Capítulo 6 - Mamãe

   Chego em casa com muito tempo de sobra para a hora que minha mãe havia marcado de chegar. Ela falou que passaria em uma cidade antes de vir até aqui, isso me dá tempo para fazer sua comida favorita, pelo menos um prato dela já que não sou um cozinheiro nato para fazer vários pratos franceses. Consigo fazer o famoso "Coq au Vin" e um pouco de arroz para acompanhar. Minha mãe pode ser uma pessoa refinada, mas gosta de comida caseira. Salada de beterraba e repolho roxo, vinho da safra favorita dela (esse foi ela quem pediu).

   Enquanto o Coq au Vin está no fogão preparo a mesa do almoço do lado de fora da casa. Tem uma porta de vidro na cozinha que leva para o quintal. Nele há uma árvore bonita onde tem um balanço pendurado e não muito longe tem a mesa redonda para quatro pessoa. Tiro duas cadeiras e guardo dentro de casa até minha mãe ir embora.

   Assim que desligo o fogão a campainha toca, respiro fundo duas vezes antes de abrir. Não vejo minha mãe desde o dia em que eu fugi de casa, apenas conversamos por telefone ou redes sociais. Não vou mentir sinto a falta dela, ela sempre esteve do meu lado. E mesmo que eu não tenha feito muito para agradá-la ou algo que merecesse ter orgulho ela ainda me ajuda.

   Mamãe está vestida de hábito com sua saia de cintura alta preta, uma regata por baixo cinza clara quase branca e sua jaqueta branca. Óculos de sol também um hábito que ela adotou, sua bolsa preta está em seu antebraço, ela parece bem.

   É claro que ela estaria bem, quem não estaria sendo mulher de um homem rico que não cobra nada?

   Mamãe não precisa trabalhar desde o dia em que teve meu irmão, porque seu marido disse que se casaria com ela só se ela largasse o trabalho, e a família da minha mãe é do tipo que "Tem filhos, mas não é casada? Que absurdo!", ela casou, deixou o emprego, o antigo apartamento e foi morar com o pai dos seus filhos, só depois eu nasci. A ovelha negra.

   Meus irmãos são bem mais velhos que eu, mas eu fui o único a sair da barra dos meus pais e querer viver sozinho, meus irmãos moram ainda com meus pais na enorme casa deles e ambos são casados.

   Sorrio para minha mãe e me lembro que não troquei a roupa que fui mais cedo para o Hospício e que agora está suja de molho de frango.

     — Mamãe — Abro meus braços para um abraço.

     — Ian, meu filho — Ela aceita e me abraça bem forte como se não me visse a anos — Sinto tanto sua falta em casa.

     — Não posso dizer que sinto falta de lá, mas com certeza da senhora eu senti muita — Declaro e ela me beija na testa assim que me abaixo para que ela alcance.

   Mamãe tem 1.64 de altura, o que não ajuda muito já que seus filhos são todos maiores que isso e não é só porque sou seu filho, mas minha mãe é muito bonita. Seu cabelo é de um loiro escuro (só minha irmã puxou esse traço de mamãe), seus olhos são cor de mel, castanho claro e ela tem 46 anos.

     — Então, o que preparou para eu matar a saudade da sua comida? — Ela pergunta, sorrindo

     — O famoso Coq au Vin, salada roxa e arroz — Respondo e ela me encara esperando eu dizer mais alguma coisa — Claro, e o vinho da sua safra favorita.

     — Estou disposta a sair da dieta, para comer sua comida, querido.

   Afasto-me da porta dando passagem para deixá-la passar, mamãe entra e dá uma boa olhada pelo o pouco que consegue olhar pelo hall de estrada. Seu sorriso é satisfatório.

     — Vamos tomar algumas taças antes de comer e pôr a conversa em dia, tenho tanto a dizer para você — Mamãe segura meu braço de maneira carinhosa e então caminha comigo até a sala.

     — Aconteceu tanta coisa por lá que não fiquei sabendo? — Pergunto, surpreso.

   Ela concorda.

   Espero minha mãe escolher o seu lugar, pego as taças e o vinho. Sirvo ela primeiro e ela sorri. Minha mãe as vezes parece uma adolescente com esses sorrisos despojados.

     — Nem sei por onde começar — Ela toma um gole — Acho que é melhor dizer os surpreendentes primeiro. Sabia que sua irmã se separou daquele homem legal e gentil e já está com outro?

     — Tão rápido?

     — O motivo é óbvio, tenho certeza de que ela engravidou deste outro e por isso teve que se separar. Ah e ainda não saiu de casa, seu pai faz de tudo para que ela continue lá como sua garotinha — Mamãe faz uma voz fina.

     — Vou ser tio então? — Pergunto incrédulo, minha irmã não faz o tipo mãe. Mamãe concorda — E você senhora Elizabeth Price, o que anda fazendo?

     — Você sabe... filhos. Continuo esperando ter sossego em casa o que parece que você tem muito fácil aqui.

     — Com certeza. Estou sempre estudando, às vezes canso de ficar em casa e vou ao boliche ou a lanchonete para ouvir um pouco de barulho.

     — Ah, eu estava quase me esquecendo. Sua irmã disse que quer visitar você, ela me implorou para perguntar se deixa ela te visitar — Meu olhar de surpresa não foi inesperado para Elizabeth Price — Não caia na dela, acho que todos os seus irmãos irão vir atrás de você, seu pai está doente e pode morrer a qualquer momento.

     — Sério? Eu não sabia disso.

     — Eu imaginei. Filho ele ficou assim depois que você saiu de casa, ele acha que você pode estar se drogando de novo e mexendo com pessoas erradas — Mais um gole — Não está, né?

     — Claro que não! Eu parei definitivamente e me tornar um psicólogo me ajudou a deixar isso de lado — Explico. Mamãe segura minha mão — Mãe, você sabe porque eu comecei com as drogas.

   Como eu disse Mamãe sempre esteve do meu lado. Quando eu não tinha dinheiro para pagar os traficantes eu deitava nas pernas dela e chorava enquanto ela falava o que era melhor para mim.

   Não pense que ela me ajudou dando o dinheiro para pagar meus vícios, ela apenas tentava ajudar falando comigo. Ela sempre me convenceu de tudo, menos na época das drogas, disso ela não me convenceu. Meu ódio pelo meu pai era grande, e eu queria fazer ele passar raiva, queria fazer ele me odiar.

   Eu consegui, mas acho que deixei a droga me pegar e viciei. Quando meu pai desistiu de mim eu não consegui voltar ao normal fiquei nas drogas até eu ser internado na clínica.

   Eu não queria que meus irmãos jogassem na minha cara sobre as drogas, não queria os olhos de decepção do meu pai, muito menos os olhares de pena da minha mãe. Eu basicamente me mudei para a clínica para não viver na mesma casa que todos eles. Eram muitos julgamentos, sem sequer uma tentativa de compreensão.

   Quando voltei para casa eu tomava café, almoçava e jantava no meu quarto vivia lendo, indo no psicólogo e a única que entrava no quarto era a minha mãe aprendi a jogar xadrez nesse meio tempo e outras coisas que me mantinham ocupado.

     — Acho melhor irmos comer ou vai esfriar, meu bebê — Ela bebe o último gole e se levanta — Onde fica a cozinha?

   Mostro onde fica a cozinha e o consultório que ela havia me pedido para mostrar, mamãe disse que queria saber os meus planos para o futuro. Eu adoraria dizer, mas vou tentar enrolar para ela me contar mais coisas.

   Coloco na mesa o Coq au Vin, o Arroz e a salada para ela escolher o que quiser, ela ainda tem o hábito de comer como antigamente na época em que era solteira e isso é algo que admiro nela. Coloco mais um pouco de vinho em sua taça.

     — Que doença ele tem? — Pergunto. Faz um tempo que não o chamo de pai.

     — Seu pai tem um problema de estresse, como o médico disse e isso causa... se não me engano suas artérias endurecem, param de circular o sangue e ele pode ter coisa pior tipo um AVC.

     — Leve ele para viajar, esquecer um pouco os filhos, tente colocar na cabeça dele que eu estou bem sozinho tenho algo para me ocupar agora.

     — Eu fiquei sabendo que está trabalhando. E não me pergunte como descobri — Ela sorri, contente — O que faz?

     — Eu consegui um trabalho em Santis Lorde aqui perto. Em um Hospício. Eu tenho que tratar uma pessoa de lá e se ela estive apta a ter uma vida normal sozinha consigo finalmente abrir meu consultório.

     — Interessante. Como é mesmo o nome da cidade, Santis Lorde? — Ela pergunta e eu concordo — Seu bisavô morou lá e suas histórias não eram sobre contos de fadas. A cidade é mesmo muito escura? Como se não existisse o sol?

     — É sim, sempre está chovendo — Falo e Mamãe ri — Quando saio de casa pela manhã no calor tenho que levar uma blusa no carro porque lá está sempre frio.

     — Seu bisavô me dizia que há muito tempo havia um casal novo na cidade, era incrível a maneira como a cada dia eles sugavam um pouco da beleza da cidade. Havia mortes quase todos os dias, pessoas enlouqueceram e uma cidade tão bela como aquela não tinha Hospício, mas o Prefeito que havia se matado tinha uma casa distante da cidade e como ele havia morrido foi lá que começaram a colocar os loucos.

     — Mãe, sabe eu não acredito nisso, você não acha que se eles estivessem lá ainda, não haveria mais mortes?

     — Claro, meu avô me disse que eles se foram depois de trazer a desgraça a cidade e que se sentiram mal por ter destruído a beleza de Santis e que foi por isso que nenhuma outra pessoa ouviu dizer que outra cidade foi destruída. Ele acreditava que eles tinham um motivo agora para serem bons... Tipo terem tido filhos. Ele acreditava nisso.

     — Sei, o único Hospício é o que eu trabalho e é na construção de uma casa, mas isso só deve ser coincidência.

     — Verdade, eu meio que nunca acreditei nisso — Mamãe está no último pedaço de frango — Conte-me como é seu paciente.

     — Não posso, temos sigilo legal nada que acontece durante as consultas.

     — Mas não foi isso que eu perguntei, Ian querido — Ela sorri, gentil — É uma mulher?

     — Sim, é uma mulher. Ela tem apenas 22 anos e não fala.

     — Ela é surda-muda?

     — Eu acho que não, ela apenas não fala — Declaro, cansado só de pensar. Mamãe sorri — Vou pegar a sobremesa.

     — Petit Gâteau? — Ela pergunta com os olhos brilhantes.

   Concordo e vou para a cozinha.

   Mamãe me contou um pouco mais sobre meus irmãos, ela ainda torce para que eles saiam de casa, não porque ela é uma mãe ruim, mas porque já passou da hora de eles terem suas próprias vidas longe dos seus pais. Eu era um dos motivos para o seu marido se estressar, mas agora eles são esses problemas.

   Conto mais um pouco sobre o meu trabalho e como é o Hospício em si, sua estrutura. Ela ficou curiosa e disse que gostaria de visitar, mas digo que é melhor não porque minha mãe anda com muitas joias e eu tento parecer simples para não chamar a atenção. Se souberem que minha mãe é mulher do prefeito de uma cidade... nem sei o que terei que enfrentar, muitas pessoas podem tentar ser meus amigos depois de saberem disso.

                                                             # # # # #

   Às 6:30h da tarde Mamãe lembra da hora que seu avião teria que partir. Eu me ofereço para acompanhar ela até o aeroporto, mas ela nega e diz que se a acompanhasse até a porta estava de bom tamanho.

   Sentirei falta da minha mãe assim que ela for embora, mas tenho que me preocupar com a minha irmã que quer me ver, claro que eu aceitei e disse a minha mãe que assim que ela quiser estarei esperando sua visita. Deixei claro que minha mãe é bem-vinda sempre que quiser correr da sua cidade para me ver, estarei esperando já que meu trabalho não ocupa muito do meu dia, isso depende muito do que Catarina quiser me dizer.

     — Filho, vou sentir sua falta — Ela me abraça forte e beija minha testa — Não sei quando poderei vir novamente, mas me visite de vez em quando, meu amor.

   Bom, já falei da rixa entre o prefeito e eu, mas mamãe sempre pensa que um dia ele e eu possamos nos entender e sermos amigos novamente, acho isso meio difícil, mas não vou destruir as expectativas dela.

     — Claro, quando eu puder, eu irei.

   Assim que chega ao portão da frente ela acena de volta para mim, então espero ela entrar no carro que alugou para fechar a porta e entrar em casa.

   Lavo a louça pensando no que minha mãe disse sobre as histórias de meu bisavô sobre Santis Lorde. Eu não sou muito de acreditar nessas coisas, mas é uma boa história. Limpo a cozinha, tomo banho e deito no sofá da sala para ler um livro sobre psicologia enquanto analiso mais uma vez a ficha de Catarina.

   Meu telefone toca e espero a secretária eletrônica atender.

     — Dr. Price, desculpe incomodá-lo, mas me pediu para avisar quando alguma coisa acontecesse com Catarina...

   Levanto correndo do sofá e atendo o telefone.

     — Desculpa a demora, o que aconteceu com ela?

     — Acho melhor o Doutor passar aqui para ver como ela está, ela não quer deixar ninguém se aproximar dela.

     — Claro, estou a caminho.

   Pego as chaves do meu carro e assim que entro na cidade de Santis Lorde piso mais no acelerador para chegar mais rápido. Não há ninguém nas ruas para tornar o trânsito cansativo, e por causa disso consigo chegar em pouco tempo.

   Santis Lorde é ainda mais assustadora de noite, não há uma estrela no céu e metade da lua está coberta por nuvens, a floresta parece um buraco escuro sem fim e por trás da escuridão consigo ouvir sons de animais na mata.

   O Hospício está mais barulhento que o normal, ouço gritos ensurdecedores da região que penso eu ser a ala do castigo, coloco minha jaqueta que sempre deixo no carro pelo frio agonizante que está e que é ainda pior que o que sinto durante a manhã.

   Bato duas vezes na porta e ouço um som de alguém jogando objetos pesados no chão e mais gritos altos. Espero a porta ser aberta e quando ela não se move, bato três vezes, mas dessa vez mais forte para que seja ouvido na recepção. A porta é aberta e a enfermeira que a abre eu não conheço. Ela tem os cabelos negros como a noite de Santis Lorde e seus olhos parecem ser azuis claros, ela não é muito alta e seu sorriso é encantador exibindo dentes brancos e perfeitos.

   Bridget está no topo do pequeno lance de escadas após o balcão, ela sorri também e balança sua mão para que eu a siga.

   A mulher a porta afasta dando espaço para que eu entre e siga Bridget que está nervosa com os barulhos e gritos que estão ainda piores do lado de dentro. Seu cabelo está preso em um coque mau feito mostrando que está muito inquieta. Sigo ela até o banheiro onde sem dizer uma palavra aponta para que eu entre nele.

     — O que está acontecendo?

     — Eu explicaria para o senhor, mas não é só a Catarina que decidiu surtar hoje, preciso voltar e ajudar os outros enfermeiros a acalmar a situação e preciso que leve Catarina de volta a seu quarto — Bridget parece muito nervosa e seu sorriso de sempre não está lá e não há nem um vestígio de que ele estivera algum dia.

     — Se eu conseguir levá-la para seu quarto, tentarei ajudar vocês.

   Bridget assente e corre na direção em que me trouxe.

   Entro no banheiro, onde um dos chuveiros está pingando gotas de água sem parar, escuto um choro e lembro que Catarina pode não falar, mas ela escreve, e escreve muito bem. Eu peguei dentro do carro um bloco de notas e uma caneta para saber o que aconteceu. Olho para os boxes vazios que quase não existe repartições a procura dela e não a encontro.

     — Catarina? — Silêncio completo — É o Ian, seu psicólogo... sei que não vai me responder, mas faça algo para que eu a encontre.

   Espero um pouco sem falar nada para tentar ouvir se algum barulho qualquer me diz onde ela está. Há no final da fila dos boxes um pequeno canto, onde com certeza só uma criança caberia nele. No espaço não entra luz e graças a escuridão lá fora não vejo se ela poderia estar lá... espero um pouco e vejo uma sombra se mexer e então Catarina sai da escuridão do pequeno espaço acanhada como se tivesse feito algo errado.

   Ela volta a sentar, mas dessa vez senta sob a luz onde eu possa vê-la. Sento do seu lado mantendo uma boa distância entre nós para não invadir o seu espaço pessoal.

     — Sabe da bagunça que está acontecendo lá fora? — Pergunto e ela assente — Sabe qual é a causa?

   Catarina concorda e continua olhando para a porta do banheiro que continua aberta, pego o bloco de notas no meu bolso e coloco sobre meu colo.

     — Poderia me dizer? — Sem terminar de pedir, Catarina pega o bloco de notas, escreve algo muito rápido e vira para que eu pudesse ler, "Liam" — O Liam é a causa dessa bagunça?

   Catarina concorda e começa a desenhar me fazendo lembrar que o caderno de desenho que eu disse que deixaria ela levar com ela ficou sobre a minha mesa mais cedo e eu vi o desenho que ela começou a fazer, era um homem com uma expressão séria.

     — Sinto muito. Pelo caderno, acho que me esqueci quando você começou a andar na minha sala e parou diante a porta — Ela escreve mais algumas palavras "A culpa é minha por entrar em pânico... Sinto muito". — Não se preocupe comigo, eu que tenho que me preocupar com você então me diga... por que está aqui?

   Ela sorri formando um coração com a mão e então o parte rindo depois de si mesma, parece que aumentamos os dias de consultas durante a semana. Escreve rapidamente no papel novamente "Eu não quero que pensem que eu seja louca". Ela olha para a pequena janela onde não se podia ver nada, mas consigo ver lágrimas se formando em seus olhos de uma cor clara que não consigo distinguir qual é.

     — Então, acho que é hora de você voltar para o seu quarto — Levanto-me e vejo seus olhos se virarem para me encarar — Podemos passar na minha sala e pegar seu caderno de desenho.

   Catarina sorri e levanta bem rápido do chão com o bloco de notas contra seu corpo, como se fosse protegê-la de alguma coisa.

     — Vamos? — Aponto para a porta e ela concorda — Você primeiro, Catarina.

   Ela começa a andar em direção a porta, me espera do lado de fora para caminharmos juntos no corredor imenso que parece ainda maior essa noite. Entro na minha sala e pego o caderno sobre a mesa, entrego em suas mãos e espero ela me devolver o bloco de notas, mas ela não o faz e continuamos andando até a ala do castigo.

   Assim que nos aproximamos da porta onde começa a ala do castigo, dois enfermeiros que estavam parados abrem a porta vindo na direção de Catarina com olhares mortais. Levanto um braço para desacelerar o passo deles.

     — Não se preocupem, ela veio por conta própria — Aviso e um dos enfermeiros tenta pegar o caderno de desenho das mãos de Catarina, fazendo ela o abraçar ainda mais contra seu corpo — O caderno vai ficar com ela, isso faz parte do seu tratamento.

   Um deles se afasta esperando ela na porta, Catarina começa a andar mantendo distância entre o outro enfermeiro que a olha com repugnância. Talvez seja algum dos que ela já atacou.

   Lembro do meu bloco de notas que ainda está com Catarina. Aproximo-me dela e seguro de leve seu braço.

     — Só pode levar um deles, Catarina — Aviso e ela me entrega o bloco de notas com três folhas dobradas uma estava escrito "Nosso acordo ainda está de pé?" — Claro que está, semana que vem, Catarina. Eu terei que ver seus desenhos semana que vem, ok?

   Ela concorda, entra na ala do castigo e acena para mim do outro lado. Encaminho-me para o mesmo lugar que Bridget foi para encontrá-la e ajudar a manter todos os pacientes calmos. Alguns estão na ala dos jogos jogando no chão os jogos, as cadeiras, tudo o que encontram. Ajudo a levá-los até seus quartos.

   Depois encontro mais alguns enfermeiros no refeitório onde facas, pratos e outras coisas voam por todos os lados. Liam está sobre uma das mesas apenas rindo e Bridget tenta fazer ele parar de fazer o que ela acredita que ele esteja fazendo com gritos e protestos.

   Terminamos de levar todos para a ala do castigo em torno das 11:45 da noite e Bridget me acompanha até a porta. Ela tem os olhos cansados e até mesmo seu corpo aparenta estar no mesmo estado por ter corrido de um lado para o outro. Seus olhos se fechariam a qualquer momento.

     — Obrigada, Doutor por nos ajudar, seu trabalho era só com a Catarina e mesmo assim se dispôs a ficar mais um pouco.

     — Não tem problemas, quando precisarem posso ajudar. Acho que com a Catarina as coisas estão começando a dar certo — Confesso e um sorriso brota no rosto de Bridget — E falando nisso eu devia uma a você já que me ajudou com algumas coisas aqui.

     — Quando precisar também estou a seu dispor — Bridget para diante da porta e me encara estranhamente agradecida igual minha ex olhava para mim.

   Bridget se aproxima de mim, seus lábios assustados tocam os meus e se afastam tão rápido quanto se aproximaram.

   Não consigo pensar com clareza no que deveria fazer antes dela fecha a porta na minha cara. Não espero para saber o que aconteceu. Ela provavelmente está cansada e acredita que cometeu um erro. Então volto para casa para descansar e deixo para pensar nisso só amanhã.    

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