Gabriel ainda estava de pé, os olhos estreitados diante das palavras de Breno Ramírez. Sabia que o pai escondia algo importante, mas a resposta demorava, e sua paciência se esgotava. — Por quê? — exigiu, cortante. Ele ecarando o filho tentou falar algo:— Gabriel, preciso primeiro… — Perguntei por quê, senhor Breno Ramírez? — repetiu, a voz carregada de desconfiança. — E não tente me enrolar, não sou um investigador atoa. Conheço mentiras a quilômetros de distância. Se inventar algo, vou saber! Breno suspirou, passando a mão pelo rosto enrugado. Ergueu os olhos para o filho, e um tom melancólico e rouco tomou sua voz: — Você conhece mentiras, Gabriel… mas saberia reconhecer uma verdade se estivesse diante de uma? Gabriel franziu a testa, a raiva dando lugar a uma hesitação fugaz. — Do que está falando, Breno? O homem recostou-se na cadeira de rodas, um suspiro pesado escapando-lhe: — A verdade, filho… Quer mesmo saber? Estou morrendo. Os médicos me deram apenas mais
Malú não conseguia desviar o olhar de Breno. Mesmo em poucos dias desde que o vira pela última vez, sua aparência parecia ter mudado. Ele estava ainda mais pálido, mais frágil, como se o peso dos anos e da doença tivesse avançado rapidamente sobre ele. Era estranho ver aquele homem, que, segundo Gabriel, fora um dia tão imponente. Mas ela não se deixou comover tão facilmente.Virou-se para Gabriel, séria, a voz carregada de ressentimento.— Ravi jamais teria deixado você me trazer aqui se soubesse para onde estava me levando — afirmou. — Você sabe muito bem que a presença desse homem não me faz bem.Gabriel sustentou o olhar da irmã, mantendo-se firme.— Ouça, Malú… Apenas dê uma oportunidade para ele. Escute-o com atenção. Depois, se quiser julgá-lo, julgue-o como quiser, e se quiser me odiar por isso, tudo bem, terei que aceitar. Mas eu precisava fazer isso, minha irmã, e só entenderá por quê quando o ouvir.Ela permaneceu em silêncio, cerrando os punhos ao lado do corpo, enquanto
Algum tempo depois, com ambos conversando mais tranquilamente, Breno Ramírez, já mais aliviado, mostrou a Malú tudo o que guardara de Sofia: fotos, cartas, lembranças que mantinha com carinho, como se ainda tentasse honrar o amor perdido. Naquele momento, Gabriel entrou no escritório com May no colo. A pequena parecia curiosa com o ambiente novo e, ao ver Malú, estendeu os bracinhos. Breno olhou para a menina e perguntou, sorrindo: — Não me diga que essa é a outra filha de Sofia? Malú sorriu, a expressão refletindo a paz de um coração que finalmente cicatrizava: — Sim, pai. Ela é nossa irmãzinha. Esta é Maila. Breno sorriu com ternura, aproximando-se para fazer afagos em May, que o encarava com olhos brilhantes de curiosidade. Gabriel, intrigado com Malú chamá-lo de "pai", arqueou uma sobrancelha: — Pai? — Sim, Gabriel. Pai… nosso pai. O sorriso de Gabriel alargou-se. Movido pela felicidade do momento, abraçou Malú e Breno ao mesmo tempo. — Nossa, Malú… Não i
Enquanto isso, dentro do carro, Malú estava tão nervosa quanto Ravi. Seu coração batia acelerado, as mãos suavam, e a ansiedade ameaçava dominá-la. Quando chegou à porta da catedral e ouviu os primeiros acordes da marcha nupcial, sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos — não de medo, mas de gratidão por aquele momento tão sonhado. Antes que pudesse ceder à emoção, Olga sussurrou ao seu lado, segurando-lhe o véu com carinho: — Agora não, querida! Olha a maquiagem! Malú riu entre lágrimas, respirando fundo. O ar carregava o perfume das flores do bouquet, e o sol dourado da tarde banhava a entrada da capela como um sinal de benção. Ela então segurou firmemente as mãos de Eduardo e Breno Ramírez, decidida a entrar com os dois. Eduardo, o homem que ajudara a moldar Ravi no marido amoroso que ele era hoje, e Breno, seu pai biológico, que, mesmo tardio, encontrara redenção. Juntos, simbolizavam o passado e o futuro se unindo em harmonia. Quando finalmente começou a caminhar pelo
Muito tempo depois que todos os convidados foram para a pista de dança, Malú conversava animadamente com as mulheres, incluindo Diana, Luna, Miriã e Natália, agradecendo a todas pela decoração maravilhosa que a ajudaram a escolher. À distância, porém, ela sentiu o olhar intenso do marido fixo nela. Seu vestido de noiva, suave e com as costas nuas, parecia hipnotizá-lo, e Ravi a observava com um desejo tão evidente que Malú corou. Ela tentou disfarçar, mas ele, bebendo champanhe, sorriu de modo malicioso ao notar seu constrangimento. Heitor aproximou-se dele e disse, em tom brincalhão: — Irmão, em vez de gravata, devias ter comprado um babador. Se continuar assim, vai manchar esse terno Armani impecável! Ravi riu, tentando manter a compostura: — Está tão óbvio assim, Heitor? — Que és louco pela tua esposa? Quase tão óbvio quanto eu por Natália! Os dois trocaram um sorriso cúmplice, observando as respectivas esposas com admiração. Gabriela, Fernanda e Camila se juntaram
Sorrindo e sentindo-se bem melhor, Luna acariciou o rosto de Cristiano, beijou-o com carinho e disse: — Prometo que, se sentir algo estranho, aviso. Mas, para provar que estou bem, te convido a dançar. — Luna… minha princesa, tem certeza? — perguntou ele, ainda preocupado. Sua mãe Diana também preocupada perguntou:— Você tem certeza minha filha que realmente está melhor?Ela sorriu e puxando seu marido disse:— Não se preocupe, mãe realmente me sinto melhor. — Depois olhando para o seu esposo disse: — Vem logo, seu bobo! Você sabe como adoro dançar com você. Além disso, como a Natália disse, esse é só o começo. Nosso pequeno ainda vai nos dar muitos sustos!Cristiano olhou para Miriã e Diana, que sorriram e acenaram em aprovação. Ele então seguiu Luna para a pista, encantado ao vê-la tão radiante, afinal amava ver o quanto ela evoluiu após o tratamento e quanto ela adorava sentir e espalhar sua felicidade a todos como nunca antes. Sim pois agora Luna não temia a felicidade — vi
Já fazia alguns dias que Malu e a pequena May estavam escondidas naquele pequeno apartamento. Malú sentia-se sufocada ali dentro, o cheiro de mofo e umidade que impregnava o ar, misturava-se com a poeira dos móveis velhos. As paredes descascadas pelo tempo eram de um cinza amarelado e deprimente, e a luz que entrava pela única janela era fraca filtrada por cortinas esburacadas e manchadas. À noite o silêncio era quebrado apenas pelos ruídos distantes da cidade, tornando aquele ambiente ainda mais opressor. Era um esconderijo sombrio, mas por hora seguro, além disso ela não tinha outra escolha. E tudo a assustava, visto que podia ouvir o som de passos ecoando em sua mente. Ou sentir ser observada e tudo isso a assombrava, até nos seus sonhos. Mas, o pior de tudo era acordar de seus pesadelos com a sensação repugnante toques, e um perfume familiar que estava impregnado em sua pele, e a terrível sensação de ser vigiada que não a abandonava, nunca era como um aviso de que ele estava s
Ela, ainda com a menina no colo, escondeu-se atrás de uma parede, enquanto via os homens mostrarem a sua foto para a moça, que disse: — Sinto muito, mas não posso dar informações dos hóspedes do hotel! — Essa moça não é uma hóspede — dizia um dos homens. — Acreditamos que veio procurar emprego aqui. — Sendo assim, quem poderá dar-lhes tal informação é somente Rony, o rapaz do RH! — disse um dos funcionários. Porém, enquanto olhava para frente, a moça avistou Malú, então apontou para ela e falou: — Vejam, não é a moça que procuram! Ao perceber aquilo, Malú ficou desesperada e pensou em correr para a porta da frente, porém, sabia que se saísse por lá, provavelmente havia outros lá fora à sua espera. Por isso, segurou a pequena May com força em seu colo, e correu na direção da área de serviço do hotel, com os homens em seu encalço. Ela não sabia para onde estava indo, mas continuou. Passou pela cozinha, onde o cheiro de carne grelhada e temperos pesados encheu seu nariz, e depois