TRINTA ANOS ANTES…...

A vida, essa avalanche de grandes farsas e grandes verdades,

Nos convida para dançar...

TRINTA ANOS ANTES…...

     Nilo está trabalhando no quintal, chega a filha de um amigo, em cima de um cavalo e pede que a ajude, pois sua família acaba de ser assassinada.

     Seu Nilo, entraram em nossa casa e mataram a todos, quando cheguei da escola estavam todos mortos, me ajude por favor.

     O vizinho pergunta, incomodado, com a situação:

     Como assim?

    Fui para a escola, quando voltei encontrei a casa aberta e todos mortos lá dentro.

     Espera um pouco aí, diz ele, entra em casa se arma, encilha o cavalo e diz:

     Vamos até lá.

     Ao chegarem a casa, tudo está aberto, a mãe da moça está na cozinha de bruços no chão, em uma poça de sangue, o pai na frente da casa, de costas, caído com sangue por todo lado.

     Ao entrar nos quartos, os irmãos menores da moça no berço, em meio a muito sangue.

     Uma cena para assustar qualquer um.

     A moça não tem ideia do que ocorreu.

     Nilo, sai da casa, monta no cavalo e vai buscar a polícia, mas aconselha a moça a ir junto, pois quem fez aquilo, pode voltar para terminar o serviço e matá-la também.

     A cidade inteira fica sabendo.

     A igreja toca o sino, informando que alguém da cidade morreu.

     Ao chegar à delegacia o homem informa a polícia que a moça apareceu em sua casa a alguns minutos dizendo que acabara de voltar da escola e que achou toda sua família morta.

     Os policiais acompanham os dois até a casa e pedem a moça que fique perto dos policiais, para não correr perigo.

    Senhor meu, como o senhor consegue ter tanta calma, diz o delegado a Nilo, que entra na casa e mostra o que vê, sem tocar em nada, sem demonstrar medo ou incômodo com a cena.

     O vizinho, responde, tem de ter sangue frio para socorrer alguém.

     Senhor policial, durante o trajeto a cavalo eu cronometrei o tempo da minha casa, a casa do

vizinho, e o tempo, de ida, até a cidade, onde fica a escola da menina, que deram respectivamente esses tempos aqui.

     O senhor observou que a blusa debaixo da moça tinha sangue.

     Não tenho certeza, mas penso que essa moça está envolvida nesse crime bárbaro, se eu demonstrasse medo ela poderia me fazer algum mal também.

     Não se preocupe, diz o delegado, cada passo dela está sendo observado.

     Ela está parecendo muito mais calma que o senhor.

     Uma jovem inocente e inofensiva estaria aos gritos e chorando muito, com essa cena macabra, a jovem está muito calma.

     Só o que temos aqui, é improvável que tenha sido praticado por uma só pessoa.

     Vamos fazer os exames corpo delito, e ver onde nos leva.

     A polícia técnica chegou, os bebês foram, além de mortos, esquartejados depois.

     O dono da casa foi baleado na frente da casa, com muitos tiros.

     A esposa morreu na cozinha esfaqueada.

     O horário da morte do casal e das duas crianças pela perícia foi o mesmo, como se tivessem três a quatro pessoas na casa, cada um matando um, em sincronicidade.

     E além do mais todos foram mortos de forma diferente.

     Um a bala, outro a facada, um bebê estrangulado, e do outro foi quebrado  o pescoço, com um golpe de arte marcial.

     As crianças foram esquartejadas posteriormente.

     Sendo uma delas com precisão cirúrgica e a outra, foi um esquartejamento, sem nenhuma técnica.

     O que leva a crer que cada pessoa foi morta por uma pessoa diferente.

     Os parentes da moça estão uma pilha de nervos, na delegacia, que vem para saber informações, pois ninguém teve coragem de ir ver a cena pessoalmente, pois a conversa que a cena é macabra.

     O que leva a polícia a observar ainda mais a sobrevivente da família, pois se comporta de uma forma muito diferente do que se espera, por toda a cena que foi presenciada ali.

     Até os policiais ficaram impressionados com a cena, embora sejam acostumados a ver cenas semelhantes.

     Os policiais começam a investigar e ficam sabendo que a moça realmente assistiu aula no dia.

     Só que a hora da morte, da família pelo laudo, dá condições de a moça a cavalo chegar com folga a casa.

     A filmadora da escola mostra a jovem vindo a pé, na rua da escola e saindo da escola.

     Ninguém vê o cavalo da família, no horário, da escola, nem próximo a ela, pelas câmeras de segurança, tão pouco algum carro, moto ou bicicleta por perto.

     A família cogita a ideia de a moça ter se abaixado e sujado a blusa para conferir as mortes ao se aproximar da casa, pois mais de um notou o sangue em sua blusa debaixo.

     A polícia, então, começa os trabalhos de perícia na casa, libera os corpos para o IML, instituto médico legal, e um detetive fica destinado a observar cada passo da moça, enquanto os policiais quebram sigilo telefônico da família, da moça e de amigos da moça.

     A situação vai ficando cada vez mais estranha.

     Quando os policiais se deparam com um paiol que a moça entra sempre.

     A casa da fazenda é muito grande e tem uma casa menor que seria do caseiro, onde a moça fica instalada, durante a investigação policial, na casa principal, que tem o acesso restrito à polícia.

     O investigador que a observa, vê que ela vai para a escola e volta e continua a vida como se nada tivesse acontecido nos dias que se seguem à morte dos pais e irmãos.

     Sempre rodeada de amigos e familiares, que estão com pena da moça.

     Quando se vê sozinha, ela vai para um celeiro, atrás da casa, o que chama a atenção do investigador, que resolve ir até lá e olhar o que tem no celeiro.

     Entre materiais agrícolas, e grãos colhidos, ele acha um altar, com fotos não só dos mortos na casa, como de muitas outras pessoas, e livros que contam resumos da vida de casa fotografado.

     O estranho, é que algumas pessoas pertencem a família, outras não, todas foram mortas de forma violenta, tem alguns que o crime foi solucionado, outros não.

     O que ela quer com tudo aquilo?

     Está pensando Otto, quando percebe, que além das fotos, tem roupas, em caixas ali, com os mesmos nomes.

     São souvenirs, de um ou de uma psicopata?

     Vai haver um casamento no sábado  de manhã, na cidade, de uma conhecida da moça, ela se prepara para ir.

     Todos têm a impressão que a moça já se recuperou da morte dos familiares, o que incomoda a todos.

     Afinal, faz tão pouco tempo.

     Alguém a questiona de como ela está se sentindo com o ocorrido e ela responde:

     Todos, por aqui tem um horário marcado, para partir, só que ninguém sabe qual será a sua própria hora, temos de viver, enquanto temos vida.

     A pessoa insiste e pergunta se ela consegue se manter nessa calma, quando está na fazenda, sabendo de tudo o que lá ocorreu.

     Ela responde, que é tudo o que ela tem na vida e que não tem para onde ir, ela vai ter de se acostumar com a ideia goste ou não.

     E que aos poucos, tudo vai se encaixando, e ela está tendo a resposta dos porquês de tudo, como foi e por que foi.

     Após a festa, ela vai para casa, com um sorriso nos lábios.

     O detetive que estava livre para entrar no celeiro, faz mais uma visita, enquanto ela está fora, e encontra um pequeno caderno, parecido com um diário, e fotografa cada página, para ler depois que a moça se recolher.

   

     Dentro do caderno tem uma foto de cinco jovens, ela no meio de quatro rapazes, o detetive fotografa a foto, com o celular.

     Ele terá tempo de olhar atentamente os rostos e verá um que ele tem a impressão que conhece.

      Ao ler o caderno, ele começa a descobrir vários segredos da família, tanto dos pais da jovem, quanto dela.

     Em uma certa altura, ela encontra o nome dos jovens na foto, escrito num dos relatos do caderno.

     Um desses nomes chama atenção do detetive, que o pesquisa.

     Ele fora preso a alguns anos depois de ter matado os pais e os esquartejado, com requintes de crueldade, e precisão cirúrgica.

     O detetive, começa a montar o quebra-cabeças, então.

     Resolve colocar a foto no computador e fazer o reconhecimento facial, para ver os outros se são conhecidos da polícia brasileira, todos tem ficha policial, todos por crimes hediondos.

     Como aquela moça conheceu os dois?

      A leitura do caderno esclarece, que todos, inclusive os pais da moça, faziam parte de uma seita com rituais macabros, para obtenção de poder e dinheiro, a moça também fazia parte, apesar da tenra idade.

      O detetive cruza os dados e percebe que três deles têm mortes semelhantes às que aconteceram na casa, um deles comete crimes diferentes daqueles ali encontrados, então a quarta pessoa, não pode ser ele.

     Seria ela?

     Agora é colher as provas e ver onde estava cada um no dia da morte da família.

     Um deles estava preso, justamente aquele que não parecia estar envolvido na situação, tudo se encaixa.

     O detetive, segue com a leitura e descobre porque os pais da moça foram mortos, eles foram parte de um ritual onde algumas pessoas foram mortas e foram reconhecidos por um familiar de uma das pessoas, e os marginais resolveram eliminar o arquivo.

     O planejamento da ação está todo no caderno.

      As crianças foram oferecidas num ritual, que depois de esquartejadas, eles beberam seu sangue.

      Eles então são presos para averiguação, inclusive a moça, que ao ser presa, sorri e diz que não ficará presa por muito tempo, pois os seus “protetores” espirituais, atraídos no ritual, viram tirá-la da prisão.    

      Aí é a vez dos policiais rirem.

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