Projeto Cupido
Projeto Cupido
Por: E.J.L Spiekovski
1º Capítulo

Atravessei o saguão do shopping apressada, estava exausta talvez eu devesse ter aceitado a carona de Alberto, mas meu carro estava no estacionamento e eu não gostava de sair cercada por seguranças, uma das coisas que sempre me orgulhei era de poder ser famosa e ainda assim ter minha liberdade de ir e vir, eu gostava de ver gente de abraçar pessoas de dar autógrafos e tirar fotografias, isso fazia com que eu me sentisse amada pelos meus fãs.

Ter me tornado uma escritora reconhecida era algo que eu me orgulhava, sempre batalhei muito por isso e o caminho não tinha sido nada fácil até ali eu bem sabia disso, o brinquedo de pelúcia gigantesco na minha mão pesava, era um enorme elefante muito fofo, eu sempre ganhava bichinhos de pelúcia dos meus fãs eles diziam que era por que meus romances eram românticos e cheios de paixão, eu tinha um quarto repleto deles, aliás, um em minha casa que começará a ficar pequeno e dois na editora, dessa vez eu tinha ganhado muitos elefantes e girafas isso por que o romance se passava em um safari na África, às vezes eu ficava me perguntando o que eu ganharia de presente se escrevesse histórias de horror e suspense como Stephen king, será que viriam armas e facas? Comecei a rir sozinha enquanto caminhava, mas logo meu sorriso desapareceu, meus olhos encontraram os olhos de uma menininha, uma pequena menina sozinha no shopping lotado de pessoas estranhas, mas isso não era o pior, o pior era ver aquele homem ao seu lado, o velho de idade avançada segurava a criança ao seu lado com a mão firmemente pressionada em suas pernas, seu olhar era de medo, pavor e desespero, parei apreensiva... Será que eu deveria ir até lá? E se ele fosse um parente? Talvez o avô da criança, quem sabe eu estivesse interpretando errado, mas não meu sexto sentido dizia que aquela menina precisava de ajuda, respirei fundo e segui firme me enchendo de coragem a cada passo, seus olhos verdes assustados olharam para mim suplicando por ajuda, decidi agir.

-  Luciane! Aí está você menina! Te procurei por todo shopping! – Ela sorriu e se levantou correndo até os meus braços.

- Mamãe! Mamãe me desculpa eu me perdi!

O homem me olhou assustado e começou a se afastar, eu o puxei pela camisa xadrez.

- Hei o senhor! Quem é? E o que fazia com a minha filha?

Eu não queria deixá-lo ir assim, o que ele tinha feito com aquela menina certamente faria com outra em algum momento.

- Eu não fiz nada senhora! Me deixe em paz!

Ele tirou minha mão dele com força e saiu caminhando apressado demais, suspirei, agora eu devia resolver o que tinha acontecido ali com a criança.

Abaixei-me perto dela e segurei seus bracinhos frágeis com carinho.

- E você como está? Conhecia esse homem? Ele tocou em você? Devo chamar a policia ou alguém?

 - Eu estou bem moça, só um pouquinho assustada, isso nunca tinha acontecido comigo antes, não sei quem era esse homem, eu me sentei no banco, pois me perdi e achei que seria mais fácil de alguém me encontrar e ele se aproximou e começou a tocar minhas pernas e a dizer que eu deveria ir com ele pra casa dele, foi bem ruim...

- Você disse que se perdeu? Sua mãe está aqui então? Qual o nome dela?

- Minha mamãe já morreu moça...

Comovi-me, tão pequenina e sem mãe, aquilo cortou meu coração.

- E seu pai?

- Ele é muito ocupado e importante, eu vim com minha babá, mas ela me deixou de lado pra ir falar com um namorado dela e eu fiquei vendo a vitrine de bichinhos, quando dei por mim ela tinha sumido!

- Santo Deus! Que irresponsável!... Como ela pode ter te deixado sozinha estando em serviço?

- Mia é um pouco desligada, ela não se importa muito comigo...

- Deus, e quem é seu pai? Qual é seu nome?

- Não tenho permissão para dizer o nome do meu papai, como ele é bastante famoso ele não quer que saibam sobre mim.

- Certo isso sim é loucura... Ok, e o seu nome qual é?

- Me chamo Jousie, Jousie Faine Lancaster...

- Certo Jousie, sou Katherine Rise, mas pode me chamar de Kathy! Me dê sua mão e vamos encontrar a doida da sua babá...

A menina sorriu animada e me estendeu a mão, mas nesse exato momento fomos cercados por pelo menos uns 30 seguranças, puxei Jousie junto a mim e uma mulher atravessou o circulo vindo em nossa direção furiosa.

- Solte já a minha menina!

Ela puxou Jousie com força a arrancando dos meus braços, Jousie protestou.

- Me solta Mia!

- Cala boca menina!

Então era essa a tal babá da criança.

- Hei, eu não ia fazer mal a ela eu estava tentando ajudar! Você é que foi irresponsável e a deixou sozinha! – Reclamei furiosa.

- Mas é muita ousadia sua! Você queria era sequestra-la!

- Eu? Ficou louca? Eu estava ajudando ela!

- Mentira! Até um urso comprou para ela para convencê-la!

Olhei para o elefante que estava em minhas mãos e Jousie tinha se agarrado.

- Urso não, elefante! E não dei a ela, mas se ela quiser pode ficar com ele sim!

- Viu só! Ela admitiu! – Berrou ela para os seguranças. – A prendam!

Os seguranças avançaram sobre mim e Jousie se pôs na minha frente.

- Deixem a Kathy em paz! Ela me ajudou, a Mia é que foi irresponsável e me largou sozinha para poder namorar!

Mia beliscou o braço de Jousie.

- Já disse pra calar a boca pirralha!

- Aí! – Reclamou Jousie, perdi a paciência e ia avançar sobre a mulher quando um homem apareceu nervoso abrindo caminho entre as pessoas que tinham se aproximado e os seguranças.

O homem muito bonito chamava a atenção de longe, tinha a voz forte rouca e com um sotaque quase que irresistível os olhos azuis se destacavam em seu rosto diante dos cabelos escuros bem arrumados com gel.

- O que está acontecendo aqui? – Perguntou ele firme, Jousie se soltou de mim e correu para os braços dele.

- Papai!

Dei um passo para trás, então esse era o pai da menina, isso explicava o tumulto das pessoas que tinham se aproximado.

- Essa mulher queria sequestrar sua filha! – Berrou Mia.

O homem deu dois passos em minha direção, seus olhos azuis eram tão gelados quanto os de um iceberg senti um arrepio na espinha, Jousie abraçou o pai pelas pernas.

- É mentira papai! Mia me largou sozinha aqui e foi namorar, eu me distrai com uma vitrine de bichinhos de pelúcia e quando vi ela tinha sumido, quando vi que estava perdida sentei no banco do shopping e fiquei esperando que alguém me procurasse, um senhor se aproximou e começou a tocar em mim, fiquei com medo, aí Kathy apareceu e me salvou! Se não fosse por ela eu nem sei o que teria acontecido comigo.

Eu estava pasma com a coragem de Jousie, ela era tão pequena, mas sem dúvidas muito valente, o homem a pôs de lado e olhou fixamente para a babá.

- Já para o carro Mia!

Ela abriu e fechou a boca e logo começou a protestar.

- Mas senhor, não é possível que vá acreditar nas loucuras de Jousie!

O homem soltou o ar pesado, seu rosto era de fúria.

- Para o carro agora!

Diante da situação ela decidiu obedecer, abaixou a cabeça e se retirou, vi Jousie fazer uma careta para ela e me segurei para não rir, eu sei era infantil, mas eu também queria poder mostrar a língua sem ter que dar explicação.

O homem caminhou calmamente até minha direção e estendeu a mão.

- Lian Lancaster, obrigada por cuidar da minha filha.

Estendi a mão também ainda tremendo, senti um arrepio quando nossos dedos se tocaram.

- Katherine Rise.

Vi os olhos brilhantes de Jousie sorrirem ao olharem pra mim e depois para o pai.

- Papai, a Kathy pode almoçar lá em casa?

Lian olhou sério para a filha.

- Sabe muito bem que não podemos levar estranhos em casa Jousie.

- Ela não é uma estranha pai! É a Kathy! Ela me salvou...

- Jousie...

Eu não queria me meter naquela discussão nem causar problemas para Jousie, decidi que era hora de me impor.

- Agradeço a gentileza Jousie, mas já tenho um compromisso e preciso ir... Talvez outro dia...

- E como vou fazer para te encontrar?

Eu anotei meu número em um pedaço de papel.

- Pode me ligar sempre que quiser e se quiser pode ficar com o elefante, assim quando sentir saudade você o abraça e lembra de mim.

Ela soltou o sorriso mais lindo que eu já tinha visto e me abraçou com força.

Despedi-me dos dois e segui andando pelo saguão do shopping os olhos de Lian queimavam em minha nuca, teimei em não olhar para trás, Jousie percebeu o interesse exagerado do pai.

- Achou ela bonita papai?

Lian balançou a cabeça voltando à realidade.

- Que absurdo Jousie! É uma estranha...

- É uma estranha muito bonita e você não tirou os olhos dela.

- Fui simpático.

Ela cruzou os braços encarando o pai.

- Sei...

Lian a levantou no colo.

- Sabe que só tenho olhos para você, aliás, a dama me dá a honra de almoçar comigo?

- Vai ficar em casa comigo?

- Vou... Você gosta da ideia?

- Muito!

Disse ela comemorando e abraçou o pai, Lian trabalhava muito e quase não via a filha a realidade é que a pequena Jousie tinha sido praticamente criada por babás.

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