Eu Te Quero Tanto

EU TE QUERO TANTO

Quando estou com você,

Não preciso de mais ninguém;

Quando estou ao seu lado,

Eu me sinto tão bem.

Basta um sorriso seu

Pra o meu dia mudar,

E seu olhar tão lindo

Pra me conquistar.

E não é à toa

Que eu estou te desejando;

É sintoma de paixão,

Eu te quero tanto

Muito mais que a imensidão do céu

Ou o profundo do mar,

A cada dia mais

Eu vou te desejar.

Fui dormir com um sorriso bobo no rosto. Eu estava gostando da Emmy! Uma garota linda e que sabe beijar muito bem. Aqueles olhos azuis me conquistaram. Eu não via a hora pra que chegasse o novo dia e poder, então, vê-la novamente.

Já era oito e meia da manhã quando levantei da cama. Hoje eu ficaria sem o meu treino matinal que costumo fazer às seis da manhã. Meu pai já havia saído para o seu novo emprego na recicladora de papel. Minha mãe estava com o som ligado ouvindo música gospel, enquanto arrumava seu quarto. Minha irmã estava no quintal, brincando com Spyke.

As férias já estão acabando. Mês que vem essa pirralha vai encontrar sua nova escola. E, pelo visto, eu terei de prestar algum vestibular pra engenharia ambiental. Tudo o que eu queria era mesmo montar uma banda igual ao projeto que eu e meus amigos idealizamos em Varre-Sai.

– Levantou tarde, hein, filho. – Disse minha mãe com uma bandana vermelha na cabeça e uma vassoura na mão.

Eu esfreguei um dos olhos e bocejando falei:

– É... Eu estava bastante cansado de ontem.

Eu já estava caminhando para o banheiro, andando pelo corredor, num piso em assoalho de madeira, vestindo meu pijama todo vermelho, quando minha mãe me indagou:

– Gostou de conhecer a vizinha?

Eu fiquei surpreso com aquela pergunta e, ainda de costas para minha mãe, fiquei imóvel, sem saber o que responder. Mas como ela sabia disso? Paola!

Por fim, virei-me para ela e a encarei:

– É uma boa garota.

Dei um giro de cento e oitenta graus e caminhei para o banheiro. Lavei o meu rosto e vi o quanto eu tenho de espinhas. Preciso resolver isso urgente. Não posso sair com esse rosto pra me encontrar com Emmy.

Tomei meu típico café-da-manhã (um cafezinho puro com um misto de queijo com peito de peru), passei a mão no skate e saí.

– Toma cuidado por aí! – Gritou minha mãe, sempre cautelosa.

– Só vou dar umas voltas pelo quarteirão! – Repliquei.

Saí com uma calça jogger, camisa branca, cotoveleira, capacete, e uma camisa de manga comprida, dobrada à altura do cotovelo, xadrez em verde e preto. Eu amo aventuras! Tudo o que é radical é a minha praia.

O dia estava ensolarado como o anterior. Uma bela manhã de sexta-feira na cidade maravilhosa. Enquanto muita gente estava no trabalho, eu estava passeando pelas ruas com o meu skate. Tentei uma manobra para subir na calçada e tropecei. Caí freando com as mãos. Ah, esqueci de dizer. Também estou usando um par de luvas. Agora são luvas raladas e desfiadas pelo impacto da queda.

Uma garota que por ali passava veio me ajudar. Ela parecia ter a minha idade. Morena média, cabelo liso num tom castanho caramelo, olhos castanhos. Estava vestida de saia cinza, mais social e uma blusa preta, também mais formal, com uma pequena manga. Em seu peito, um colar dourado.

– Oi, posso ajudar? Se machucou?

– É... Eu? Não... Só... acho que só ralei as mãos. Mas estou bem, obrigado!

– De nada. Vem, deixa eu te ajudar a levantar.

A garota segurou-me pelos braços e me ajudou a ficar de pé. Peguei meu skate e agradeci. Ela sorriu.

– Como você se chama?

– Luke, prazer. – Estendi a minha mão direita a ela – e você?

– Sarah. É um prazer te ver. Você é novo por aqui?

– Ah, eu me mudei anteontem. Vim de Varre-Sai.

– Sério? Que bom! Seja bem-vindo! Eu moro logo ali na frente.

– Onde?

Sarah me mostrou onde ficava a sua casa e, por incrível que pareça, era bem à frente da casa de Emelyn.

– Ah, está ótimo. Então somos vizinhos.

Ela sorriu. Me perguntou se eu poderia adicionar o seu contato. Eu pus uma mão no bolso e saquei meu celular. Logo abri a tela para adicionar o novo contato. Feito.

– Pronto. Beijos, se cuida!

Ela despediu-se de mim com um belo sorriso. Seus olhos têm formato oriental e seu corpo é lindo, mesmo dentro daquela roupa formal é possível ver as suas curvas. Fiquei namorando seu corpo, enquanto ela caminhava. Que garota linda!

Eu me dei bem mudando de cidade. Em pouco tempo, beijei uma garota e peguei o contato de outra. São duas meninas lindas. Uma morena e uma loira. Uau! O pior é que as duas moram perto da minha casa. Não posso sair com as duas ao mesmo tempo.

Eu já havia dado longas voltas pelas quadras. Já era onze da manhã. Precisava voltar pra casa. A caminho de casa, me deparo com Emmy caminhando na calçada. Acelero no skate e paro bem em sua frente.

– Oi... – Falo num tom de voz empolgado.

– Oi. Como você está?

– Bem e você?

– Estou bem. Se ralou? – Ela olhou para meus antebraços e mãos.

– Ah, sim. Tentei uma manobra mais radical e acabei caindo, mas não foi nada demais.

– Manobra mais radical? – Emmy me perguntou rindo.

– Sim. Eu acho que me empolguei. – Respondi sorrindo, levando uma mão por detrás da cabeça.

– Você é engraçado, sabia? – Ela abriu um sorriso e ficou parada me olhando.

Eu fiquei sem reação e também parei para admirar a sua beleza. Me aproximei um pouco mais dela e, levando a minha boca pra perto da sua, perguntei:

– Não ganho um beijo?

– Rápido, porque a minha mãe está vindo.

Nos beijamos tão rápido, mas o suficiente para que todo o meu corpo vibrasse. Havia uma química muito forte entre eu e ela. Emmy realmente mexe comigo de um jeito que ninguém é capaz de fazer.

Paramos novamente um em frente ao outro. Eu estava com meu skate de pé apoiado por minha mão esquerda e com a direita segurava meu celular, agora pedindo o número de telefone de Emelyn. Ela me passou, eu adicionei. E nos despedimos. Ela iria às compras com sua mãe.

– Tchau! Nos falamos depois!

– Tchau! Até mais!

– Quem é aquele garoto? – Perguntou Rachel, curiosa.

– Ah, mãe. É um novo vizinho. Ele veio do interior do estado.

Cheguei em casa e minha mãe como uma boa observadora notou os arranhões. Nada ficava encoberto. Ela sempre descobria. Só faltava ela descobrir sobre Sarah. Meu Deus, aí seria demais!

– Onde você se machucou?

– Caí na calçada. Mas não foi nada demais.

– Tenha mais cuidado da próxima vez.

Entrei para o banho. Minha irmã estava na sala, estirada no sofá, vendo tv. Saí do banho e ela ainda estava lá. Cheguei na sala e sentei ao seu lado, empurrando-a, implicante como sempre.

– Sai pra lá! – Me tocou, olhando com cara feia.

– Por que está emburrada assim? O que eu te fiz?

– Você convidou aquela garota pra ir à praia com a gente e nem me deu atenção. – Terminou com uma voz de choro, fazendo um biquinho tão fofo. Me deu vontade de morder essa garotinha.

– Eu não a convidei. Emmy que se convidou.

– Emmy?! É assim que você a chama?

– Ela que pediu pra chama-la assim. – Dei de ombros.

– Está bem. Vai lá falar com a sua Emmy. – Terminou fazendo uma careta.

Comecei a rir da cara dela e a fazer cócegas em sua barriga. Ela estava ficando uma moça linda. Daqui pouco tempo, nem vou mais poder toca-la assim. Como o tempo passa rápido!

– Para Luke! Me solta!

– Sua boba! Está com ciúmes da Emmy. É?

– Que ódio! Da próxima vez não me chame pra ir à praia com você. Eu vou sozinha!

Comecei a rir daquela cena.

– Você não pode ir sozinha.

– Eu dou um jeito!

Entrou para o seu quarto e trancou a porta. De vez em quando, Paola gostava de fazer essas pirraças. Era só oferecer um chocolate ou chamar pra sair que ela saía do quarto.

Peguei o celular e mandei mensagens para as duas garotas. Sarah me respondeu na hora.

– Oi. Que bom falar com você.

– Eu amei o seu sorriso, sabia? – Por que eu digitei isso?!

– Sério? – Um emoji de macaquinho com vergonha foi adicionado – Você é um gato!

Sorri feito um bobo. Uau! Parece que tem mais uma menina interessada em mim. Mas que droga! Elas moram uma de frente pra outra. Isso vai dar merda.

– Obrigado! Eu te achei gata. O que acha de marcarmos algo pra hoje à noite?

– Olha... Não costumo sair à noite, mas se quiser... Estou disponível amanhã de manhã. Pode ser?

– Ótimo. Podemos ir à praia? – Ah, aquela praia ainda vai fazer história!

– Sim. Podemos ir sim. Às nove da manhã você passa aqui.

– Está bem. – Fui interrompido pelo grito da minha mãe.

– Luke, vem almoçar e chama a sua irmã.

Cheguei à porta do quarto de Paola e a chamei para o almoço. Depois de muito insistir, ela resolve abrir a porta, com cara de desânimo.

– Vamos comer pra mais tarde passear com o Spyke. Ok?

– Está bem. – Concordou sem muita empolgação.

Sempre almoçamos bastante verduras e legumes. Meu pai a essa hora está almoçando na empresa. Espero que ele esteja gostando do novo emprego e que tenha bife acebolado que ele ama.

Minha mãe preparou beterraba, cenoura, brócolis, couve-flor, batata e alface para acompanhar o arroz e filé de peito de frango frito e com um molho especial que só a minha mãe sabe fazer.

Terminei de almoçar e peguei meu celular. Já tinha oito mensagens de Emmy. Conversamos bastante. Ela me disse que tem um cachorro Spitz Japonês branco. O nome dele é Josh. Combinei para passearmos com os cachorros às quatro e meia.

Acho que Paola vai detestar o passeio. Agora ela vai ter que dividir o irmão com a vizinha. É bom ela aproveitar que, por enquanto, é só uma vizinha. Paola estava concentrada em sua leitura. Ela ama ler. Eu a incentivei desde os seus sete anos de idade. Hoje em dia ela lê muito mais do que eu.

– Vamos Paola. – Ela se desfez do seu óculos de leitura e fechou o livro, marcado na página onde estava lendo.

Pegamos Spyke e saímos. Eu estava de bermuda jeans e uma camiseta de botão estilo havaiana, chinelos brancos. Paola estava de short rosa, blusinha preta e chinelos rosas. Caminhamos com Spyke e chegamos à frente do portão de Emmy. Hesitei em tocar a campainha, mas resolvi esperar.

– O que estamos fazendo parados aqui? – Perguntou Paola com cara de nojo.

– Vamos passear com Emmy e seu cachorro. Você vai gostar dele.

– Como é que é?

Paola começou a demonstrar tédio e disse que não queria esperar. Resolvi, então, a tocar a campainha. Em um minuto e meio, o grande portão de ferro se abriu. Para a minha surpresa, não era Emmy, mas o seu pai quem me atendeu. Um senhor alto e branco com uma barba grande.

– Olá. Em que posso ajudar?

– É que... Eu e... sua filha, Emelyn... Sabe.... Marcamos de passear com os cachorros.

– Hum... Sério? Passear com os cachorros? Ela não me disse nada. Espere um pouco, vou chama-la.

O portão se fechou à minha frente. Cerca de dois minutos depois, o portão se abria novamente e ali estava Emmy.

– Oi. Desculpa a demora. Aqui está Josh.

Um lindo cão de pelo branco, mais claro do que a neve, estava à nossa frente. Seu pelo imenso se destacava. Latiu para Spyke, que também latiu.

– Seu cachorro é lindo. – Disse Emmy, fazendo carinho na cabeça de Spyke.

– Eu também gostei do seu.

Paola mostrou-se quieta o tempo todo. Pelo visto, ela não estava gostando nem um pouco de passear com Emmy e seu cachorro.

Era uma tarde ensolarada como em todos os verões do Rio de Janeiro. Mas o tempo estava mudando. Ventava forte pela cidade e já era possível notar a presença de algumas nuvens no céu. Acho que a minha praia de amanhã com Sarah não daria certo.

– Vamos apostar corrida com nossos cachorros? – Paola quebrou o silêncio.

Nos entreolhamos e concordamos. O primeiro que chegasse no final da quadra ganharia. Será que o nosso Spyke venceria Josh. O cachorro de Emmy é muito maior do que o nosso Golden. Acredito que não vai ser fácil vence-lo na velocidade.

Corremos a quadra inteira com os nossos cachorros e por uma diferença muito pequena meu Spyke venceu. O meu Golden me surpreendeu.

– Viva! Hehe... – Paola comemorou.

– Isso aí, garotão. Em casa você vai ganhar aquele biscoito especial que você ama.

– É... Não deu pra você, Josh. – Emelyn fez carinho na cabeça de seu Spitz Japonês.

Já era cinco e meia da tarde e Emmy se despediu de nós. Ela disse que precisava entrar, pois iria celebrar o por-do-sol. Eu e Paola não entendemos bem o que seria isso. Mas, logo, Emelyn nos explicou:

– Eu sou judia. Então todas as sextas celebramos o por-do-sol e a entrada do shabbat. Só podemos voltar às atividades normais depois do por-do-sol de sábado.

– Ah! Bem. Entendi. Então, até mais!

Nos despedimos. Desta vez sem beijo. Ainda bem, porque Sarah estava da varanda da casa dela nos vendo. Ao chegar em casa, peguei o celular e lá estava uma mensagem de Sarah.

– Ei. Eu vi você com sua irmã e a minha vizinha da frente. Sério que você conversa com aquela garota nojenta?

A princípio fiquei sem saber o que responder, mas surgiu uma raiva pelo “nojenta” que eu li na mensagem. Emelyn não era nojenta! Muito pelo contrário. Emmy é maravilhosa. Resolvi responder:

– Somos amigos.

– Cuidado com ela.

– Por quê?

Sarah não respondeu. Também ficou off-line por horas. Eu fiquei sem entender por que aquele pedido pra eu ter cuidado com Emmy. O que tem demais numa garota de dezessete anos?

O tempo estava estranho e nuvens no céu ameaçavam o meu passeio na manhã seguinte. Peguei o celular, depois do jantar, e vi uma mensagem de Sarah.

– Nada não. Mas aparências enganam. Mudando de assunto... Nos vemos amanhã?

Eu concordei e perguntei se não iria chover. Sarah disse que se não chovesse poderíamos ir à praia naquele horário marcado.

Eu estava animado. Iria conhecer outra garota. Só não posso me apegar a nenhuma. Ainda estou novo e cheio de incertezas quanto ao meu destino. Ainda terei que me alistar neste ano. E se eu tiver que servir ao Exército?

Dormi uma noite tranquila. Foi uma noite bastante relaxante. O frescor do vento trazido pela massa de ar frio entrou pela janela do meu quarto, tornando o ambiente agradável para uma boa noite de sono.

– Levantou mais cedo hoje, meu filho. O que houve? – Perguntou minha mãe, pondo as coisas do café-da-manhã sobre a mesa.

– Ah, eu vou à praia com uma garota.

– Uma garota? Sei...

Minha mãe ainda não sabe nada sobre Sarah. Talvez ela imagine que eu vá à praia com Emmy novamente. Pretendo não contar nada pra ela por enquanto. Afinal, estou apenas conhecendo essas garotas e me sinto um tanto novo para começar um relacionamento.

Às nove da manhã, conforme o combinado, cheguei em frente à casa de Sarah. Antes que eu pensasse em tocar a campainha, ela desceu. Estava tão linda num shortinho branco, sandálias prateadas e uma blusinha verde florida, com um nó na barriga. Sua barriguinha impecável estava à vista. Ela jogou o cabelo pra trás quando me viu. Sua boca tão sexy estava pintada com um batom vermelho, bem chamativo, combinando com sua pele morena.

– Oi. Bom dia! Como vai? – Abriu um sorriso que me deixou encantado.

– Estou bem e você?

– Bem. E aí, animado? Olha o tempo. – Riu.

– É. Amanheceu nublado.

– Não tem problema.

Ela segurou a minha mão esquerda, enquanto fechava o portão da sua casa. Eu não entendi o motivo desse gesto. Não tínhamos nada. Estávamos nos conhecendo e ela segurou a minha mão como se eu fosse seu namorado.

Caminhamos de mãos dadas até à praia do Leblon. Eu estava com o rosto corado. Qualquer um que nos visse acreditava que éramos namorados. Isso me deixou um tanto desconfortável.

– A bela praia do Leblon. Até que hoje não está lotada. – Sarah sorriu.

Eu sorri também. Ela é uma morena linda! Ao revelar seu biquíni branco de listras azuis e vermelhas eu namorei o seu corpo. Ela tem mais corpo do que Emmy, apesar de serem da mesma idade. A bunda de Sarah tem curvas mais generosas. Mas que pervertido! Eu estava imaginando coisas e precisava desviar o meu olhar.

Tirei a minha camisa e sentamos na areia da praia sobre uma canga lilás. Hoje não teria muito sol para nos queimar, mas é sempre recomendado o uso de protetor solar. Sarah pediu-me para passar o protetor nela. Ai, meu Deus! Eu iria tocar nesse corpinho perfeito!

– Na minha barriguinha, vai. – A sua voz estava tão doce como de uma garota apaixonada.

Passei todo o protetor em sua barriga e pernas. Aquelas coxas como de quem malha. E, sim. Ela malha. Me contou que faz academia no Leblon. Enquanto eu passava protetor solar em seu belo corpo, ela também me disse que tem dois cachorros da raça Shih-tzu.

Ela virou-se de costas e agora deitou sobre a canga. Sua bunda avantajada brilhou com os tímidos raios de sol. Comecei a passar protetor em sua nuca. Ela abriu um sorrisinho de quem estava gostando. Passei em seus ombros e desci por suas costas. Chegando minha mão em sua cintura e tendo passado protetor ali, Sarah levou minha mão à sua bunda. Eu tremi.

– Passa, vai.

Não acreditei nisso. Sério que ela estava me pedindo isso? Eu passar protetor na sua enorme bunda? Uau! Isso era maravilhoso!

Passei o protetor na sua bunda e pernas. Ela sorriu e sentou-se sobre a canga. Me abraçou e agradeceu com um beijo. Tão quente o beijo dessa morena.

– Agora sou eu que vou passar o protetor em você.

Pegou a bisnaga de creme protetor da minha mão e começou a passar pelas minhas costas. Depois passou por meu peito e abdômen. Senti um calafrio quando ela me tocou ali. Ela estava com seu corpo projetado sobre o meu. Eu segurei em sua cintura com as duas mãos e nos beijamos. Caímos sobre a canga na areia, dando risada um do outro e nos beijamos mais, enquanto ela deitou-se sobre mim.

A manhã de sábado estava sendo maravilhosa. Em nenhum momento Emelyn invadiu meus pensamentos. Parece que eu nem me lembrava mais da linda garota de olhos azuis. Agora estava curtindo a areia da praia com uma bela morena. Apesar do tempo nublado, o calor era típico de verão carioca.

Sarah parecia uma menina mais séria e que demonstrava maior interesse pelos estudos. Queria cursar direito ou economia. Estava com planos para entrar em um novo emprego como assistente administrativo numa empresa de contabilidade. Apesar de nova, era bastante dedicada.

Nós dois compartilhamos o mesmo hobby: leitura. Conversamos muito sobre livros. Ela é eclética – lê de tudo –, enquanto eu sou mais de ler romances. Eu gosto muito de romantismo. Nunca tive uma namorada, alguma garota que eu pudesse caminhar de mãos dadas pela rua, apresentar aos meus pais e chamar de minha namorada. Mesmo assim, sou romântico e carinhoso.

– Ultimamente tenho lido muito sobre Trótski, Stálin, Lênin e outros nomes importantes da história da Rússia. Eu sou apaixonada pela Rússia, pela história do seu povo. Faço aulas de língua russa três vezes por semana.

– Uau! – Fiquei boquiaberto com tamanha inteligência dessa garota. – Você é incrível!

Sarah sorriu. Suas maçãs do rosto eram bem desenhadas, arredondadas numa beleza sem igual. Quando sorria, era como o brilho das estrelas ou do Sol em sua força máxima. Era uma garota de boa energia, sempre vibrante.

– Você pensa em fazer alguma faculdade?

– Bem. Eu sou de uma família de ambientalistas. Meus pais estão tentando me convencer a cursar engenharia ambiental. Mas, eu não tenho certeza se é isso mesmo que eu quero.

– Entendi. Engenharia ambiental é uma boa área.

– Sim. – Concordei timidamente. Meu verdadeiro sonho é ser músico e acho que em breve vou montar uma pequena banda.

Voltamos pra casa caminhando devagar. Parecia que tanto eu como ela queríamos aproveitar ao máximo o tempo juntos. Sarah me transmitia uma boa vibe. Era como se estivéssemos conectados desde a vida passada. Eu não sei explicar o que era aquela sensação, mas era muito boa.

Ao chegar em frente à casa de Sarah, nos despedimos com um longo beijo. Sua forma de beijar era marcante e singular. Nenhuma outra, das poucas garotas que beijei, sabia beijar assim.

– Nos vemos mais vezes. – Acenou para mim ao entrar pelo portão de casa.

– Sim, claro. Tchau!

Vim caminhando, olhando para o alto, com um semblante de felicidade. Alguém satisfeito. Sim, o dia de hoje foi incrível. Eu conheci uma linda garota que tem inúmeras qualidades. Sarah consegue ser atraente tanto por sua beleza como por seu intelecto.

Ao dobrar a esquina me deparei com um pequeno grupo de jovens. No meio dele se destacava uma garota de cabelo rosa. Um cabelo nem tão liso e nem tão enrolado, mostrava-se volumoso e vibrante em sua cor rosa. Uma menina com calça jeans rasgada à altura do joelho, tênis preto e branco, uma blusa branca e uma jaqueta de couro preta. Pulseiras pretas com detalhes prateados em seus dois pulsos. Um belo sorriso se revela ao me ver.

– Oi, garoto. Qual o seu nome?

– Luke. – Sorri pra ela, meio surpreso com a sua abordagem. – E o seu?

– Brenda. Prazer, gatinho.

– Prazer.

– Você mora por aqui?

– Sim. Logo ali. – Apontei o dedo em direção à minha casa.

– Legal. Eu e meus amigos moramos a umas quadras daqui. Você gosta de rock?

– Sim, gosto muito. Por quê?

– Nós estamos montando uma banda e se você souber tocar algum instrumento ou cantar... Seria bastante útil em nosso grupo.

– Jura?! Sério isso? – Eu mal podia acreditar que o que eu mais queria poderia estar tão perto. Uma banda de rock! Uau!

– Sim. Você topa?

– Claro! Esse é o meu sonho.

– Combinado! Hoje temos um ensaio na minha casa, às 19 horas. Deseja ensaiar com a gente?

– Sim. Vou gostar muito de ensaiar com vocês.

– Então me passa seu contato pra eu te chamar.

Passei pra Brenda o meu número de telefone. Mais tarde ela entraria em contato comigo e passaria todas as informações de como chegar em sua casa. Aquilo era incrível! Eu nem estava acreditando.

Cheguei em casa e Spyke latiu animadamente. Dei um abraço nele, que me retribuiu com uma lambida no antebraço direito. Ele sempre fazia isso.

– Demorou, hein, mocinho.

– É... O passeio estava bom.

Minha mãe já havia feito o almoço. Pra ser mais preciso, ela já havia servido o almoço e todos já haviam almoçado. As vasilhas e panelas de comida estavam sobre a mesa me esperando. Saquei uma toalha do varal e caminhei para o banho. Antes de entrar no banheiro, falei com minha mãe empolgado:

– Tenho uma novidade!

– Qual? Está namorando?

– Não, mãe. – Corei e nem deu pra saber por causa da cor que ganhei na praia. – Fui chamado pra ensaiar com uma banda de rock.

– Parabéns! De onde é a banda?

– Daqui do bairro mesmo. Hoje à noite tenho ensaio.

Terminei de almoçar e peguei o celular. Esperava por alguma mensagem de Emelyn, mas nada, desde a tarde de ontem. Sarah havia mandado uma mensagem, dizendo que tinha adorado o nosso encontro e que estava disponível amanhã à noite, queria ir a uma pizzaria.

Não a respondi, pois logo abri as mensagens da Brenda. A casa dela ficava a duas quadras daqui. Ela gostou de saber que sei tocar guitarra e que também canto. Me pediu uma demonstração pra conhecer meu timbre de voz. Cantei um trecho de uma das minhas composições:

“E o céu que se abriu pra a gente se amar trouxe um brilho indecifrável que encontrei no seu olhar”.

Ela amou. Disse que eu poderia ser o vocalista da banda. Meu coração pulsou mais forte. Estou começando a realizar meu sonho. Sei que meus pais se orgulhariam de mim se eu cursar engenharia ambiental, mas o que eu quero de verdade é ser músico.

Passei a tarde brincando com meu cachorro. Também tirei um tempinho pra implicar com a pirralha da minha irmã. Paola era uma garotinha que às vezes me irritava, mas era, também, um amor de menina.

Peguei a minha guitarra e comecei a treinar. Paola apareceu timidamente de plateia na porta do meu quarto. Nem reparei a sua presença até que a sua voz me interrompeu:

– Posso ir ao ensaio com você?

Paola era um grude. Tudo o que eu fazia, ela queria estar no meio. Pra onde eu fosse, sozinho ou com meus amigos, acabava levando minha irmãzinha.

– Sim. Vamos. Desde que você fique quieta.

– Eu sou quieta. – Me olhou com uma carinha fofa, inchando suas bochechas.

Passei a maior parte da tarde com a minha guitarra na mão. Eu queria fazer uma boa apresentação no ensaio e pra isso precisava estar bem afiado. Minha irmã sentou-se sobre a minha cama e ficou me admirando tocar.

– Luke? Paola? Desçam para tomar o café! – Gritou minha mãe.

Descemos para o café e na mesa estavam bolos e pães. Brot alemão com geleia de morango e coalhada. Eu adorava comer essas delícias que minha mãe fazia. Também uma porção generosa de biscoitos de nata. São os meus preferidos.

Terminado o café, sentei-me na sala, celular na mão e nenhuma mensagem de Emelyn. Eu estava com muita saudade dela. Nosso encontro foi marcante e, agora, ela não saía do meu pensamento. Parece que a manhã que tive com Sarah não foi suficiente pra atrapalhar a forte conexão que tive com Emmy.

O sol se pôs e a noite chegou. Dentro de uma hora eu estaria no quarto de Brenda, juntamente com seus amigos, tocando nossas primeiras músicas. Meu celular vibrou com uma nova notificação de mensagem. Era dela!

Na mensagem, Emelyn disse que estava em seu dia de repouso – do por-do-sol de sexta-feira ao de sábado. É assim que os judeus guardam o shabbat. Só depois dessa mensagem pude compreender seu sumiço. Me disse que estava morrendo de saudades. Eu disse que também estava. Perguntou se poderia me ver. Disse que estava indo para o ensaio e lhe contei a novidade. Emmy se alegrou e desejou ir junto. Acho que a pirralha da minha irmã vai ficar com ciúmes.

Tomei um banho, vesti uma confortável camisa vermelha, calça jeans, tênis branco, um cardigã preto. Apanhei minha guitarra e chamei minha irmãzinha:

– Paola, vamos!

Ela saiu de seu quarto com um short jeans, blusinha amarela, sandálias brancas, cabelo solto e um batom rosa destacando sua boca. Estava perfumada como se estivesse indo se encontrar com alguém. A pirralha estava crescendo.

Paramos em frente à casa de Emelyn e antes que eu levasse a minha mão à campainha, ela saiu toda deslumbrante em um vestidinho branco. Suas sandálias brancas com dourado combinavam com o vestido e davam a ela uns centímetros a mais. Estava espetacularmente linda. Não sei se foi a saudade, mas meu coração pulsou mais forte, fazendo-me dar dois passos em sua direção e, ignorando a presença da minha irmã, a beijei.

Paola virou-se. “Eca”. Pra ela, aquela cena ainda era um pouco nojenta. Nunca havia beijado na boca. Era ainda muito novinha pra saber dessas coisas.

Segurei a mão de Emelyn e caminhamos como um casal de namorados. Ela estava tão cheirosa. Seu perfume era doce e intenso. Até que Paola não implicou muito. Só demonstrou sentir-se um pouco ignorada. Não demorou muito para chegarmos à casa de Brenda. Tocamos a campainha e aguardamos.

Em um minuto, ela abriu o portão. Estava usando um shortinho jeans que dava uma valorizada em suas curvas. As suas coxas brancas mostravam-se bem visíveis. Uma blusinha preta amarrada à altura do umbigo, revelando uma bela barriga sarada. Seu extravagante cabelo rosa estava num penteado ímpar, um tanto amarrado como, também, solto.

Entramos e estava rolando um churrasco. Toda a galera da banda já estava lá. Todos muito animados com um sorriso no rosto e uma bebida na mão.

– Fiquem à vontade. Podem pegar uma bebida e comer o que quiserem. – Brenda disse, dando as costas pra a gente e entrou para o interior da casa. Ali na varanda todos bebiam.

– Sério que ela disse isso? – Perguntei olhando para minha irmã e pra Emmy.

Não seria a cerveja ou algum tipo de bebida alcoólica que alegraria a minha noite. Eu estava um tanto feliz por estar ali – apesar de o ambiente ser estranho. Eu não bebia e tampouco fumava. Diferente de boa parte daqueles jovens presentes.

O motivo de eu estar alegre também era o fato de estar ao lado de Emelyn. Agora eu posso ter a certeza que a quero muito! Seria sintomas de amor? Ah, não sei. Se amar é uma doença, acho que eu estava começando a apresentar os primeiros sintomas.

Paramos para pegar um pouco de carne. Quem estava servindo era um senhor de cabelos grisalhos e olhos azuis. Era o pai de Brenda.

– Fiquem à vontade. De qual tipo vocês querem? Podem escolher.

Eu sinceramente sempre como fraldinha, patinho, alcatra e picanha. São os tipos de carne que mais comemos em casa. Apesar de eu ser de uma família não muito fã de carne, comemos todos esses tipos em nossos churrascos familiares.

Brenda estava na cozinha ajudando a sua mãe com os últimos toques na comida a ser servida no jantar. O som ligado na sala, em seu último volume, tocava Guns N’roses.

Senti que havia uma conexão maior entre mim e Emelyn. Nossas mãos se tocaram novamente e eu não hesitei em segura-la ali na frente de todos. Quem nos visse pensaria, sem dúvidas, que somos namorados. Não sei se era isso mesmo que eu queria com ela, mas eu estava gostando muito de estar ao seu lado.

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