5 -Você sabia que nosso chefe te olha quando você não está olhando?

Meu dia seguiu, sem maiores problemas. Finalizei minha coluna sobre restaurantes e seus pratos inusitados, pronta para uma nova missão.

Zachary não me dirigiu mais a palavra, e eu, não mais o avistei. Depois que falei aquelas coisas, me senti melhor. Tanto que no almoço comi bem, coisa que eu não estava fazendo desde que ele tinha atropelado minha vida profissional e emocional.

À tarde veio a consultora. Nos levou para uma sala, onde foi colocado um grande espelho e uma arara com uma grande variedades de roupas de festa.

Priscila escolheu um vermelho glamoroso, bem chamativo para o meu gosto.

Eu fitei todos e acabei escolhendo um preto, igual meu humor negro. Ele tinha um caimento bonito, um clássico tubinho, decote quadrado, um pouco acima dos joelhos, parecido com o meu, o único detalhe diferente, era que ele era revestido na parte de cima de pedras pretas, poucas, mas que davam um toque a mais para a noite. Eu nem precisaria usar a echarpe que eu tinha separado.

Escolhi um sapato fechado, lindo, com um salto médio. Preto. As pedras encrustadas nele, nas bordas, combinavam com o vestido.

Antes do meu horário, fui para a escolinha e peguei Jonathan mais cedo. Para a alegria dele, fomos para a casa de minha mãe.

Enquanto ele se divertia com Joby, passei uma tarde gostosa com ela. Entre bolinhos e café.

À noite demorei para dormir. Estranhei a cama diferente. Jonathan ao contrário, capotou logo.

No dia seguinte, me levantei cedo e me despedi de mamãe. E fui até Jonathan e lhe dei um beijo.

Peguei meu carro e fui para a casa. Coloquei o carro no meu quintal, que eu fazia de garagem e no espaço reduzido abri a porta dele e pegando o vestido, entrei em casa.

Tomei um banho e me arrumei. Vesti roupas sérias de trabalho. Saia preta e uma camisa branca de mangas compridas. Ergui um pouco os punhos para dar um ar mais descontraído. Calcei sapatos de salto médio, fechados. Fiz uma maquiagem leve e levei para a sala minha mala e o vestido embalado.

Não demorou muito a Limusine parou em frente ao meu portão. Peguei a mala e o vestido e sai para o quintal. O motorista veio me ajudar a carregar tudo para o carro.

Tranquei a casa. O senhorzinho grisalho, depois de guardar minha bagagem, abriu a porta para eu me sentar. Sebastian e Priscila me aguardavam. Sentei-me, de frente a eles no banco de couro negro.

—Bom dia! —Eu disse com um sorriso para os dois.

Priscila abriu um sorriso.

—Bom dia!

Sebastian acenou para mim. Ele era um rapaz novo, tinha vinte anos, muito introspectivo. Talvez por isso ele tenha se dado bem com a fotografia, era um bom observador.

Enquanto a Limusine deslizava pelas ruas, pois dentro dela era essa impressão que eu tinha eu encarei aqueles dois. Priscila sorrindo de orelha a orelha. Sebastian calado.

—E aí, está animada? —Priscila me perguntou com um sorriso. Esbanjando vitalidade.

—Pela festa, ou por conhecer o ator pessoalmente?

—Por tudo. Pela festa, pelo ator. Ele parece ser um sujeito apaixonado, atencioso e quente como o inferno.

Quando Zachary e eu terminamos num espetáculo de humilhações, eu estava esperta com os homens. E ator? Não, obrigada!

— Se você gosta desse tipo de homem, onde todas as mulheres cobiçam. Mas lembre-se o que nosso chefe disse: profissionalismo, acima de tudo.

Priscila sorriu debochada.

—Você reparou que esse alerta foi para você? Você sabia que nosso chefe te olha quando você não está olhando?

Ouvir isso, para mim foi surpresa.

Pelo menos mudou. Antes me olhava abertamente com adoração, me elogiando, faminto. Agora só quando eu não estava olhando.

— Ele me olha como? —Perguntei curiosa.

—Ele te observa, te olha sério, pensativo.

Deve ser a consciência pesada. Pensei.

—Verdade?

—Você é muito bonita, Maria Eduarda. Embora tenha olhos verdes, você tem muito das brasileiras. Bem latina, com esses olhos grandes e esse bocão.

—Credo, você me descrevendo assim, me sinto uma caricatura ambulante de alguém.

Priscila riu.

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