— Por que naquele dia você acabou derrubando a xícara de café? — Valentina perguntou, já perdendo a paciência. — Directora Valentina, eu juro que foi sem querer! Eu só me distraí olhando para a safira, achei tão bonita... Acabei me atrapalhando e derrubei a xícara. — Rosana se justificou, chorosa. Assim que terminou de falar, Florence percebeu o olhar malicioso de Daphne. Daphne se aproximou com passos firmes, encarando Valentina com curiosidade. — Directora Valentina, será que aconteceu alguma coisa com a safira? — Disse ela, desconfiada. Valentina permaneceu em silêncio, o que bastou para confirmar as suspeitas de Daphne. — Se a senhora tem alguma dúvida, que tal revisar as gravações da câmera? — Daphne sugeriu, com um tom decidido. — Rosana é tão medrosa. Acha mesmo que ela teria coragem de fazer algo com uma peça que vale milhões? Rosana começou a soluçar mais alto. — Isso mesmo, Directora Valentina! Por favor, reveja as câmeras para provar minha inocência! Antes
As palavras de Florence despertaram Valentina. As duas se entreolharam, já entendendo o que se passava, mas Valentina ainda tinha suas próprias preocupações.— Florence, o que você disse faz sentido, mas sem provas isso não tem valor nenhum. Estamos falando de uma pedra que vale milhões que desapareceu bem debaixo dos nossos narizes. Se essa história se espalhar, quem vai confiar em mim para desenhar joias no futuro? Além disso, mesmo que eu queira te proteger, os outros não vão aceitar. Afinal, foi você quem assinou o laudo de qualidade da safira. Isso significa que você garantiu a autenticidade da pedra. Você entende o que eu quero dizer? — Valentina explicou, com um olhar pesado fixo em Florence.Florence assentiu com seriedade, sentindo o peso das palavras. Ela sabia que Valentina estava preparando o terreno para o pior: se não encontrassem provas, Florence seria a culpada e teria que arcar com todas as consequências.Ela respirou fundo antes de responder: — Eu entendo. Logo em
— Flor, eu sempre fui bom para você. Por que você não pode retribuir um pouco do cuidado que eu tive com você? Estou arriscando milhões nessa joia por sua causa. — Marcos disse, levantando-se bruscamente e avançando em direção a Florence. Ele agarrou o casaco dela com força. Florence, para escapar, rapidamente deslizou para fora do casaco, deixando-o para trás. Marcos, furioso, jogou o casaco no chão e começou a persegui-la pelo reservado. Apesar de tentar desviar, Florence acabou sendo pega e envolvida em um abraço forte. Na luta, Marcos puxou a manga da camisa de Florence, rasgando-a. Ele olhou para a pele clara dela, respirando fundo. — Flor, você tem um cheiro tão bom... Deixa eu te dar um beijo. — Me solta! Eu não vim aqui para isso! — Florence gritou, enquanto lutava para se libertar. Ela ergueu o joelho e acertou um golpe certeiro na virilha de Marcos. Diferente de Lucian, que era mais resistente, Marcos não teve tempo de reagir. Ele caiu para trás, segurando a regiã
Florence percebeu o cheiro familiar e começou a se debater, mas o braço do homem em torno de sua cintura se apertou ainda mais, praticamente a forçando contra o peito dele, fazendo com que suas costas ficassem quentes como fogo. Ela podia sentir claramente o movimento do peito dele a cada respiração. Cada subida e descida era como um aviso de perigo, fazendo o medo crescer dentro dela. De repente, uma voz baixa e ameaçadora soou ao lado de seu ouvido: — Quem te deixou vir sozinha? Você realmente acha que pode sair daqui? Florence agarrou o braço que a segurava, tentando se livrar. — Tio Lucian, por que você está em todo lugar? E por que se mete em tudo? Me solta! Atrás dela, o homem respirou fundo, mas não respondeu. No instante seguinte, ele a soltou abruptamente. Florence tentou correr, mas foi lenta demais. Lucian a puxou de volta e a jogou no sofá com força. Quando ela tentou se levantar, ele a segurou, pressionando-a contra o estofado. Sob o terno impecável, cada
Enquanto falava, Marcos lançou um olhar para Florence, cheio de ameaça nas entrelinhas. Lucian pegou a tigela de sopa e colocou na frente de Florence. Em seguida, limpou as mãos com uma toalha quente, com calma, antes de finalmente virar o olhar para Marcos. — Sr. Marcos, você tem razão. Quando a fome aperta, as pessoas realmente são capazes de qualquer coisa. Mas, se comerem a coisa errada, pode ser fatal. O rosto de Marcos ficou rígido. Ele entendeu o recado: Lucian não pretendia entregar Florence. Apesar de irritado, Marcos sabia que aquele não era o momento para bater de frente com Lucian. Ele deu um passo para trás. — Agradeço o aviso, Sr. Lucian. Não vou mais atrapalhar o jantar de vocês. Com licença. — Disse ele, antes de sair do reservado. Florence soltou um suspiro de alívio. Ela segurava a colher com força, enquanto lançava um olhar rápido para Lucian, que estava ao seu lado. — Tio, o que você está fazendo aqui? — Ela perguntou, desconfiada. — Só passei aqui par
Florence bateu na porta e entrou no escritório de Valentina, onde Bella já estava presente. Ela lançou um olhar rápido para Bella, mas não disse nada. Valentina virou-se para Bella e disse: — Pode sair. Bella ficou surpresa, mas respondeu com um “claro” educado antes de deixar a sala. Assim que a porta foi fechada, Florence abriu a boca para explicar a situação, mas foi interrompida por Valentina, que bateu com força um fichário na mesa. — Florence! Estou te avisando, você é a única responsável por essa situação. O estúdio não vai assumir nenhum centavo de prejuízo! Florence ficou paralisada com o barulho e encarou Valentina por alguns segundos antes de recobrar os sentidos. Ela respondeu apressada: — Eu vou resolver tudo, pode deixar. — Que bom que você entende. — Valentina disse em um tom alto e firme. Do lado de fora, Bella encostou o ouvido na porta, ouvindo a conversa. Um sorriso apareceu em seu rosto enquanto se afastava. Até mesmo Valentina estava contra Flor
De acordo com as regras, ninguém da família podia assistir à cremação no crematório. Florence Winters, no entanto, pagou o que foi necessário. Com passos lentos, ela empurrou a maca de ferro gelada para dentro da sala de cremação. O ar tinha um cheiro metálico de queimado, e no feixe de luz que atravessava a janela, partículas de cinza flutuavam no ar. Talvez fossem restos de ossos. Em breve, sua querida filha também se tornaria isso. Vestida com um longo vestido preto, Florence parecia ainda menor do que era. Nem mesmo o menor tamanho escondia sua silhueta magra e abatida. Seus olhos, inchados e vermelhos de tanto chorar, estavam agora estranhamente serenos. Ela passou a mão pelo lençol branco que cobria o corpo imóvel e pálido da filha e, cuidadosamente, colocou na palma da mão fria da menina duas estrelas de papel cor-de-rosa. — Estela, espera a mamãe. Quando o tempo acabou, um funcionário aproximou-se e puxou Florence gentilmente para o lado. Ele ergueu o lençol, re
Ela tinha voltado à vida! Florence havia ressuscitado!Ignorando os olhares incrédulos ao seu redor, ela cravou as unhas em seu braço, apertando com força. A dor aguda percorreu-lhe o corpo, e seus olhos logo se encheram de lágrimas.— Chorando por quê? — Uma voz grave e autoritária ecoou pelo salão. — Quem deveria pedir desculpas aqui é você, não a nossa família Avery!Florence voltou a si e ergueu o olhar, encontrando os olhos frios e impacientes de Theo Avery, o patriarca da família.Imediatamente, ela baixou a cabeça, assumindo a postura submissa de sempre. Mas, por dentro, seu corpo tremia, não de medo, mas de excitação.Ao redor, ouviam-se risinhos abafados e cochichos venenosos.— Jovem desse jeito e já com coragem de drogar o próprio tio para seduzi-lo? Fez a maior confusão na cidade só para tentar obrigar o Lucian a assumir responsabilidade. E agora finge que nada aconteceu! Quem educou essa garota?— Isso não é coisa de gente da nossa família. A família Avery nunca criaria al