O duque escolhido
O duque escolhido
Por: Cleonara Dantas
01

A respiração ofegante e quente de Edigar próximo ao seu pescoço, fazia todo o corpo de Hazel tremer e se arrepiar, e se ele não a segurasse com tanta firmeza, tinha certeza que já estaria caída no chão. As sensações que ele despertava em seu corpo eram indescritíveis, e nunca antes, tinha sentido algo assim.

Como havia chegado a este ponto?

Logo ela, que sempre prezou pelas boas maneiras da sua classe social, que procurava cumprir fielmente todas as regras da sociedade e também as que os seus pais ditavam, que sempre manteve o recato, mesmo quando cortejada por outros cavalheiros de ótima família.

No entanto, agora estava ela, alí, tão apertada nos braços de Edigar que era possível sentir as batidas do coração do rapaz e o calor que ele emanava daquele corpo rígido, aos beijos intensamente apaixonados e indecentes, na escuridão do estábulo da sua família. Do estábulo!

Qualquer princípio de  desconfiança, de qualquer um ao seu redor e a sua reputação estaria arruinada para sempre. Mas, no momento ela não estava preocupada com isso, pelo contrário, manter-se honrada e obediente era o que menos a aflingia atualmente, seus pensamentos estavam focados justamente no oposto disso tudo, o seu plano de fuga com Edgar, para finalmente ser feliz, longe das regras e ao lado do homem que amava.

- já está tudo certo, meu amor, - disse com sua respiração ainda alterada pelos beijos intensos que trocavam ali.- precisaremos ser cuidadosos ao extremo, para que nada dê errado, eu não saberia o que fazer se algo não desse certo, essa será a nossa única chance.

- chega de se preocupar tanto, nada vai dar errado, minha querida. Nós Já repassamos o plano diversas vezes, não foi? não vamos errar, tudo vai dar certo, esse casamento não irá acontecer, eu jamais iria permitir que você fosse de outra pessoa.- respondeu Edgar entre os beijos, ao mesmo tempo em que subia a barra do vestido de Hazel e sentia o toque macio da sua meia por cima da pele alva e quente.

- oh, Edigar, pare com isso! Nos não devemos...- disse ofegante, enquanto tentava se afastar um pouco mais do seu abraço, porém, a parede atrás de si, não permitiu que o fizesse.- não podemos ultrapassar os limites, pelo menos não ainda. Só mais um pouco, sim? Amanhã fugiremos juntos e nos casaremos na cidade vizinha, eu estou tão ansiosa por isso, eu te amo tanto!

- então, porque esperar se estamos juntos aqui, agora, meu bem? Por acaso não me ama o suficiente para confiar em mim? Venha, meu amor, não há o que temer, eu amo você. Acredita em mim, não acredita? Confia em mim? Hum? Prove que me ama Hazel.

Edigar retomou a aproximação de forma ainda mais quente e colou ainda mais o seu corpo ao de Hazel contra as paredes do estábulo. para a moça era difícil raciocinar direito naquela situação, era tudo tão errado e ao mesmo tempo parecia tão bom, sentia todo o seu corpo arder e derreter sob o toque exigente dele, como se cada toque daquelas mãos tão ousadas a inflamassem por inteiro, e ela já estava prestes a explodir.

- Edigar, estamos em um estábulo! Nossa primeira noite juntos deveria ser pelo menos em um lugar especial...- por mais que ainda buscasse forças ou motivos para protestar, sua voz já não passava de um sussurro fraco, e já não tinha tanta certeza de que precisavam mesmo parar.

- não seja tão mimada, Hazel, o lugar de nada importa, o que importa de verdade é o nosso  amor.

Por que a voz daquele homem conseguia penetrar tanto na sua mente? Ele era capaz de desestabilizar seus argumentos e já não tinha certeza de que aquele lugar era tão desadequado assim. seu corpo inteiro se rebelava contra a sua razão e ela estava prestes a se render ao desejo que a consumia.

Seus encontros nunca haviam ido tão longe antes disso. As vezes, quando Hazel conseguia fugir do olhar dos pais, os dois se encontravam em algum lugar reservado do jardim, ou dentro da carruagem que Edgar dirigia. certa vez, quando conseguiu despistar a sua dama de companhia no parque, se beijaram muito rapidamente atrás de uma árvore, Mas, sempre sob a luz do dia, e em momentos breves, por medo de serem descobertos.

Dessa vez, no entanto, Edigar a convenceu a sair de uma forma arriscada, na calada da noite, sob o pretexto de que precisariam de mais tempo e privacidade para recapitular os planos de fuga, que por sinal, já seriam para o dia seguinte.

E agora, estavam lá, na escuridão do estábulo, sem recapitular plano nenhum, enquanto as mãos do mais novo cocheiro da família  Stafford passeavam avidamente pelo seu corpo e agora subiam ousadamente por baixo do seu vestido. E naquele momento Hazel estava tão fora de si, que teria cedido a tudo o que Edigar quisesse, Sem pensar no amanhã.

Rapidamente, Edigar ergueu de uma vez a saia do vestido da jovem dama, sem parar de beija-la e sem lhe dar tempo para protestar. Ela agora estava ao mesmo tempo, ansiosa e assustada, queria parar e ao mesmo tempo temia decepciona-lo de alguma forma, ou agir como se não o amasse o suficiente. Neste momento, um som diferente chegou aos ouvidos de Hazel, que tomou um susto imediato, mas Edigar pareceu não notar seu susto ou o barulho do lado de fora.

- ei, Ed, eu ouvi um som estranho. - sussurrou preocupada, mas Edigar continuava tocando o seu corpo e parecia não estar absolutamente preocupado. - Edgar, eu falo sério.

Nesse momento o som se aproximava ainda mais alto e Hazel teve certeza de que não estava criando coisas ou enlouquecendo, os dois seriam pegos no flagra e sua vida estaria arruinada. Ela agora estava paralisada de medo, parada como uma estátua de gelo, e todo prazer que sentira antes se discipou em questão de segundos, dando lugar a um Pânico que a fez estremecer, enquanto isso, o seu amante ainda parecia alheio a toda situação e não dava nenhum sinal de que iria se afastar dela, como se não conseguisse perceber mais nada além das suas pernas expostas, com sua saia ousadamente levantada.

- Edgar!- Hazel não podia gritar, mas o  repreendeu seriamente e o empurrou com toda força que tinha.- escute!

Os dois já estavam a algum tempo na Escuridão, e a visão de ambos já havia se adaptado ao escuro, por isso, mesmo sem luz no local, Hazel notou o olhar aborrecido do rapaz quando o empurrou, e também notou que logo mudou para um olhar de preocupação quando por fim se atentou ao barulho que agora parecia bem próximo de onde estavam.

o coração da jovem dama, disparara ainda mais. Quem quer que fosse, que estivesse se aproximando, não poderia vê-la, não poderia sequer sonhar que ela esteve ali, ou seus planos de fuga estariam arruinados e juntamente com eles a sua felicidade futura, seria a sua desgraça.

Em silêncio, Edigar a puxou pela mão e a fez entrar em uma antiga carruagem, que precisava de reparos e por isso estava encostada no estábulo há algum tempo. Em outros tempos, o rapaz até se queixara com o mordomo, para que o mesmo desse ordens e alguém a retirasse logo de lá, pois tomava muito espaço no lugar, mas agora estava realmente aliviado por tê-la alí a tanto tempo e agora lhe serviria perfeitamente como um esconderijo para senhorita Hazel. A moça entrou lentamente, e apesar da pouca luz, sentiu a poeira acumulada naquele local sob os seus dedos. Mal entrou completamente na carruagem e ouviu os passos, dessa vez já no Interior do estábulo, e em seguida uma voz melodiosa.

- Ed? O que faz aqui a esta hora, ainda por cima neste escuro?- perguntou uma das servas da casa, que entrava com uma pequena lamparina acesa. Para Hazel dentro da carruagem, não passou despercebida a forma íntima como a jovem tratou Edigar.

- Maire, que bom que chegou com uma luz! Eu ia voltar agora mesmo. A senhorita Stafford precisará sair amanhã bem cedo e eu ia adiantar o serviço e separar algumas selas, mas deixei minha vela cair e se apagou no chão.

Maire? Então ele também a trataria assim, de forma informal?

- mas eu estava te procurando...- disse a mulher com a voz ainda mais afetada.- hum, neste caso, podemos aproveitar que já estamos aqui e...

Porque estava procurando ele? Aproveitar que já estavam lá?

- não, Maire! Me desculpe por ser grosseiro, mas precisamos sair daqui imediatamente, este lugar está completamente infestado de baratas a noite!

- oh, não! Ah! Então Por que não me disse isso antes, sabe muito bem que eu tenho pavor dessas asquerosas, Ed!

Sem precisar falar duas vezes, os dois saíram o mais rápido possível do estábulo, deixando Hazel assustada, na maior escuridão, pensando se as baratas eram apenas uma forma de Edigar assustar a outra jovem para saírem mais rapidamente ou se de fato elas estavam por lá, rastejando no escuro. Devagar o suficiente pra não esbarrar em nada no escuro e chamar a atenção de alguém sobre si, mas, também rápido o suficiente pra não ter que lidar com uma barata horrorosa sozinha, Hazel saiu do interior da carruagem velha e também do estábulo. tentou se recompor o melhor que pôde, baixando a saia direito e reforçando o coque que havia se desfeito, pra o caso de cruzar com alguém no caminho. Após se certificar de que não havia mais ninguém do lado de fora ela se esgueirou entre as sombras da noite até atravessar todo jardim e conseguir chegar em casa novamente.

De forma silenciosa, entrou pela porta dos fundos e caminhou praticamente na ponta dos pés até chegar em seu quarto. Ainda teria que conversar com Edgar sobre a sua relação com aquela criada sem modos, mas, de toda forma partiriam no dia seguinte e ela seria deixada para trás, então não havia motivos para sentir ciúmes. Ou tinha?

Olhando a sua mala arrumada, no canto do quarto, ela sentiu seu coração se apertar, por tudo o que estava prestes a deixar para trás, mas, também sabia que não haveria outra escolha para a sua vida, seus pais jamais permitiriam que vivesse o seu amor, além disso, no dia seguinte o seu noivo deveria finalmente estar chegando ao condado, e todos os preparativos para o seu casamento já estavam prontos. Não, não teria outra alternativa.

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