — Acho que isso aconteceria de um jeito ou de outro.

Éramos apenas três páuperes fugitivos. O Núcleo era um império, uma força soberana cheia de mãos e olhos. Não nos deixaria escapar facilmente — não depois de termos sabotado um dos jogos da ilha.

Ficamos quietos por mais um minuto, pensativos.

Havíamos chegado até a Colmeia, aguardávamos na costa. Dali, podíamos apenas voltar para o barco e navegar sem rumo, o que seria uma ideia estúpida. Já não poderíamos seguir pelas passagens subterrâneas, não sem antes nos reequiparmos. O único caminho viável seria subir a ladeira e entrar no Núcleo, como eu vinha planejando fazer. O problema agora era que havia alguém ciente da nossa localização, e se essa pessoa estivesse dizendo a verdade, era melhor que eu não tentasse encontrar Benjamin ainda. Era um campo minado, qualquer decisão que tomássemos parecia nos levar para mais perto do perigo. Não havia com quem contarmos, e quanto mais tempo levássemos para fazer uma escolha, menores se tornavam nossas chances.

— Deveríamos fazer o que aquela mulher mandou — disse Alve.

Olhei para meu amigo. O remorso estava claro em seu rosto.

— Não sabemos quem ela é. Se isso for uma armadilha, estaremos perdidos.

— Acho que já caímos numa armadilha, qualquer que seja — falou Kaira. — O que impede que o Núcleo jogue uma bomba sobre a nossa cabeça neste exato momento? Por que somos as únicas almas vivas neste cais?

— Tenho uma ideia — falou Alve, numa voz baixa e amuada. — Vamos seguir o que ela mandou. Eu vou na frente, esperarei no ponto que ela indicou. Vocês se escondem num lugar de onde possam fugir caso algo pareça errado. Assim podemos descobrir se estamos caminhando para uma emboscada, e, caso não seja seguro, vocês ainda terão uma chance de escapar.

Semicerrei os olhos.

— Mas, nesse caso, você não teria essa chance.

Alve apontou para o dispositivo quebrado no chão.

— É o mínimo que posso fazer.

— Esqueça isso!

— Aceito esse plano — manifestou-se Kaira.

Alve se aproximou de mim e colocou a mão no meu ombro.

— Não se preocupe, guri. É a melhor ideia que tivemos até agora.

— Mas por que tem que ser você?

— Porque até hoje foi você quem mais se sacrificou por mim — disse ele. Seu olhar estava fixo no meu. — Se lembra da festa da Grande Emersão? Aqueles olheiros arrancariam minha cabeça naquele dia, mas, graças a você, saí daquela praça ileso. E, pensando bem, não foi a primeira vez que você salvou minha pele.

Deixou uma risada cheia de nostalgia escapar.

— Esse não é um bom argumento.

Fez uma careta. Apertou meu ombro com força e o sacudiu.

— E quando é que eu consigo convencer você com argumentos? — Olhou para baixo, verificou os bolsos, garantindo que tudo estava em ordem para prosseguirmos. Virou-se, olhou mais uma vez para a cidade e respirou fundo. — Vamos fazer isso logo.

Começou a caminhar. Eu e Kaira o seguimos.

Encontramos na base da encosta um enorme elevador metálico. Era quadrado e possuía um gradeamento no lugar de paredes, devia servir para transportar caixas e mercadorias às embarcações. Havia apenas dois botões no painel. Alve pressionou o que tinha uma seta apontando para cima, e, com um estrondo, o elevador começou a se mover. Enquanto subíamos, eu podia ver os canos de esgoto nas rochas, levando os dejetos para despejar nas águas à base dos rochedos.

Aquilo me lembrava o passeio que eu fizera em Ventura, subindo e descendo a montanha ao sul da cidade. Exceto que, dessa vez, eu não fugia de ninguém — não ainda, pelo menos.

Toda a Colmeia ficava muito acima do mar. A maioria das civilizações costumavam se instalar em lugares altos, com poucas costas planas. Isso se dava porque a maior parte do planeta era alagado ou desértico. Geograficamente, a Colmeia tinha a peculiaridade de ser dividida em sete amontoados de terra altos, formando as províncias e o Núcleo no centro.

O elevador seguiu um trilho diagonal, escorregando para cima do monte. Ao chegar ao destino, parou. Saímos e caminhamos por um longo corredor de concreto, ladeado por pilastras que sustentavam a cobertura. Passamos por uma abertura ao final do corredor e nos deparamos com o terreno que circundava o Núcleo antes das grandes muralhas. Seguimos alguns metros até a entrada da cidade.

Como já esperávamos, encontramos os portões escancarados e abandonados, como se já nos esperassem. Isso era muito estranho, corroborava com a ideia de que nossa presença ali fazia parte do plano de alguém. Uma sensação de mau agouro me acometeu assim que atravessamos o limite e colocamos os pés do lado de dentro da cidade. Estávamos oficialmente — e mais uma vez — no Núcleo da Colmeia.

As ruas pavimentadas da cidade nos recepcionavam, sempre tão impecavelmente limpas, rodeadas por seus jardins floridos. Àquela hora, até mesmo o Núcleo estava pouco movimentado, salvo por um ou outro que transitava pelas calçadas e esteiras.

Paramos, ofegantes e cansados da caminhada, para observar o derredor. O clima de tensão ficava cada vez mais denso. Fazia muito tempo desde que a última coisa que havíamos visto não pertencia à ilha ou ao oceano que banhava a região. E agora, apesar de todos os nossos esforços, caminhávamos rumo ao olho do furacão. Não me agradava voltar para essa cidade; esperava deixá-la o mais rápido possível.

Virei-me aos demais:

— Não chamem atenção.

Alguns poucos automóveis passavam pelas ruas. Contornamos os costumeiros prédios altos, com suas fachadas opulentas e canteiros verdes, evitando as esteiras. Uma luz púrpura era projetada pelas lâmpadas nos postes, colorindo as ruas com uma atmosfera mística. À noite, a cidade era mergulhada ainda mais em neon, o que imprimia no ar um aspecto gelatinoso. Tudo por ali era redondo, adocicado ou cromado.

Os televisores e as placas que havia por toda parte projetavam uma explosão de imagens e luzes. As construções eram sempre gigantescas, o asfalto tinha uma cor forte de piche novo. Sobre alguns prédios, giravam-se os anéis.

Finalmente identificamos a presença de guardas de neoprene, mas eles apenas perambulavam pela cidade, fazendo sua patrulha. Vimos apenas um ou dois deles.

As placas de sinalização e os dispositivos interativos espalhados pela cidade nos direcionavam. Precisávamos caminhar meio quilômetro pela rua principal. Estávamos perto do extremo leste da cidade, e, numa outra ocasião, se seguíssemos à esquerda, encontraríamos os portões que nos levariam à minha província — a mesma que eu alcançara semanas atrás, depois de quase despencar no abismo e antes de ser alvejado pelos oligarcas da guarita; em vez de seguirmos naquela direção, apenas continuamos andando. Eu sabia, por experiência própria, que tentar cruzar a ponte sem qualquer planejamento podia ser muito perigoso.

Viramos numa alameda onde arcos se estendiam sobre os prédios, conectavam duas construções como auréolas côncavas e prateadas, projetando sombras em meio a aura de iridescência.

Alve tinha uma expressão apalermada no rosto; até mesmo Kaira, quem quase nunca mudava a fisionomia de zangada, deixava transparecer algum fascínio. Nenhum dos dois havia visitado a cidade antes, exceto dentro de furgões.

Avistei um edifício cor-de-rosa. Ele tinha diversas alas, e no topo de uma delas podíamos ver uma redoma de vidro servindo de cobertura. Suas janelas eram grandes como as de um observatório, refletiam as luzes da cidade feito cristais. Eu me lembrava de já ter visto esse prédio antes, tão grande que quase não parecia ter fim — recordava-me de pessoas saltando do alto, e então voando em seus aparatos aéreos, asas mecânicas que os permitiam desafiar a gravidade.

O Núcleo tinha um clima esquisito. Ao mesmo tempo que parecia nos convidar a permanecer nele, oprimia-nos com a sensação de perigo. Era como um grande tonel de substância radioativa, de cor vívida e impressionante, que ameaçava corroer tudo o que tocasse. Por ali, era impossível não se sentir pequeno, minúsculo.

As propagandas repetiam certas imagens. Anúncios informavam sobre uma festa pública que aconteceria na próxima semana — pessoas mascaradas surgiam, dançando umas com as outras enquanto confetes caiam do ar. Identifiquei o rosto de Nero, o garoto-propaganda, estampado nos anúncios do Simulador. Parecia fora da realidade ver a vida que eu havia conhecido na ilha sendo retratada daquele jeito. As imagens que faziam referência aos jogos eram imensos estandartes, simbolizavam o sofrimento de centenas de pessoas, mas nenhum daqueles que perambulavam pela cidade à noite parecia se dar conta disso.

Os transeuntes nem olhavam para cima. A tela que observavam era outra; estavam quase sempre com os olhos focados em seus dispositivos móveis — suas placas de vidro particulares —, ou com o olhar escondidos atrás de óculos hi-tech. Sua aparência era sempre a mesma. Ossos geralmente pontudos; pelos louros ou platinados, alguns em penteados grandes e longos. Algumas pessoas usavam acessórios extravagantes, como lenços no rosto ou em volta do pescoço; cintos grossos em torno da barriga; roupas de penas ou de plástico.

Abracei meu próprio corpo, tentando conter a apreensão. A ansiedade crescia; vinha em forma de fluxo, fazia mal ao meu estômago. Eu havia aprendido a odiar esse lugar, tanto quanto o admirava. O Núcleo era muito diferente das estradas de terra simples que havia na província. Remetia-me ao trajeto que eu costumava percorrer dentro da caminhonete de Plinio, do alto da serra, olhando para toda essa cidade à distância e me contentando em apenas imaginar como devia ser a sensação de estar ali.

Com o surgimento dos outdoors, atentamo-nos ao local aonde devíamos seguir. Paramos uma esquina antes, todos ao mesmo tempo. Não havia ninguém lá; na verdade, tratava-se apenas de uma parte insuspeita da rua principal. Ao redor, parecia haver apenas prédios comerciais, sem nenhuma movimentação. Nada de carros estacionados ou guardas de neoprene à espreita.

Lancei um olhar vacilante a Alve:

— Tem certeza de que…?

— Parece seguro — respondeu, prontamente. E então esfregou as mãos. — Está bem. Fiquem aqui, tentem não ser vistos. Vou esperar lá, mas se alguma coisa estranha acontecer, qualquer coisa mesmo, vão se esconder em outro lugar.

Balancei a cabeça positivamente, mas tudo que eu conseguia pensar era que não havia lugar nenhum onde pudéssemos nos esconder senão detrás daquela parede. O máximo que poderíamos fazer era correr de volta para o cais.

Tudo vinha acontecendo muito depressa. Há cerca de uma hora, tínhamos a certeza de que estávamos voltando para casa, e agora nos sentíamos como quando escapáramos da ilha. Eu sabia que qualquer movimento que fizéssemos seria, muito provavelmente, um erro que colocaria tudo a perder. Mas nossas opções se esgotavam. O plano de Alve era o mais idiota que já havíamos colocado em prática, e, por mais desajuizado que meu amigo fosse, até ele devia saber disso.

Kaira e eu aguardamos na virada da esquina, bem na curva, atrás do muro de tijolinhos brancos de um prédio. Eu arriscava colocar parte da cabeça para fora, o suficiente para conseguir ver o rapaz caminhando em direção ao ponto especificado. Quem quer que viesse pela rua teria que passar por mim ou nem me veria ali. Eu observaria meu amigo o tempo inteiro, e se algo parecesse suspeito demais, talvez conseguisse escapar antes que quem quer que houvesse armado aquela provável emboscada chegasse até mim. Tudo dependia do que aconteceria a seguir.

Alve permaneceu parado sob os outdoors, com as mãos metidas nos bolsos carregados, tentando fingir inadvertência e se policiando para não olhar na direção de onde Kaira e eu estávamos escondidos. Durante um ou dois minutos, nada mudou.

Até que algo me ocorreu. Olhei para um dos postes e me dei conta de que a rua era monitorada por câmeras. Tudo o que envolvia o Núcleo era monitorado, e eu já sabia disso há muito tempo. Soltei uma exclamação sussurrada.

— O que foi? — perguntou Kaira.

Olhei para ela com uma expressão de assombro no rosto. Depois, atentei-me aos demais postes de luz, não somente os que havia perto de Alve, mas os que estavam perto de nós dois, do outro lado da rua. Não estávamos escondidos coisa nenhuma! Qualquer um que quisesse nos encontrar, se tivesse acesso às imagens daquelas câmeras, nos descobriria ali.

— Isso vai dar errado — murmurei.

Mas já era tarde. Voltando a espreitar detrás do muro, pude ver uma figura despontar no final da rua. Alve demorou poucos segundos para reparar que alguém se aproximava dele. Quem quer que houvesse programado aquilo tudo, vinha ao encontro do rapaz. Quando Alve virou a cabeça e percebeu a presença do desconhecido, permaneceu imóvel. Tentei identificar a figura, mas não conseguia distinguir muita coisa de longe. A pessoa vestia um longo casaco azul-marinho de capuz.

Meu coração estava tão acelerado que eu conseguia senti-lo na boca. A ideia de deixá-lo sozinho se tornava cada vez mais estúpida.

A figura encapuzada se aproximou do rapaz, e agora eles estavam cara a cara. Alve não reagia. Será que isso já era uma evidência de que alguma coisa estava errada? Será que já deveríamos começar a correr?

Engoli tão em seco que senti os músculos paralisados na minha garganta. Esperei um sinal, qualquer que fosse. Alve tirou as mãos dos bolsos e gesticulou, conversava com a figura desconhecida. Estava de costas para mim, portanto eu não podia ver a expressão em seu rosto.

Kaira segurou meu braço, pedindo, silenciosamente, que eu lhe contasse o que estava vendo.

— Há alguém lá.

— É amigo ou inimigo? — perguntou.

Eu ainda não sabia dizer.

Algo finalmente aconteceu. A figura encapuzada passou os braços cobertos pelas costas de Alve e se virou num giro rápido; começou a empurrá-lo, conduzi-lo para o final da rua, para longe de onde eu estava; parecia escoltá-lo, levá-lo embora. Pelos passos incertos de Alve, eu percebia que ele não achava uma boa ideia acompanhar o desconhecido. Quando olhou para trás, vacilante, pude ter um vislumbre rápido de seu rosto. Suas sobrancelhas estavam levantadas e a boca levemente entreaberta. Surpresa ou medo; talvez os dois.

Isso provocou uma reação inesperada em mim. Dei um passo adiante, para fora de nosso esconderijo atrás do muro, revelando-me completamente.

Kaira voltou a segurar meu braço, dessa vez tentando me impedir.

— O que está fazendo?

— Alguma coisa está errada…

— Então esta é a parte em que a gente foge.

Puxei o braço, sem dar ouvidos a ela. Talvez, se eu parasse para refletir, daria razão a Kaira. Esse era o propósito de estarmos escondidos, afinal. Mas Alve estava lá, sozinho, e a ideia de bater em retirada agora parecia absurda.

Mal dei dois passos e vi que o rapaz desaparecia para dentro de um beco, uma viela que havia entre dois prédios. De repente, nem Alve, nem a figura coberta estavam mais no meu campo de visão. Haviam partido. Ninguém vinha atrás de mim, ninguém parecia disposto a me capturar. Simplesmente haviam envolvido meu amigo pelas costas e o conduzido. Dezenas de possibilidades surgiram na minha mente, uma pior que a outra.

Pus-me a correr. Se eu fosse rápido o suficiente, talvez conseguisse alcançá-los. Meus pés batiam no chão com um ruído estalado. Todos os meus sentidos trabalhavam em conjunto. Eu via o beco cada vez mais próximo à medida que corria na direção dele. Não estudei a viela antes de entrar por ela, à toda velocidade; apenas virei a curva.

Tudo aconteceu em menos de um segundo. Tive tempo de discernir algumas silhuetas borradas no beco escuro. Foi o suficiente para que uma mão enluvada surgisse por trás de alguma coisa grande, uma caçamba ou algo parecido, e agarrasse meu pulso esquerdo.

Minha reação foi automática. Pulei para cima do desconhecido e o empurrei; ele caiu para trás, com força no chão, e bateu a cabeça no muro, soltando um gemido de dor agudo.

Eu não pararia nem para tomar fôlego, mas ouvi a voz de Alve ao meu lado. Virei-me e vi meu amigo parado, lívido, com as mãos para cima em sua defesa, como se temesse que eu também fosse atacá-lo.

— Por tudo o que é mais venusto, guri!

Minhas palavras em resposta saíram engroladas e sem sentido, mais como uma exclamação de dúvida.

— Filho de uma…! — exclamou a figura caída no chão.

— O que você fez?! — exclamou Alve. Ele parecia bem, apenas aterrorizado.

— Você… — balbuciei. — Você estava…

Alve foi até a pessoa e a ajudou a se levantar.

— Você está bem? — perguntou meu amigo.

A pessoa apenas soltou um grunhido sofrido. Eu alternava o olhar entre Alve e a mulher que ele socorria, tentando entender o que estava acontecendo. Alve não parecia temê-la — pelo contrário, importava-se com ela. Quando a mulher se pôs totalmente de pé e removeu o capuz, a luz que vinha da rua principal e quebrava levemente a escuridão do beco atingiu seu rosto.

O resto de fôlego que eu vinha prendendo saiu todo de uma vez. Reconhecia aquela mulher, a pessoa que havia conversado comigo por meio do aparelho móvel. Não era a Magister, ou ninguém que eu considerasse até então um inimigo direto. Não esperava vê-la de novo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo