Capítulo 4

Katherine está pegando flores amarelas do gramado. Ela pega duas de cada vez, e depois as solta no colo de Harry. Ele tinha uma coleção de quase doze, e sorria cada vez que ela vinha até ele.

Harry é uma pessoa completamente diferente quando sorri, tão brilhante, como se pudesse iluminar até mesmo os dias mais nublados.

— Então, estava pensando... — Natan começa, enquanto descansa a cabeça na mão, deitado de lado no gramado. Ele está puxando folhas da grama e brincando com elas. — Que tal sairmos beber numa noite dessas?

— Eu acho uma boa ideia. Só tem que ser no dia da minha folga.

— Ótimo! — Natan sorri pra mim. — Então acho que podemos ir para o The Globe.

Antes que eu possa dizer alguma coisa, Harry olha para nós com as sobrancelhas franzidas.

— Ela não vai para o The Globe.

— O que há de errado? — Natan pergunta. Harry olha para ele como se estivesse louco:

— É um bar, Natan! Cheio de velhos bêbados!

— Você está dizendo isso só porque lá não tem a cerveja que você gosta. — Natan rebate, depois revira os olhos e olha para mim. — Nós vamos para o The Globe. Você vai adorar o Greg.

— Quem é Greg? — pergunto.

— O bartender bêbado que é dono do lugar. Ele tem cheiro de cebola e salsicha, mas Natan acha que ele é gente boa. — Harry diz. Natan o encara com a testa franzida e argumenta:

— Ele tem boas histórias.

Harry suspira e volta sua atenção para Kath, que lhe entregou outra flor.

Estamos no Green Park para assistir à atuação de Jenny. Há muitas famílias acomodadas na grama. É um campo grande, rodeado de árvores e o clima está nublado, com o sol escondendo-se entre as nuvens. Quando a peça chega ao fim, eu espero Jenny terminar de dizer adeus aos seus amigos, antes de ir até ela.

— Você foi muito bem! — elogio ela.

— Sério? — sorri.

— Sério! Meus amigos vão concordar.

O rosto de Jeny torna-se triste quando ela olha atrás de mim. Viro-me e vejo Natan sorrindo para ela e Katherine acenando do colo de Harry.

— Onde está a mamãe? — Jenny pergunta. Forço um sorriso, tinha esquecido dessa pergunta.

— Ela realmente queria estar aqui, Jenny, muito mesmo. Mas algo importante surgiu no trabalho para ela resol-

Ela franze a testa, apenas por um momento.

— Natan viu tudo? 

— Sim, ele viu.

Ela morde o lábio e corre até eles, animada.

— Lá está ela! — Natan grita. — O futuro do teatro britânico, Srta. Jenny Burton!

Jenny fica com as bochechas vermelhas de tão tímida, e pergunta:

— Você gostou? 

— Se gostei? — Natan engasga. — Eu amei! Eu nunca vi Shakespeare tão bem feito!

Sorrio, e Harry revira os olhos.

— Sério? — pergunta Jenny. — Você já viu muito Shakespeare?

— Sim! Sou muito conhecido por se envolver no personagem. Sei todas as falas! — Natan dá de ombros. Harry zomba, colocando Katherine no chão, que estava se esperneando, provavelmente para pegar o último grupo de botões amarelos deixados no gramado.

— Qual é a sua peça favorita? — Jenny pergunta. Natan estala a língua, olha para mim e se ajoelha na minha frente, pega minhas mãos nas suas, sorri e diz, com sua voz teatral:

— O que é a luz que brilha através daquela janela? É o Oriente, e Julieta é o Sol.

Mordo os lábios, tentando evitar o largo sorriso enquanto Jenny ri ao meu lado.

— Natan Sanders, você é cheio de surpresas — digo. Ele sorri, levantando-se. Mais uma vez, Harry revira os olhos e resmunga:

— Por favor, não se deixem enganar por sua ignorância. Natan assistiu a versão de Leonardo DiCaprio muitas vezes. — Harry diz. Natan faz uma careta com o comentário e exclama:

— Não seja um ciumento porque você não é tão bom com as mulheres como eu sou!

— Sim, muito bom. — Harry bufa. 

Natan decidiu ignorá-lo e que sorvete seria uma obrigação depois de um grande desempenho. Então ele pegou Katherine no colo e a levou em direção ao carrinho de sorvete, enquanto eu esperava com Jenny e Harry.

— Grace? — Jenny pergunta depois.

— Sim, docinho?

— Eu acho que ele precisa de uma namorada.

Harry olha para outro lado, e pressiona os lábios para não rir.

— Você acha? — pergunto. Ela assente.

— Sim, talvez você devesse sair com Natan.

Harry vira-se para nós, seu rosto vermelho por segurar o riso.

— Sim, Grace, talvez você devesse sair com Natan.

Dou um tapa em seu braço, e ele ri ainda mais. 

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