Capítulo 5

CAPÍTULO 5

Essa noite eu não tive mais nenhum sonho, nem nas noites seguintes. E foi assim por um tempo, eu não estava nem lembrando mais do rapaz, ele para mim realmente era só um sonho, coloquei isso em minha cabeça e deixei tudo isso de lado. Eu ainda estudava de manhã e fazia o curso a tarde, estava me dando bem, minhas notas estavam boas, e meu pai ficou feliz por isso… Mas, ele ainda pegava no meu pé, por que com tudo o que eu estava fazendo durante a semana comecei a falar menos com ele, ainda mais depois que ele se separou da minha mãe, ficamos mais distantes. Mas, isso não me afetou tanto, já não vivíamos em flores mesmo, mas ainda assim, tentava falar com ele, e ele claramente demorava muito a responder, então deixava de lado.

Voltando do curso numa sexta-feira, recebo uma mensagem, espero chegar em casa para ver quem é, e como pensei, era o Gus, terminou com a Laís, não sei se é por minha causa, já que ela nunca gostou muito da minha cara, mais acredito que é. Por isso estamos conversando diariamente, sabe aquela amiga que nunca namorou, não sabe sobre a vida amorosa, mas ainda assim gosta de dar conselhos, prazer eu! Viramos mais amigos ainda, conversamos sobre tudo, tem dia que ele chora ou eu, mas sempre é bom ter alguém como ele para conversar. Ele claramente não tem muitos amigos, então faço essa contribuição para ele.

“Clara! Que saudade! Tem um tempinho que não nos vemos né?”

“Oi Gus, sim, tem um tempinho, o que anda fazendo?”

“Eu nada, estava pensando em nos irmos para o bosque Amsterdã, topa?”

Esse bosque ficava perto aqui de casa. E eu não queria perder a amizade então fui curta e grossa. Ele já fez algumas gracinhas comigo então…

“Vamos, mas seguinte não tente me beija ok? Você sabe como sou. Se tentar algo sei como machucar um homem.”

“Sei sim, Clara, eu apenas quero conversar pessoalmente posso? Depois da Laís fiquei meio para baixo.”

“Pode sim, só não demora muito, por que estou muito cansada e quero dormir cedo.”

“Ok, daqui a uns 15min chego aí.”

“Okay.”

Arrumo-me rápido. Só visto um short jeans, uma regata e uma rasteira. Depois fico ouvindo música até ele chegar. Ele já sabe que esse lance de gostar de alguém não é muito a minha praia, mas penso em contar do meu sonho para ele, ou não, ele ri, tenho certeza, mas não custa nada, talvez falando com outra pessoa as coisas se clareiam um pouco. Escuto um carro buzinando "será que ele está carro" penso baixo.

Minha mãe está na sala vendo TV, me dá uma olhada e pergunta:

— Onde você vai em Clara? Já viu quantas horas são?

— Vou ao bosque Amsterdã com o Gus. Juro que não demoro, prometo.

— Com quem!? Tem nome não? Já falei para você não ficar colocando apelido nos seus amigos.

— Augusto mãe, lembrou quem é agora?

— Lembrei sim, manda um beijo para ele por mim.

Minha mãe abraçava meus amigos como se fossem filhos dela, como nunca tive irmão ela se apega aos meus amigos. Tem hora que isso é chato. Isso me deixa meio chateada, por que ela chama a atenção deles, sendo que eles vieram aqui para me ver.

Eu já tenho 18 anos e nunca namorei, sempre tive amigos homens e sempre sai com eles, mas nunca cheguei a beija-los, também nunca quis. Isso pode estragar uma amizade de anos, e eu sou do tipo que valoriza uma boa amizade.

Vou ao encontro dele, ele tem a expressão triste. Ele sai do carro e me abraça apertado e começa a chorar, eu dou uma revirada de olho clássica, eu já o vi chorar, mas não assim. Espero um tempo antes de pergunta o que houve. Sou uma boa amiga eu nunca tenho problemas sobre relacionamento, mas sempre ajudo meus amigos sobre isso.

— Gus você está bem? — pergunto meio que já sabendo qual é a resposta.

— Não, a Laís virou para mim e disse que não quer nada comigo. Desde quando terminamos a duas semanas…

— Espera aí — digo largando-o, ele me olha indiferente, — você me falou que vocês terminaram tem três dias, mas tem duas semanas? Que tipo de amigo é você que espera tudo isso para me contar? — estou começando a ficar nervosa!

— Vamos para o bosque lá conversamos. Preciso falar com alguém e só confio em você, por favor — disse ele, entrei no carro sem saber o que houve e com muita raiva, ele sabe tudo o que acontece comigo na hora, não sabia o que ia descobrir, mas já estava com muita raiva.

Andamos em silêncio até o bosque. Tinha me esquecido do quanto aqui é bonito, e o ar é quase puro. Sentamos em um dos bancos que tinha lá e então pergunto.

— O que houve? Desembucha logo.

Ele todo tristonho começa a falar.

— Liguei para Laís e conversei com ela, ela começou a gritar comigo, falando para eu parar de ligar para ela — ele estava aos prantos, — o que eu faço? Não quero outra pessoa, quero ela, ela me completa, faz tudo parecer tão lindo.

— Calma Gus, calma, você encontrará alguém. Que realmente goste de você! Isso é questão de tempo. Relaxa, só espero que você arrume alguém que goste de mim, é o mínimo né?

— Calma nada, eu quero é ela, ela que fez meu sorriso ser maior, ela que me faz sentir que sou alguém nessa vida tão imprestável — ele falou muita coisa, que fiquei foi pensando, será que serei assim um dia — Clara está me ouvindo? Quero a Laís me ajuda.

— Calma. Você vai achar alguém que valorize, mas tudo em seu tempo. Confie em mim. Olhe para mim, enfiada nos livros e nem me preocupo com isso, isso não pode ser sua prioridade, sua prioridade deve ser feliz — quando eu o vejo parou de chorar.

— Posso deitar no seu colo só um pouco? — ele pediu com jeitinho de amigo.

— Pode sim, — lembrei que queria contar sobre meu sonho — posso te contar uma coisa também?

— Pode sim, — ele já estava sorrindo.

— Então, tive um sonho muito bizarro… — comecei conta para ele todo o sonho, mas na metade da história e ele dormiu, do nada assim, ele já estava roncado, deve ser devido ao choro.

Comecei a cantar Firework da Katy Perry era minha música preferida. Já que ele havia dormido, e como sabia a música de cor, fiquei cantando e cantarolando. Depois de uma hora eu o acordei e disse ter que ir para casa. Ele levantou e me abraçou, todo bobão do sono, a cara amassada dele estava engraçada.

— Clara obrigada de verdade. Sei que você tem seus problemas para resolver, mas mesmo assim me ajuda. Te amo sabia?

— Por nada, sempre que precisar estou aqui, e você sabe disso, e também te amo muito.

— E desculpa por molhar sua blusa com minhas lágrimas.

— Suponho que você não viu que meu short está molhado de baba sua né — ele começou a rir e não parou. Foi bom ter feito ele rir um pouco.

Ele me deixou em casa e fui direto para o meu quarto. Chegando lá tem uma caixinha. Olhei bem meu notebook novo chegou. Gritei de felicidade, o meu antigo estragou e não compensava arrumar. Fiz alguns bicos para comprar ele, e consegui. Fiz login no F******k, twitter e no G****e. Só eu iria mexer nele, fiquei tão feliz que tomei um banho e já fui mexer no meu brinquedo. Fiquei até tarde mexendo no computador, mas estava tão cansada que não consegui, logo dormi, pensando no homem do meu sonho.

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