Capítulo 5

Dias depois...

Acordo cedo me preparando psicologicamente para enfrentar Bennett Hugh, melhor fosse que esse homem mal caráter não estivesse por lá, mas temos que nos preparar para tudo, então estou mentalizando um mantra do bem para que tudo dê certo.

Sabe quando você tem aquela estranha sensação de que tudo vai vir por água abaixo e de que você vai tocar o terror quando deve ser a dama bem vestida e educada?

É exatamente assim que me sinto ao imaginar enfrentar de frente um Hugh.

Claro que pouco me importo se ele vai gostar ou não quando eu falar umas belas verdades em sua cara, mas é aí que está o problema. Tenho que me segurar não por mim ou pelo fato dele ser um dos homens mais influentes do mundo dos negócios, conhecido por sua inteligência imbatível e seu mal humor diário, mas sim por Samuel que espera ver a mãe e se redimir com ela.

Sorrisos, abraços e elogios não estão incluídos na lista de Bennett, ele é simplesmente um homem mal caráter, sinceramente não o conheço muito bem, só escuto os comentários e leio as fofocas que saem nas revistas a respeito do senhor do entretenimento digital. O que na verdade para mim não faz diferença nenhuma, pois sempre achei ele um ridículo que gosta de se aparecer, agora então ao saber o que fez com Sam só me faz ter vontade de acertar seu belíssimo e escultural nariz com um soco.

Isso seria agressão a um idoso e possivelmente eu seria detida, mas para minha sorte Samuel é advogado, então essa ideia é bem cabível na minha maravilhosa lista de como ferrar o senhor Hugh, não que passou a minha mente uma lista como essa... jamais.

Rio sozinha com meus pensamentos malucos e importunos.

Olho no relógio e já está quase no horário de Samuel chegar, como sei que ele é um homem que não se atrasa já deixei Rodrigues avisado para deixá-lo subir.

Tento tirar os pensamentos de como me portar ou não diante da família de Samuel, tentando me concentrar nos afazeres do meu café da manhã.

Quando termino de pôr a mesa escuto uma leve batida na porta indicando que o meu belíssimo homem a quem amo tanto havia chegado.

Vou até a porta e me surpreendendo ao ver o quão despojado ele está. Uma calça jeans clara, um cardigã azul escuro e um tênis. Seus cabelos loiros estão bagunçados e molhados, deixando-o mais sensual, sua barba que estava crescendo agora está bem aparada emoldurando seu lindo rosto e marcando seu queixo.

Seus olhos azuis se acendem ao me observar e sorrio timidamente convidando ele para entrar. Essa é a primeira vez que ele entra no meu apartamento e sinceramente me sinto um pouco envergonhada de revelar meu espaço pessoal a ele.

É como se analiticamente ele visualizasse meu interior com seus belíssimos olhos sedutores.

— Bom dia! — Abro passagem para que ele.

Sem responder ele entra passando a mão envolta da minha cintura puxando meu corpo contra o seu colando nossos lábios.

Surpresa, pois esse ato para mim é inesperado e repentino, envolvo meus braços em seu pescoço retribuindo o beijo.

Com ele os gatilhos negativos que me assombram são quase nulos, os meus medos e hesitações são esquecidos pela confiança que ele me passa, pela sua demonstração de carinho e amor. E por saber que ele preza minha segurança acima da sua, afinal ele já havia provado isso quando me salvou das mãos de Philipe e Adam no passado.

Samuel é intenso... intenso e extremamente sensual.

Ele se afasta esfregando o nariz em minha têmpora dando leves beijos em minha bochecha.

Apesar de aparentar uma calma exorbitante sua musculatura tensa indica que ele está preocupado com o que viria a seguir.

— Você está bem? — Acaricio seu rosto em sinal de conforto.

Pensativo e magoado ele assente receoso sem saber exatamente a resposta para aquela pergunta.

— Vai dar tudo certo Sam, vem vamos tomar café da manhã e depois vamos ver sua mãe. — Seguro sua mão puxando-o para a cozinha.

Ele se senta enquanto pego o suco dentro da geladeira, deixando-o sobre a mesa, me sirvo de café e ele opta por um copo de suco de laranja natural.

Comemos em um silêncio agradável, mas o clima ao redor de Samuel está visivelmente instável. Ele aparenta calma, mas seu corpo e seus movimentos rígidos demonstram sua tensão.

E eu sei que nesse momento ele trava uma árdua batalha interna sobre o que é certo ou errado. Já passei muitas vezes por isso, não nas mesmas condições que ele, mas consigo compreendê-lo perfeitamente.

Terminamos de comer e coloco a louça na lava-louça. Seguimos para o hospital onde a mãe de Sam se encontra internada, mas a verdade é que somente agora percebo que não sei qual doença está afetando a sua saúde e apesar de querer saber os detalhes prefiro evitar tocar no assunto para não deixá-lo ainda mais triste e apreensivo.

Ele segura o volante do carro com força fazendo todos os músculos do seu braço se sobressaltarem, seus olhos azuis perdidos em pensamentos não desviam da estrada que leva a Oxford.

Mordo os lábios preocupada com o que poderia acontecer nesse encontro indesejável. Não quero ver Samuel machucado e só de pensar nisso meu coração se aperta.

Passo suavemente as mãos por seus braços fazendo a tensão em seus ombros diminuir gradativamente, abrindo um sorriso sincero ele me encara por alguns segundos.

— Obrigada por estar aqui. — diz, soltando uma de suas mãos do volante para segura a minha.

Seguimos assim o resto do caminho o clima pesado se dissipa até chegarmos em frente ao hospital. A cada passo em direção a entrada seu corpo se enrijecia e ao passarmos da porta ele parecia outra pessoa.

Samuel aperta seus dedos entorno de minha mão em busca de conforto e confiança e isso é o que tento passar para ele.

Vejo que vários olhares se direcionam a ele mais ele está tão focado em chegar a recepcionista que não percebe o impacto que causa nas pessoas ao seu redor.

Não culpo nenhuma das mulheres que o olham com desejo, com sua beleza exuberante seria estranho chegar em um lugar e ninguém voltar seus olhares sedentos e desejoso para um homem tão belo.

— Em que posso ajudar? — a recepcionista pergunta em um tom profissional.

— Visita para Lauren Rizzon Hugh.

— Um momento por favor.

Digitando rapidamente faz algumas perguntas que deixa Samuel impaciente.

— O nome completo por favor? — ela finalmente pergunta o primordial.

— Samuel Rizzon.

— Pode se dirigir ao corredor a sua esquerda, ela está no quarto andar quarto 405. — Indica o local ao nosso lado.

Automaticamente Samuel fecha sua feição seguindo para o corredor enquanto apertava os dedos da minha mão fortemente.

Fecho os olhos suspirando e a cada passo que damos seu aperto se intensificava e isso está começando a me incomodar. Fico quieta até o elevador chegar para nos levar ao quarto andar.

Ao chegar no quarto andar paro abruptamente no meio do corredor o encarando com os olhos lacrimejados.

— Desse jeito eu vou perder minha mão. — Rapidamente ele solta meus dedos, o alívio é instantâneo.

— Desculpe. — Passa as mãos nos cabelos envergonhado, faço um biquinho mexendo os dedos para ter certeza que eles ainda funcionavam.

— -Vai dar tudo certo. — Repito aquelas palavras de conforto mais para mim do que para ele sem saber se realmente elas são reais, mas os efeitos delas são positivos em sua feição.

Parando em frente a porta do quarto fica a encarando por longos minutos, não discuto e nem questiono deixo que ele se sinta preparado para entrar.

Foram anos sem ver a mãe e encontrá-la em um leito de hospital à beira da morte não é um dos encontros mais desejáveis, tanto para ela quanto para ele.

Cuidadosamente ele posiciona as mãos na porta, puxando-a e revelando uma senhora loira de olhos azuis cansados e sofridos, uma aparecia debilitada e triste, magra com profundas olheiras que lhe deixam com aparência de uma pessoa idosa, mas que provavelmente deve ser mais jovem do que aparenta.

Percebo o baque que Samuel leva ao ver a mãe nesse estado e entrelaço meus dedos nos seus gentilmente. Ele segura minha mão caminhando pelo quarto em silêncio a observando.

— Samuel — sua voz hesitante e embarga faz meu coração se apertar.

Paralisado ele continua encarando a mãe, que deixa as lágrimas banhar seu rosto cansado.

— Mãe — murmura baixinho com a voz rouca e cheia de dor.

Seus intensos olhos azuis são iguais ao do filho e uma porção de lágrimas caem desses mares azuis. Trêmula, ela levantando a mão que está conectada ao soro em direção ao filho, chamando-o para perto.

Permaneço em silêncio observando aquela cena com o coração em pedaços engolindo o choro e sendo forte por mim e por ele.

Samuel aproxima o rosto de sua mão até que ela possa encostar seus finos e delicados dedos em seu rosto.

— Meu menino eu senti tanto a sua falta — fala entre soluções.

Ele entrelaça seus dedos dos delas dando vários beijos em sua mão enquanto fecha os olhos fortemente sentindo e gravando a presença de sua mãe em seu coração.

Decida a dar privacidade aos dois me retiro da sala desabando em lágrimas ao fechar a porta atrás de mim, encosto na porta deixando que esse aperto no peito se esvaia com as lágrimas que caem.

— Você está bem? — Tenho um sobressalto ao observar o homem de terno alinhado e bem cortado que me encarava com preocupação.

Ele é alto e tem olhos azuis como o oceano, são mais claros que o de Samuel mais a intensidade  é igual. Cabelos negros jogados para o lado e aquela típica barba por fazer, um homem sensual que exala poder e riqueza em seu modo de se vestir.

— Estou — respondo me afastando da porta.

— Infelizmente o câncer está tomando seu pulmão esquerdo, por isso ela está tão debilitada. Você deve ser uma de suas alunas de música certo? Quer um pouco de água? Você parece bem abalada. — Ele oferece a garrafinha fechada.

Recuso educadamente achando estranho toda aquela preocupação, mas me surpreendo ao descobrir que sua doença se trava de um câncer.

Insistindo ele abre a garrafa colocando em minhas mãos e eu acabo tomando um pouco fechando a garrafinha logo em seguida.

— Ela é uma mulher maravilhosa, vai passar por tudo isso e ficar bem. — Ele sorri gentilmente para mim.

— Sim ela vai. — Suspiro tentando não me aproximar muito do homem a minha frente que aparenta problemas.

— O câncer nesses últimos tempos tem se agravado, mas o médico ainda tem esperanças de que ela possa se recuperar e sair dessa. — Ele toca meu rosto afastando uma mecha do meu cabelo que insiste em cair.

Automaticamente me afasto assustada, sentindo um calafrio de medo percorrer minha espinha. Ele observa meu movimento surpreso e coça a cabeça desviando o olhar me fazendo lembrar Samuel, franzindo as sobrancelhas pergunto.

— Qual o seu nome?

— Oh, me desculpe esqueci de me apresentar — estendendo a mão diz. — Izac Hugh muito prazer.

O calafrio na minha espinha volta com uma intensidade avassaladora me causando uma leve taquicardia.

Ele é o irmão de Samuel, droga é mais que óbvio, eles são a cópia um do outro a única diferença é a cor dos cabelos.

Sorrindo tento disfarçar meu desconforto, mas seus olhos analíticos me observam desconfiados.

— Prazer, Katy Clarkson. — Aperto sua mão rapidamente a soltando.

Ele me observa sorridente e animado.

— Vem vamos entrar.

— Não — grito, ele se afasta surpreso. — Sabe é que eu queria agradecer a água. — Sorrio me sentindo uma idiota ao falar sobre a água, mas precisava mantê-lo longe do quarto o quanto eu conseguir.

— Que isso, você parecia estar precisando.

Sempre que ele se aproxima da porta eu entro em assunto qualquer sobre flores e filmes preferidos. Ele parece gostar de saber das coisas que eu gosto, então aproveito o momento para tentar dar mais espaço a Samuel, ele precisa ficar com a mãe e assim acabamos embalando um longo assunto que para mim é entediante.

A porta do quarto se abre repentinamente atrás de mim revelando quem no momento eu queria que ficasse lá dentro.

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